Saúde Mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br Informação para superar transtornos e dicas para o bem-estar da mente Tue, 14 Dec 2021 02:30:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 CVV destaca a importância da escuta acolhedora neste Natal https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/12/22/cvv-destaca-a-importancia-da-escuta-acolhedora-neste-natal/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/12/22/cvv-destaca-a-importancia-da-escuta-acolhedora-neste-natal/#respond Tue, 22 Dec 2020 10:00:37 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/arve-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=522 O Natal será mais triste para todos em 2020. A pandemia da Covid-19 já deixou mais de 187 mil mortos no país até esta terça-feira (22).

De uma forma ou de outra, todas as famílias foram impactadas pela doença neste ano. Há aquelas que estão em luto, outras que estão passando por dificuldades financeiras.

Para piorar, o isolamento social não permite que as pessoas se reúnam e se abracem como costumam fazer nas festas de fim de ano.

“Ninguém pode carregar esse fardo sozinho”, diz o engenheiro Carlos Correia, 67, porta-voz e voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida) há 28 anos.

Para ele, a única forma de minimizar o sofrimento nesse cenário é falar sobre os seus sentimentos.

“Não deixe de estar presente, mesmo que virtualmente. Se você está bem, mas conhece alguém que não está, ligue para essa pessoa, mande uma mensagem. Mostre que ela não está sozinha.”

Estar disposto a ouvir o próximo de maneira acolhedora é a mensagem que o CVV destaca neste Natal.

“Uma conversa sem julgamentos pode dar início a uma reflexão sobre como temos agido e o que podemos fazer daqui para frente, apesar de todas as dificuldades”, observa.

Para Carlos, o segredo da escuta acolhedora  é que ela se desarma e abaixa a tensão no diálogo. “Muitas pessoas que ligam para a gente estão fragilizadas, sem conseguir pensar direito. Ao fazer um desabafo, elas começam a enxergar soluções que não viam antes. Isso pode ser o primeiro passo para procurar uma ajuda profissional, com um psicólogo ou psiquiatra, por exemplo.”

Mesmo antes do surgimento da pandemia, sintomas de depressão e a solidão no período de Natal costumam fazer a procura pelo CVV aumentar 20% em dezembro.

Atualmente, a entidade conta com 4.200 voluntários em todo o país. São feitos cerca de 10 mil atendimentos telefônicos diariamente –esse número, segundo Carlos, não aumentou durante a quarentena, embora estudos apontem aumento de sintomas de ansiedade e de depressão no período.

Na falta de ter alguém com quem conversar, ou se a pessoa não se sente à vontade para falar sobre seus problemas com um amigo ou um familiar, os voluntários do CVV estão disponíveis 24 horas pelo telefone 188. A ligação é gratuita.

A conversa também pode acontecer por email ou chat em diferentes horários (veja os contatos abaixo). Os atendimentos presenciais estão temporariamente suspensos devido à pandemia.

O QUE É O CVV

O CVV (Centro de Valorização da Vida) foi fundado em São Paulo, em 1962. É uma associação civil sem fins lucrativos e reconhecida como de Utilidade Pública Federal desde 1973.

O centro presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

COMO ENTRAR EM CONTATO COM O CVV

Por telefone
Ligue para 188 a qualquer momento. O atendimento é 24 horas, gratuito e garante anonimato e sigilo absoluto

Por email
Acesse cvv.org.br/e-mail, preencha os campos com seu nome, email e mensagem, e um voluntário responderá assim que possível

Por chat
Para iniciar a conversa, acesse cvv.org.br/chat e clique no link indicado. O atendimento acontece de segunda a quinta, das 9h à 1h, às sextas, das 15h às 23h, aos sábados, das 16h à 1h, e aos domingos, das 17h à 1h

Atendimento pessoal
O atendimento pessoal está temporariamente suspenso devido à pandemia da novo coronavírus. No entanto, quando for seguro, você pode conversar pessoalmente com um voluntário do CVV nos postos de atendimento. Acesse cvv.org.br/postos-de-atendimento e procure o endereço mais próximo. Também é possível enviar uma carta, que será respondida por um voluntário

 

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2020 nos obrigou a lidar com a frustração, sentimento que a sociedade mais tenta evitar, diz psicóloga https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/12/09/2020-nos-obrigou-a-lidar-com-a-frustracao-sentimento-que-a-sociedade-mais-tenta-evitar-diz-psicologa/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/12/09/2020-nos-obrigou-a-lidar-com-a-frustracao-sentimento-que-a-sociedade-mais-tenta-evitar-diz-psicologa/#respond Wed, 09 Dec 2020 10:00:25 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/a1d347bc13128c5d44f1088cbdd1c9d891eb91f7cc03942552668b6b8350eb18_5ae6c62eef6dd-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=492 Festas que estavam sendo planejadas, viagens, cursos. Foram muitos os projetos para 2020 que precisaram ser cancelados, ou ao menos postergados, por causa da pandemia do novo coronavírus.

Com o relaxamento das restrições de distanciamento social em outubro, parecia que a quarentena ia dar uma trégua e que seria possível reunir a família nas festas de fim de ano. No entanto, o aumento de casos de Covid-19 no país nas últimas semanas frustrou também esses planos.

Frustração, aliás, está entre os sentimentos mais comuns a todos neste ano que está acabando, observa a psicóloga Ana Gabriela Andriani.

“Não há como evitar a frustração. Um dos grandes problemas da nossa sociedade hoje é esse, que a gente tenta evitar a frustração”, diz.

Andriani explica que faz parte do comportamento humano se planejar para tentar ter garantias de que as nossas expectativas serão sempre alcançadas. Porém, não saber se adaptar a situações imprevistas pode gerar angústia e sintomas depressivos.

“É importante viver a frustração porque ela faz a gente se expandir, ressignificar os acontecimentos e amadurecer”, afirma.

A seguir, a psicóloga comenta os desafios que enfrentamos em 2020 e como superá-los.

Pilares abalados
Este ano de 2020 foi um ano de muitos desafios. Em primeiro lugar, porque nossos principais pilares de segurança foram abalados: a saúde, a economia e os nossos relacionamentos.

Na saúde, ainda há muita insegurança sobre a Covid-19 em relação ao tratamento e ao atendimento. Estamos enfrentando também problemas econômicos em decorrência da pandemia, com fechamento dos negócios, as pessoas perdendo seus empregos, o aumento da desigualdade social. E estamos também enfrentando um abalo na questão das relações por conta do isolamento social e de não poder encontrar pessoalmente quem amamos.

Tudo isso exigiu uma reorganização da nossa vida. Seja na nossa casa, no nosso trabalho, em relação aos filhos ou aos planos que havíamos feito anteriormente, como festas de casamento, trabalhos, cursos. Por causa desse abalo no nossos principais pilares, está sendo um ano muito desafiador.

Finitude
Estamos sendo desafiados a lidar com a questão da morte e da finitude todos os dias. Geralmente, entramos em contato com a questão da morte e da finitude quando perdemos alguém próximo ou quando estamos doentes. Fora isso, ela costuma ser só uma ideia. A gente pensa que vai morrer velhinho, que vai perder as pessoas queridas quando elas também estiverem velhinhas.

A gente não tem esse contato do dia a dia, do cotidiano, com a morte. E agora a gente está tendo. A gente sabe diariamente qual é a taxa de contágio da Covid, qual é o número de mortes. Lidar com essa questão da morte e da finitude todos os dias é muito desafiador emocionalmente.

Frustração
Nos últimos meses estávamos vivendo um quadro aparentemente de queda do contágio, mas agora regredimos. Estamos passando por uma fase em que voltamos a ter mais restrições e isolamento.

Esse cenário anterior de melhora fez com que aumentássemos as expectativas de que logo essa situação passaria, de que talvez pudéssemos ver as pessoas queridas, que já poderíamos retomar nossos planos até de festas de fim de ano.

Por isso digo que estamos vivendo uma dupla frustração agora. Porque aparentemente tudo estava caminhando para uma melhora, mas enfrentamos uma retomada das restrições por causa do aumento do número de casos de contaminação e, consequentemente, de mortes por coronavírus.

A gente vai percebendo que não existe um encaixe perfeito entre o que a gente imaginou, a expectativa que a gente criou, e o que a vida nos oferece, a situação que nos é apresentada como possível.

Sempre há um desencaixe entre o que a gente sonha e o que é possível. Isso é normal. Mas agora a gente está vivendo mais intensamente esse desencaixe.

No início da pandemia, a gente imaginou que isso fosse durar alguns meses. E agora a gente está vendo que não, que a coisa é longa.

Adaptar planos
A questão não é a gente evitar a frustração, porque ela faz parte da vida, embora ela esteja sendo intensificada nesse momento. A questão é a gente aprender e conseguir lidar com ela.

Eu vejo duas formas de lidar com a frustração. Uma é paralisar e desistir. Ou seja, a gente tinha uma expectativa, essa expectativa não pode se concretizar, e a gente abre mão desse plano. Essa é a forma mais prejudicial em termos de modos de lidar com a frustração. Porque aí a gente não dá continuidade à nossa vida.

A segunda forma é a gente se adaptar. Ajustar os nossos planos, as nossa expectativas, os nossos sonhos, com o que a realidade apresenta como possível. Então é claro que a gente vai passar por esse momento de tristeza, de desalento, de sensação de impotência. Mas a gente vai tentar ver o que é possível e tentar se adaptar. Ou, em último caso, manter o plano e pensar que ele vai acontecer mais para frente.

Mas acho que a melhor coisa nesse momento, dado que a gente está vivendo uma situação que não se sabe exatamente quando vai acabar, é tentar adaptar os nossos planos.

Por exemplo, se há a expectativa de fazer um curso, vários cursos estão sendo feitos agora virtualmente. Faça o curso como é possível, online. É o ideal? Não. Mas isso está sendo possível. Que bom que a gente tem essa infraestrutura e essa tecnologia para isso, né?

Não dá para encontrar as pessoas que a gente ama, mas há plataformas de tecnologia para estar junto na maneira do possível. Vamos fazer uma ligação telefônica, usar aplicativos como o WhatsApp, o Zoom, ou qualquer outro meio que a gente possa ver a pessoa. Isso não vai deixar a pessoa próxima fisicamente, mas emocionalmente.

Então há formas de adaptar os nossos planos. Essa é a principal forma de lidar com a frustração. Porque aí a gente mantém a esperança e garante a continuidade da vida. A gente não desiste.

Isolamento no Natal 
Para as pessoas que estão completamente isoladas é fundamental que se mantenham em contato virtual com amigos e com a família.

Se vai passar o Natal e o Ano Novo sozinho, faça uma ceia gostosa para você mesmo, tenha um dia de cuidado consigo mesmo, procure fazer atividades que sejam prazerosas.

Mas, se possível, não fique totalmente isolado das outras pessoas. Não é porque a gente está em casa que a gente precisa ficar em isolamento completo. É importante que se faça uma ceia virtual para que o encontro seja possível.

Este fim de ano será atípico para todo mundo. Assim como durante todo o ano, é natural que agora todo mundo tenha que lidar de alguma forma com alguma questão emocional.

A gente está vivendo uma situação que é social. Ela está impactando o mundo inteiro. Claro que cada um vai enfrentar ao seu modo e que as pessoas vão viver situações diferentes, mas está todo mundo sendo afetado.

O fim deste ano vai nos exigir emocionalmente, como foi o ano inteiro e como também deve ser parte de 2021.

Luto
Para quem está vivendo o luto porque perdeu pessoas queridas para a Covid, o importante é buscar os seus afetos e não ficarem sozinhas. Estarem perto de pessoas que podem ampará-las. E para isso, de novo, a gente vai precisar das mensagens por aplicativos e chamadas de vídeo.

É importante que essas pessoas enlutadas dividam o seu sofrimento para que possam ser acolhidas. Outra coisa importante é elas não se obrigarem, especialmente por ser fim de ano, a se sentirem felizes ou a passarem rápido por esse estágio do luto.

O luto é um processo que precisa ser vivido e respeitado. O luto tem a ver com a elaboração interna, a elaboração emocional da perda, que não é uma situação fácil. Principalmente se a pessoa que morreu era muito próxima e querida. É muito importante aceitar o que está se sentindo, a tristeza, e compartilhar isso. Não ficar sozinho.

Caso a pessoa em luto perceba que está se sentindo demasiadamente triste é preciso procurar ajuda. O que estou chamando de demasiadamente triste é estar em um processo depressivo por um período muito prolongado, que se estende por muitos meses, com a sensação de perda de sentido da vida.

Se houver uma dificuldade de retomada das atividades, em um isolamento profundo, com dificuldade de comer, de dormir, é necessário a busca de uma ajuda profissional, como uma psicoterapia.

Ressignificação 
Toda situação de crise é uma oportunidade para ressignificação. E o que é a ressignificação? É uma abertura ao novo, ao diferente, ao que não foi pensado ainda.

A ressignificação é dar um novo significado a um acontecimento. Ela tem a ver com uma expansão do nosso modo de ser e de agir. Tem a ver com a gente repensar as nossas escolhas, sentido da nossa vida e das nossas relações.

Uma situação de crise e de contato com a finitude, como a que estamos vivendo, é uma oportunidade para a gente repensar o modo como a gente está sendo na vida e como a gente vem fazendo as nossas escolhas.

Não existe um ritual para que a gente se prepare para isso ou para que a gente torne a ressignificação possível. Mas a possibilidade de ressignificar vem de uma abertura e de uma disponibilidade interna.

Não é um processo fácil porque a gente tende a repetir nosso modo de ser, de resistir ao que é novo. É o mais confortável ficar no que já é conhecido.

É preciso estar aberto para questionar a si próprio e o modo como se está vivendo a própria vida.

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Como será o Natal na pandemia é tema de live no Canal USP https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/11/25/como-sera-o-natal-na-pandemia-e-tema-de-live-no-canal-usp/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/11/25/como-sera-o-natal-na-pandemia-e-tema-de-live-no-canal-usp/#respond Wed, 25 Nov 2020 10:00:35 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/natal-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=474 O Canal USP, da Universidade de São Paulo, promove uma live nesta quarta-feira (25), às 18h, com especialista que vão debater sobre os desafios de comemorar o Natal em meio a pandemia do novo coronavírus.

O evento será transmitido pelo Canal USP no YouTube.

Participam do debate Daniel Barros, psiquiatra do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da FMUSP, Carolina Botelho doutora em ciência política pelo IESP/UERJ (Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Vitor Mori, físico e engenheiro biomédico que atua no Observatório Covid-19 BR e as jornalistas Fabiana Cambricoli, do O Estado de S.Paulo, e Luiza Caires, do Jornal da USP.

Os especialistas vão discutir as formas mais seguras para quem deseja realizar reuniões de família nas festas de fim de ano e questões relacionadas à saúde mental da população, como aqueles que perderam familiares e amigos para a Covid-19, além de sintomas de ansiedade e depressão provocados pela quarentena.

Em maio, uma pesquisa coordenada pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) revelou alterações de comportamento na população brasileira durante as primeiras semanas do isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus.

Aumento de sintomas depressivos, de ansiedade e de consumo de cigarros e de álcool foram relatados pelos participantes.

O estudo contou com a participação de 44.062 pessoas de todo o território nacional que responderam a um questionário online, entre 24 de abril a 8 de maio.

Em julho, um estudo feito pela internet com 11.863 indivíduos por cientistas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostrou que mais de metade da população adulta do estado de São Paulo afirmava sentir ansiedade ou nervosismo com frequência desde que a pandemia causada pelo novo coronavírus.

Para 39% dos entrevistados, sentir-se triste ou deprimido passou a ser algo rotineiro durante a quarentena e quase 30%, que antes dormiam bem, começaram a enfrentar problemas de sono. Os dados foram coletados entre os dias 24 de abril e 24 de maio por meio de questionário online.

Como será o Natal na pandemia?
Quando quarta-feira (25), às 18h
Onde Canal USP no YouTube

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Depressão e solidão no período de Natal fazem procura pelo CVV aumentar 20% https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2019/12/23/depressao-e-solidao-no-periodo-de-natal-fazem-procura-pelo-cvv-aumentar-20/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2019/12/23/depressao-e-solidao-no-periodo-de-natal-fazem-procura-pelo-cvv-aumentar-20/#respond Mon, 23 Dec 2019 10:00:04 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/charge-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=51 O Natal é obrigatoriamente um período feliz. Para os cristãos, é tempo de celebrar o nascimento de Jesus. Para quem é de outra religião (ou de religião nenhuma) é a oportunidade do ano para abraçar família e amigos.

Mas há quem não se encaixe nessa alegria natalina. Os motivos são muitos: não ter com quem comemorar, a perda de um ente querido, o fim de um relacionamento ou a luta contra uma doença física ou psiquiátrica, como a depressão.

Por isso, muita gente diz que não gosta de Natal –mesmo o problema não sendo a data, e sim a sensação de exclusão e solidão.

“Tudo se potencializa nessa época”, diz o engenheiro Carlos Correia, 66, porta-voz e voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida) há 27 anos.

“A maioria das pessoas tem família. Mas há quem se sinta sozinho mesmo rodeado de parentes e amigos”, afirma.

Além disso, observa Carlos, é natural que se faça um balanço da vida nesse período no ano. “Aí, se as metas não foram alcançadas, há um sentimento de fracasso.”

“Também é preciso lembrar que muitos trabalhadores são demitidos no fim do ano. Já os estudantes sofrem com pressão por notas ou para passar no vestibular”, comenta.

Em dezembro, o número de procura pelo CVV aumenta 20% em relação aos outros meses, segundo dados divulgados pelo centro.

Em 2018, foram 3 milhões de atendimentos no ano todo –uma média de 9.000 contatos por dia, com picos os 11 mil. Atualmente, o centro conta com 4.000 voluntários em todo o país.

Esses atendentes passam por uma seleção e são treinados para ouvir e prestar atendimento emocional a quem procura ajuda.

“Às vezes, uma conversa ou só o fato de falar sobre determinado assunto, de fazer um desabafo, é capaz de gerar um alívio muito grande para quem se sente angustiado. Pode ser o primeiro passo para a pessoa buscar um tratamento psicológico ou psiquiátrico, se for necessário”, revela Carlos.

O sigilo e o anonimato nos atendimentos também são muito importantes, diz Carlos. “Pode ser que você tenha um bom amigo, mas não se sente confortável para conversar com ele sobre certos temas.”

Para quem quer ajudar alguém que esteja passando por depressão ou por outro momento difícil, Carlos dá algumas dicas: “Ao iniciar uma conversa, seja acolhedor, ouça de verdade, não fique olhando no celular enquanto o outro fala, não minimize o sofrimento alheio e não julgue.”

“Se você também já passou por isso, conte sua experiência, isso pode fazer com que o outro sinta que não está sozinho. Essas são atitudes que facilitam o desabafo e podem ser praticadas por qualquer pessoa. Lembre-se que uma conversa pode mudar tudo”, diz.

O QUE É O CVV

O CVV (Centro de Valorização da Vida) foi fundado em São Paulo, em 1962. É uma associação civil sem fins lucrativos e reconhecida como de Utilidade Pública Federal desde 1973.

O centro presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

A número telefônico 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul e, em setembro de 2017, iniciou sua expansão para todo o Brasil, sendo concluída em junho de 2018, atingindo todos os estados.

Os contatos com o CVV são feitos por telefone pelo número 188 (atendimento 24 horas e sem custo de ligação), pessoalmente (nos 110 postos de atendimento espalhados pelo país) ou pelo site cvv.org.br, por chat e email. Nesses canais, são realizados mais de 3 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 4.000 voluntários em todo o país.

Além dos atendimentos, o CVV também mantém o Hospital Francisca Julia, que atende pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

COMO ENTRAR EM CONTATO COM O CVV

Por telefone
Ligue para 188 a qualquer hora. O atendimento é 24 horas, gratuito e garante anonimato e sigilo absoluto

Por email
Acesse www.cvv.org.br/e-mail, preencha os campos com seu nome, email e mensagem, e um voluntário responderá assim que possível

Por chat
Para iniciar a conversa, acesse cvv.org.br/chat e clique no link indicado. O atendimento acontece de segunda a quinta, das 9h à 1h, às sextas, das 15h às 23h, aos sábados, das 18h à 1h, e aos domingos, das 19h à 1h

Atendimento pessoal
Você pode conversar pessoalmente com um voluntário do CVV nos postos de atendimento. Acesse cvv.org.br/postos-de-atendimento e procure o endereço mais próximo. Também é possível enviar uma carta, que será respondida por um voluntário

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