Saúde Mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br Informação para superar transtornos e dicas para o bem-estar da mente Tue, 14 Dec 2021 02:30:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pensamentos intrusivos afetam mais pessoas com TOC e podem levar a abuso de substâncias, explica psiquiatra https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/#respond Thu, 25 Nov 2021 10:00:19 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/lu2-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1302 Os pensamentos intrusivos são involuntários e fazem a pessoa acreditar que vai perder o controle de alguma forma.

Eles não correspondem à realidade nem aos desejos de quem os vivencia. Geralmente dão a impressão que o indivíduo vai cometer um ato que considera abominável, como ferir outra pessoa ou a si mesmo. Ou, ainda, se ele fizer ou deixar de fazer alguma coisa, algo catastrófico pode acontecer.

“É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles”, ressalta a psiquiatra Flávia Batista Gustafson.

“Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns incluem pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo”, explica.

Apesar de poderem afetar qualquer pessoa, são mais comuns em quem tem transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático e especialmente TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

“Essas pessoas [com TOC] também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento”, conta Gustafson.

Com a pandemia da Covid-19 mais controlada e a volta do trabalho presencial e dos eventos sociais, é comum que pessoas que já tinham pensamentos intrusivos anteriormente fiquem mais vulneráveis a eles.

“Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente”, observa.

Sem um tratamento adequado, quem enfrenta esse fenômeno pode acabar recorrendo ao uso de álcool e outras drogas para tentar distrair a mente. “A pessoa se ‘medica’ com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas”, diz Gustafson.

“O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.”

Leia a seguir a entrevista com a psiquiatra.

O que são pensamentos intrusivos e como eles surgem?
Pensamentos intrusivos são pensamentos indesejados que aparecem do nada. Eles podem ser desencadeados por estresse do dia a dia, mas também podem ser sintomas de um transtorno mental. Geralmente eles são desagradáveis e até perturbadores, o que pode fazer com que as pessoas não procurem ajuda num primeiro momento por se sentirem envergonhados por esses pensamentos.

Os pensamentos intrusivos são involuntários e não têm relação com a realidade ou os desejos de uma pessoa. As pessoas não agem de acordo com esses pensamentos, muito pelo contrário, elas geralmente os consideram horríveis e inaceitáveis.

Esses pensamentos podem ser persistentes e causar angústia significativa em algumas pessoas. Frequentemente, quanto mais as pessoas tentam se livrar desses pensamentos, mais eles persistem e mais intensos se tornam.

Você poderia citar um exemplo de pensamento intrusivo que seja comum?
É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles.

Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns de pensamentos intrusivos incluem: pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo.

Os pensamentos intrusivos são comuns em transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e TOC (transtorno obsessivo-compulsivo). Por que os pacientes diagnosticados com esses transtornos costumam ter esse tipo de pensamento?
Pessoas com diagnóstico de transtornos mentais (nesse caso, principalmente aquelas com TOC) têm maior probabilidade de julgar seus pensamentos intrusivos como maus, imorais ou perigosos.

Essas interpretações geralmente levam a uma forte reação emocional negativa, o que amplifica a força percebida dos pensamentos intrusivos, elevando assim o foco sobre eles.

Essas pessoas também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento.

Qual é a diferença entre pensamento intrusivo, alucinação e delírio?
As alucinações e delírios são sintomas bastante diferentes dos pensamentos intrusivos, e costumam estar presentes em transtornos psicóticos.

As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial (auditiva, visual, olfativa, gustativa e tátil), mas as auditivas são de longe as mais comuns. É uma percepção que parece completamente real para a pessoa, mas que não está acontecendo. As alucinações auditivas são geralmente experimentadas como vozes, familiares ou não familiares, que são percebidas como distintas dos próprios pensamentos da pessoa.

A definição de delírio é um pouco diferente, embora também envolva a experiência de algo que parece real, mas não é. É uma crença obviamente falsa, mas mesmo assim o indivíduo que a experimenta pensa que é absolutamente verdadeira. Essa pessoa vai acreditar firmemente no delírio, mesmo quando repetidamente mostradas evidências contrárias.

Tanto as alucinações quanto os delírios são distúrbios, na realidade. São experiências que parecem reais para quem está sofrendo com elas, mas não têm conexão com a realidade.

Agora, com a pandemia mais controlada, as pessoas estão retomando o trabalho presencial e os eventos sociais. É comum que algumas pessoas tenham pensamentos intrusivos por medo de contaminação por Covid-19? Ou mesmo por que ficaram muito tempo em isolamento e estão enfrentando uma espécie de agorafobia?
Certamente. As pessoas que já sofriam com pensamentos intrusivos antes da pandemia agora estão muito mais vulneráveis à medida que o mundo vai se abrindo novamente ao “novo normal”.

Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente.

Muitas dessas pessoas encontraram um certo conforto emocional na situação de isolamento e do home office durante a fase mais crítica da pandemia e podem sentir muita dificuldade em enfrentar o mundo novamente.

É comum uma pessoa que tenha pensamentos intrusivos e que ainda não tenha tido um diagnóstico correto recorra ao uso de drogas e álcool? Quais são os perigos que essa prática pode acarretar?
Quando falamos em pensamento intrusivos que causam muito sofrimento, sempre lembramos do risco aumentado do abuso de substâncias, especialmente o álcool.

A pessoa se “medica” com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas.

O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.

Com um diagnóstico correto e tratamentos com psiquiatra e psicólogo é possível controlar esses pensamentos?
Pensamentos intrusivos nem sempre são o resultado de uma condição médica. Aliás, a maioria das pessoas os têm de vez em quando. No entanto, para muitas pessoas, pensamentos intrusivos podem, sim, ser um sintoma de um problema de saúde mental, como TOC ou o transtorno de estresse pós-traumático.

Esses pensamentos também podem ser um sintoma de problemas neurológicos, como uma lesão cerebral, demência ou mal de Parkinson, por exemplo. Por isso um diagnóstico bem feito é imperativo.

A melhor maneira de gerenciar pensamentos intrusivos é reduzir a sensibilidade da pessoa a esses pensamentos e seu conteúdo. O tratamento vai ser individualizado a cada pessoa, mas, em linhas gerais, o médico psiquiatra vai fazer o diagnóstico e prescrever a medicação mais indicada.

Paralelamente, é fundamental a abordagem com a psicoterapia, sendo a TCC (terapia cognitivo comportamental) a mais indicada. Por último, e não menos importante, a pessoa deve ser orientada a seguir um estilo de vida saudável, com alimentação nutritiva, atividade física e higiene do sono, o que vai somente agregar ao seu bem-estar geral.

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Saiba onde encontrar atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito no SUS https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/02/saiba-onde-encontrar-atendimento-psicologico-e-psiquiatrico-gratuito-oferecido-pelo-sus/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/02/saiba-onde-encontrar-atendimento-psicologico-e-psiquiatrico-gratuito-oferecido-pelo-sus/#respond Sat, 02 Oct 2021 10:00:06 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/ee22cdff5c5f5569ba19caf8ae5aab0a99c079ffee6923659b9dde1b2a590389_5ae6c7e3ad434.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1157 Todos os profissionais de saúde mental enfatizam a importância de procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico quando surgem sintomas de transtornos como depressão ou ansiedade.

No entanto, muitas pessoas não têm como pagar por esses tratamentos e também não têm um plano de saúde que cubra os custos.

No SUS (Sistema Único de Saúde), a população pode contar com os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), que fazem parte da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial).

Compreendida como uma rede integrada de diferentes setores, a RAPS busca criar, diversificar e articular serviços e ações para pessoas com sofrimento mental ou com demandas decorrentes do uso de drogas. Dentre suas diretrizes estão o respeito aos direitos humanos, a garantia de autonomia das pessoas, o acesso a serviços de qualidade e o combate ao estigma e ao preconceito.

O serviço conta com atuação multiprofissional e interdisciplinar (com profissionais da medicina, enfermagem, psicologia, assistência social, terapia ocupacional, educação física, fonoaudiologia), abarcando não só o campo da saúde, mas também a assistência social, a cultura e o emprego, de modo a favorecer a inclusão social e o exercício da cidadania dos usuários dos serviços e de seus familiares.

Apesar de não ser amplamente conhecida, a RAPS estabelece que a atenção à saúde das pessoas com sofrimento psíquico deve ser realizada em todos os serviços do SUS, sem discriminação.

A rede conta com a existência de estruturas de atendimento especializadas, como os CAPS, que promovem trabalhos com focos distintos. No entanto, alguns estigmas e a falta de conhecimento sobre esses organismos dificultam o acesso a tratativas precoces e ajuda qualificada.

Esses serviços estratégicos funcionam com portas abertas, ou seja, qualquer pessoa pode ser recebida e avaliada pela equipe de saúde presente, sem a necessidade de um encaminhamento ou agendamento prévio. As ações de cuidado são diversificadas, podendo ser realizadas em grupo, individualmente, com a família ou na comunidade.

Divididos em diversas modalidades, os CAPS também variam de acordo com o porte dos municípios. Nas grandes cidades e regiões acima de 200 mil habitantes, são previstos CAPS de funcionamento 24h, como os CAPS III voltados para pessoas com sofrimento mental em geral, e os CAPS ad III, destinados principalmente para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

Os CAPSij são direcionados para o público infanto-juvenil e podem ser implantados em municípios e regiões a partir de 70 mil habitantes. Para os municípios de médio porte (a partir de 70 mil habitantes), há os CAPS II e CAPS ad, e para os de pequeno porte (a partir de 15 mil habitantes), os CAPS I. Mais recentemente, a esta tipificação foi acrescentado o CAPS ad IV, para municípios com população acima de 500 mil habitantes ou nas capitais de estados.

Em 2002, havia 424 CAPS implantados no país, ao final de 2019, chegaram a cerca de 2.669. Uma amplitude de estrutura assistencial que não apenas existe, mas que pode e deve ser acionada por toda e qualquer pessoa que necessite de auxílio.

“Enquanto houver preconceitos e vieses subjetivos não combatidos e desmistificados, o atendimento psicossocial no Brasil será insuficiente e enviesado. Por isso, é importante termos políticas públicas cada vez mais focadas na prevenção de adoecimentos psíquicos e na promoção da saúde mental, tanto individual quanto estruturalmente, assim como o fortalecimento de outras instituições de acolhimento que possam reforçar o olhar intersetorial e abarcar a necessidade que o tema emprega sobre nós”, ressalta Maria Fernanda Resende Quartiero, diretora presidente do Instituto Cactus.

Maria Fernanda explica que a rede pública oferece opções de tratamento para os adoecimentos mentais em vários níveis de gravidade, sendo eles considerados leves, moderados ou graves.

Casos leves: incluem pessoas que estão com sintomas de transtornos como depressão, ansiedade ou síndrome do pânico, que já fizeram ou não algum tratamento psicológico ou psiquiátrico. É preciso procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde), que pode fazer o encaminhamento ao CAPS. Outros sintomas de baixo risco que também podem ser atendidos numa UBS são:
• insônia
• doenças físicas causadas por questões emocionais
• uso abusivo de álcool e outras drogas
• situação de luto

Casos moderados: o paciente pode ir a uma UBS, a um CAPS, a um AME (Ambulatório Especializado em Saúde Mental) ou mesmo um pronto-socorro psiquiátrico. Alguns sintomas de risco moderado são:
• quadros psicóticos agudos
• quadro depressivo moderado com ou sem ideação suicida
• casos de alcoolismo ou dependência química de outras drogas com sinais de abstinência leve
• histórico psiquiátrico anterior com tentativa de suicídio e/ou homicídio
• alucinações: ouvir ou ver algo que mais ninguém vê ou ouve
• delírios: ideias que não correspondem à realidade.

Casos graves: ao apresentar sintomas graves, é necessário buscar a urgência e emergência de uma UPA (Unidades de Pronto Atendimento), de pronto-socorro de qualquer hospital do SUS, de CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental) e hospitais psiquiátricos. Exemplos de quadros graves são:
• sintomas psicóticos com ideação suicida, quando o indivíduo não conta com uma rede de apoio que possibilite o tratamento fora do ambiente hospitalar
• percepção alterada da realidade como alucinações e delírios, sem sinais de agitação e/ou agressividade, perda do autocuidado de maneira que comprometa o dia a dia e situações de sofrimento emocional intenso em que o apoio sócio-familiar estejam ausentes
• ideação suicida, planejamento ou história anterior de tentativa de suicídio e tentativas consumadas em qualquer circunstância
• em episódio de mania (euforia), com ou sem sintomas psicóticos (percepção alterada da realidade como alucinações e delírios), associado a comportamento inadequado que oferece risco para si ou para outros
• intoxicação aguda por substâncias psicoativas (medicamentos, álcool e outras drogas);
• autoagressividade (automutilação) com risco de morte iminente
• casos com quadro de alcoolismo ou dependência química de outras drogas com sinais de agitação e/ou agressividade (para si ou para outros), com várias tentativas anteriores de tratamento fora do contexto hospitalar sem sucesso

ONDE ESTÃO?

Em maio de 2020, o instituto Vita Alere, que desenvolve projetos e pesquisas relacionados à saúde mental, lançou o Mapa da Saúde Mental, um site que mostra onde e como buscar serviços gratuitos de psicologia e psiquiatria.

A iniciativa, que teve apoio técnico do Google, traz um mapa virtual, com contatos para atendimento online, e um mapa presencial, com endereços de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental ), hospitais psiquiátricos, ONGs e clínicas de faculdades.

O site também indica o atendimento de acordo com o tipo de paciente: para o público em geral, para profissionais da saúde e para grupos específicos, como pessoas que perderam parentes e amigos por Covid-19idososgestantes e adolescentes.

Para facilitar qual tipo de ajuda buscar, o site tem um guia que explica como funciona o tratamento com um psicólogo, o que faz um psiquiatra, em quais situações se deve procurar um hospital psiquiátrico, por exemplo.

Encontre os endereços em mapasaudemental.com.br.

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Instituto de Psiquiatria da USP oferece tratamento de fotoneuromodulação para sintomas negativos da esquizofrenia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/30/instituto-de-psiquiatria-da-usp-oferece-tratamento-de-fotoneuromodulacao-para-sintomas-negativos-da-esquizofrenia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/30/instituto-de-psiquiatria-da-usp-oferece-tratamento-de-fotoneuromodulacao-para-sintomas-negativos-da-esquizofrenia/#respond Fri, 30 Jul 2021 10:00:34 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/neuro5-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=913 O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq-HCFMUSP) oferece a pessoas diagnosticadas com esquizofrenia um tratamento gratuito com fotoneuromodulação.

O procedimento é indolor, realizado com o paciente acordado, feito com um aparelho que emite luz infravermelha e fica posicionado na cabeça, na região da testa, onde fica o córtex pré-frontal dorsolateral. Cada sessão dura 20 minutos –no total, são feitas 20 aplicações, de segunda a sexta.

“O objetivo é melhorar os sintomas negativos da esquizofrenia, que são aqueles relacionados com a capacidade de interação social, como a dificuldade de expressar emoções, apatia, problemas na fala e falta de prazer nas atividades cotidianas”, diz Leandro Valiengo, psiquiatra e coordenador do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação (SIN) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

A esquizofrenia é um transtorno mental grave caracterizado por distorções no pensamento e afeta cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

A doença costuma se manifestar entre o fim da adolescência e o início da vida adulta. Com o tratamento adequado, as pessoas afetadas podem voltar a ter uma vida social e produtiva.

Valiengo explica que os sintomas positivos da doença são os mais conhecidos, como delírios (pensamentos que não correspondem à realidade, como a convicção de que está sendo perseguido) e alucinações (percepções falsas, como ouvir vozes).

“A medição consegue melhorar muito os sintomas positivos, mas não atua nos sintomas negativos”, afirma.

O tratamento com fotoneuromodulação faz parte de um projeto de pesquisa do SIN. “A fotoneuromodulação já foi usada em outras condições, mas nunca na esquizofrenia. Temos relatos principalmente em depressão, alguns relatos em casos de Alzheimer, e também foi usada de forma periférica para estimular os tecidos, o joelho, a articulação, para dor“, conta.

O aparelho utilizado nas sessões foi produzido por uma empresa brasileira e começou a ser usado no Hospital das Clínicas para tratar a dor crônica.

Esse equipamento é posicionado na região da testa para ativar as funções dessa área. “As ondas emitidas estimulam a atividade energética do neurônio”, afirma Valiengo.

“A região pré-frontal é a área mais desenvolvida nos humanos, é a grande diferença que temos de outros animais. Então muitas das nossas funções cognitivas superiores são associadas a essa área. Por exemplo, a função executiva, que envolve planejamento, organização, tomada de decisões, a memória de trabalho para execução de tarefas. Além disso, algumas áreas da região pré-frontal estão associadas à personalidade e à inibição de comportamento, o seu freio social”, revela.

O mau funcionamento do córtex pré-frontal dorsolateral leva aos sintomas negativos da doença.

O psiquiatra Leandro Valiengo faz uma simulação de como o aparelho é posicionado na cebeça do paciente (Divulgação)
O psiquiatra Leandro Valiengo faz uma simulação de como o aparelho é posicionado na cabeça do paciente (Divulgação)

“Para que a gente possa observar a evolução nessa área, a pessoa vai fazer três ressonâncias magnéticas: a primeira antes de começar o tratamento, a segunda no meio e terceira no final”, diz.

Além dos exames de imagem, os pacientes serão acompanhados por um psiquiatra e uma neuropsicóloga.

Os pacientes serão chamados duas semanas após o fim do tratamento e, novamente, depois de dois meses para que os médicos possam avaliar o progresso.

Para participar é preciso ter entre 18 e 55 anos, ser diagnosticado com esquizofrenia e estar com a medicação psiquiátrica estável.

Segundo Valiengo, não há efeitos colaterais nem contraindicação. “Só não é possível realizar em pacientes que têm contraindicação à ressonância, como placa de metal na cabeça, marcapasso cardíaco, ou uma fobia relacionada ao exame”, afirma.

Neuromodulação no Hospital das Clínicas
Onde Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, rua Doutor Ovídio Pires de Campos, 785, 2º andar, Cerqueira César, na região central de São Paulo
Quando 20 sessões seguidas, de segunda a sexta, em dias úteis (duração de um mês)
Inscrição a triagem é feita exclusivamente pelo email pesquisa.esquizofrenia@gmail.com
Preço gratuito

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Projeto Help distribui cartas e promove cantinho do desabafo em estações de metrô em SP https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/13/projeto-help-distribui-cartas-e-promove-cantinho-do-desabafo-em-estacoes-de-metro-em-sp/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/13/projeto-help-distribui-cartas-e-promove-cantinho-do-desabafo-em-estacoes-de-metro-em-sp/#respond Tue, 13 Jul 2021 10:00:56 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Hel_WhatsApp-Image-2021-07-12-at-19.16.56-300x215.jpeg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=887 O Projeto Help, que presta serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio, promove ações nesta terça-feira (13) e nos dias 20 e 27 deste mês em estações das linhas 4-Amarela e 5-Lilás do metrô de São Paulo.

Cartas com mensagens de apoio escritas por voluntários serão colocadas nos nichos de leitura nas paradas São Paulo-Morumbi, Pinheiros e Luz, da linha 4-Amarela, e Capão Redondo, Largo Treze e Chácara Klabin, da linha 5-Lilás, para serem retiradas pelos passageiros.

Além das palavras de acolhimento, os bilhetes distribuídos também terão o número de WhatsApp (11) 4200-0034 para quem quiser conversar com um voluntário.

Nos mesmos dias, nos nichos de leitura das 27 estações das linhas 4-Amarela e 5-Lilás, os passageiros encontrarão cartilhas com informações sobre depressão e saúde mental.

No dia 27, das 14h às 16h, o Projeto Help organizará na estação Luz o cantinho do desabafo, um espaço reservado para escuta em que os passageiros poderão conversar com voluntários.

O Projeto Help foi criado em São Paulo há mais de dez anos por integrantes da Força Jovem Universal (movimento da Igreja Universal) e é coordenado por Carlos Eduardo Ferreira de Souza.

Para fazer parte do grupo composto por jovens que, na maioria, superaram problemas psicológicos, os voluntários passam por um treinamento com especialistas da área da saúde mental.

Campanha das cartas
Quando
dias 13, 20 e 27 de julho, a partir das 10h
Onde linha 4-Amarela, nos nichos de leitura das estações São Paulo-Morumbi, Pinheiros e Luz, e linha 5-Lilás, nos nichos de leitura das estações Capão Redondo, Campo Limpo e Largo Treze

Campanha do cantinho do desabafo
Quando
dia 27 de julho, das 14h às 16h
Onde linha 4-Amarela, na estação Luz

Projeto Help
Instagram @help.fju
Facebook facebook.com/helpfju 
WhatsApp (11) 4200-0034

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Estudo ajuda a entender disfunções cerebrais de pacientes com esquizofrenia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/06/estudo-ajuda-a-entender-disfuncoes-cerebrais-de-pacientes-com-esquizofrenia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/06/estudo-ajuda-a-entender-disfuncoes-cerebrais-de-pacientes-com-esquizofrenia/#respond Tue, 06 Jul 2021 11:00:30 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/0ab1ee479d28c04474e104eacb38f3f41678e492f6af70e00ec09075aab3a5d0_5ae0189100bd2-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=844 Luciana Constantino | Agência Fapesp – Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) fizeram um mapeamento de proteínas cerebrais com o objetivo de desvendar as bases moleculares da esquizofrenia. Os resultados do estudo, divulgado no periódico European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience, poderão orientar a busca de tratamentos mais específicos e eficazes contra a doença. Os medicamentos atualmente disponíveis no mercado agem de forma genérica no cérebro e podem causar graves efeitos colaterais.

O trabalho foi liderado pela equipe do Laboratório de Neuroproteômica do Instituto de Biologia (IB-Unicamp), que usou amostras de tecido cerebral de pacientes com a doença coletadas pós-morte. Dois tipos de células nervosas –neurônios e oligodendrócitos– foram tratados em cultura com MK-801, um medicamento que altera a função neurotransmissora do glutamato e mimetiza in vitro o que ocorre em portadores de esquizofrenia. Desse modo, o grupo conseguiu estudar os processos biológicos associados ao transtorno que são específicos de cada tipo celular.

Os neurônios tratados com a substância apresentaram estresse oxidativo (um dos fatores que podem levar à degeneração do cérebro) e apoptose (um tipo de morte celular programada). Já os oligodendrócitos, células responsáveis pela formação e manutenção da bainha de mielina (capa de gordura que facilita a transmissão dos impulsos nervosos), apresentaram diferenças associadas à síntese proteica e à organização da membrana.

“Cultivamos em laboratório oligodendrócitos e neurônios e tratamos com MK-801. Depois analisamos as proteínas do cérebro e de cada uma das células, cruzando os dados. Pudemos, assim, destrinchar quais diferenças são específicas dos neurônios, quais estão ligadas aos oligodendrócitos e as comuns a ambos os tipos celulares”, explica o professor Daniel Martins-de-Souza, orientador do trabalho e coordenador do laboratório, financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

A doutoranda Giuliana da Silva Zuccoli, primeira autora do artigo, destaca que a potencial falta de mielina ou disfunção na formação da bainha podem estar relacionadas à disfunção cognitiva ou de memória na doença.

A mielina “encapa” o axônio –parte do neurônio, semelhante a um braço, que se liga a outro neurônio em uma sinapse. Com isso, impede a perda de energia na transmissão de impulsos de um neurônio a outro.

No ano passado, outra pesquisa conduzida no Laboratório de Neuroproteômica, com apoio da Fapesp, já havia relacionado a esquizofrenia ao distúrbio de oligodendrócitos, que acabam produzindo bainha de mielina com debilidades.

Pesquisas anteriores descreveram que cérebros de pacientes com esquizofrenia apresentam níveis anormais do neurotransmissor glutamato. Apontaram também ligação da disfunção da neurotransmissão glutamatérgica com a hipofunção do receptor NMDA (NMDAr, que é ativado pelo glutamato). A neurotransmissão glutamatérgica é essencial para cognição, aprendizagem e memória do ser humano.

“O tratamento de células neurais com MK-801 revelou que neurônios, oligodendrócitos e astrócitos são afetados, mas apresentam respostas diferentes em uma hipofunção NMDAr. A ativação de NMDAr em oligodendrócitos está envolvida com sua maturação, modulação metabólica e mielinização em torno dos axônios. Assim, compreender os efeitos da desregulação glutamatérgica em neurônios e oligodendrócitos é crucial para entender o papel dessas contrapartes celulares na esquizofrenia, especialmente no contexto hipocampal”, escrevem os pesquisadores no artigo.

E concluem: “Pudemos encontrar assinaturas proteômicas em comum entre o hipocampo e os neurônios tratados com MK-801, bem como entre o hipocampo e os oligodendrócitos tratados com MK-801”. Esses dados serão importantes para o desenvolvimento de tratamentos mais direcionados aos diferentes processos biológicos disfuncionais nas diversas células cerebrais.

O estudo foi conduzido em colaboração com o grupo do professor Helder Nakaya, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP). O apoio da FAPESP se deu por meio de seis projetos (18/14666-4, 17/25588-1, 19/00098-7, 17/50137-3, 12/19278-6 e 13/08216-2).

Sintomas e tratamento
Considerada um transtorno mental grave e debilitante, a esquizofrenia afeta em torno de 23 milhões de pessoas no mundo, sendo 1,5 milhão de brasileiros, de acordo com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).

É caracterizada por pensamentos ou experiências que parecem não ter contato com a realidade, fala ou comportamento desorganizado e participação reduzida nas atividades cotidianas. O tratamento envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e cuidados especializados. Para detectar a esquizofrenia é realizada uma avaliação clínica.

Uma metodologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros no ano passado se mostrou promissora na criação de um exame de sangue capaz de diagnosticar a doença. O método foi desenvolvido por grupos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Unicamp e é o primeiro capaz de diferenciar o transtorno por meio da análise de alterações bioquímicas e moleculares envolvidas nas patologias.

O artigo Linking proteomic alterations in schizophrenia hippocampus to NMDAr hypofunction in human neurons and oligodendrocytes, dos autores Giuliana S. Zuccoli, Guilherme Reis-de-Oliveira, Bruna Garbes, Peter Falkai, Andrea Schmitt, Helder I. Nakaya e Daniel Martins-de-Souza, pode ser lido aqui.

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