Saúde Mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br Informação para superar transtornos e dicas para o bem-estar da mente Tue, 14 Dec 2021 02:30:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Estudos utilizam matemática para desvendar significado dos sonhos durante a pandemia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/02/12/estudos-utilizam-matematica-para-desvendar-significado-dos-sonhos-durante-a-pandemia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/02/12/estudos-utilizam-matematica-para-desvendar-significado-dos-sonhos-durante-a-pandemia/#respond Fri, 12 Feb 2021 10:00:40 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/sonhos2-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=640 Luciana Constantino | Agência Fapesp – A pandemia da Covid-19 tem causado impacto no comportamento do brasileiro. Sentimentos como medo, apreensão, tristeza e ansiedade são parte do cotidiano de muitas famílias desde que os primeiros casos da doença começaram a ser registrados oficialmente no país, em fevereiro do ano passado.

Toda essa preocupação tem se refletido nos sonhos, que exprimem uma carga maior de sofrimento mental, temor de contaminação e até mesmo repercussões do isolamento social e da falta de contato físico com outras pessoas. Além disso, os sonhos neste período apresentaram maior proporção de termos ligados a “limpeza” e “contaminação” e de palavras relacionadas a “raiva” e “tristeza”.

A neurocientista Natália Bezerra Mota, pós-doutoranda no Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), lidera uma pesquisa que busca medir o impacto da pandemia por meio de estudo dos sonhos. O trabalho foi publicado na revista PLOS ONE, em 30 de novembro de 2020.

O estudo faz parte do projeto de pós-doutorado de Mota, supervisionado pelos pesquisadores Sidarta Ribeiro (UFRN) e Mauro Copelli, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), que integram o Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (NeuroMat), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com sede na USP (Universidade de São Paulo).

Os resultados são consistentes com a hipótese de que os sonhos refletem os desafios de vigília apresentados pela pandemia da Covid-19 e que emoções negativas como raiva e tristeza são mais proeminentes durante o período pandêmico, refletindo uma maior carga emocional a ser processada, afirma o estudo.

Em entrevista à Agência Fapesp, Mota explica que estas conclusões foram corroboradas por outros artigos publicados posteriormente nos Estados Unidos, Alemanha e Finlândia.

A pesquisa brasileira já havia sido divulgada no fim de maio na plataforma medRxiv, em versão preprint, sem a revisão por pares. “Foi o primeiro estudo sobre o tema a ver empiricamente esses sinais de sofrimento mental e a associação deles com as peculiaridades dos sonhos na pandemia”, completa a neurocientista.

Sidarta Ribeiro destaca que a pesquisa conseguiu documentar a continuidade entre o que o acontece no mundo onírico e na vida mental das pessoas (o sofrimento psíquico). “Isso é interessante do ponto de vista da teoria sobre sonhos. Outro destaque importante do estudo é ter feito isso de maneira quantitativa, usando mecanismos matemáticos para tentar extrair semântica”, afirma o pesquisador.

No trabalho, o grupo usou ferramentas de processamento de linguagem natural para estudar 239 relatos de sonhos de 67 indivíduos, feitos antes dos casos de contaminação pelo Sars-CoV-2 e durante os meses de março e abril, logo após a OMS (Organização Mundial da Saúde) ter declarado a pandemia de Covid-19.

Segundo Mota, um estudo multicêntrico, envolvendo USP, UFRN e as universidades federais de Minas Gerais (UFMG), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Rio de Janeiro (UFRJ), está analisando agora dados coletados por um período maior da pandemia, até julho. O objetivo é avaliar se há impacto nos sonhos dos voluntários provocado por mortes de familiares e pessoas próximas. “A intenção é divulgar rapidamente os resultados, assim que estiverem prontos, para que, a partir desse conhecimento, sejam traçadas estratégias de saúde mental.”

Metodologia
O grupo de pesquisadores brasileiros vinha desenvolvendo e adotando aplicativos e softwares que permitem, por meio da análise do discurso, diagnosticar doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia. Essas ferramentas foram adaptadas para fazer avaliações cognitivas.

Os relatos dos sonhos dos voluntários foram colhidos em áudio por meio de um aplicativo para smartphone. Depois, os pesquisadores utilizaram três ferramentas de computador. A primeira é focada na estrutura do discurso, para comparar a complexidade e conexão da trajetória de palavras usadas na narrativa.

As outras duas se concentram no conteúdo. Uma mede a proporção de palavras inseridas em determinadas classes, como conteúdo sentimental, e as compara a uma lista predefinida para analisar a associação com emoções positivas e negativas. A outra mede a semelhança dos relatos a temas específicos por meio da construção de mapas de similaridade semântica, permitindo avaliar o quanto as palavras estão próximas de termos como “contaminação”, “limpeza”, “doença”, “saúde”, “morte” e “vida”.

“A semelhança significativa com ‘limpeza’ em relatos de sonhos aponta para novas estratégias sociais (por exemplo, uso de máscaras, evitar o contato físico) e novas práticas de higiene (como o uso de desinfetante para as mãos e outros produtos de limpeza) que se tornaram centrais para novas regras sociais e comportamento. Tomados em conjunto, esses achados parecem mostrar que os conteúdos dos sonhos refletem as diferentes fontes de medo e frustração decorrentes do cenário atual”, escrevem os pesquisadores no artigo publicado na PLOS ONE.

Mota destaca que, apesar de ter sido detectado de forma colateral, chama a atenção o maior sofrimento expresso nos sonhos da população feminina. “Há na literatura estudos sobre a diferença de gênero. O público feminino relata maior conteúdo negativo e mais pesadelos. Acho que está ligado à situação histórica do cotidiano das mulheres, em que elas exercem duas, três jornadas, com uma carga mental maior, preocupação com trabalho, casa, filhos. Isso se agravou na pandemia”, avalia a neurocientista.

O estudo, em inglês, Dreaming during the Covid-19 pandemic: Computational assessment of dream reports reveals mental suffering related to fear of contagion está disponível aqui.

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Associação Brasileira do Sono realiza pesquisa e dá dicas para dormir melhor na pandemia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/01/28/associacao-brasileira-do-sono-realiza-pesquisa-e-da-dicas-para-dormir-melhor-na-pandemia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/01/28/associacao-brasileira-do-sono-realiza-pesquisa-e-da-dicas-para-dormir-melhor-na-pandemia/#respond Thu, 28 Jan 2021 10:00:12 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/sono-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=588 A Associação Brasileira do Sono realiza uma pesquisa online para saber como está o sono da população brasileira durante a pandemia da Covid-19.

Para participar é preciso ter mais de 18 anos e responder a 36 perguntas no site da associação. As questões estão relacionadas a tempo e qualidade do sono antes e durante a quarentena, como acordar durante a noite e não conseguir voltar a dormir, hábitos alimentares e de lazer antes de ir para a cama, além de sintomas de depressão, ansiedade e de burnout.

Tendo em vista o impacto do isolamento social e do home office no sono da população, a associação lançou no ano passado uma cartilha com dicas para dormir melhor durante a pandemia.

Entre as orientações estão estabelecer uma rotina diurna, separando o tempo para o trabalho, a socialização com a família, as atividades domésticas, as refeições e atividades físicas.

A rotina noturna também deve ser organizada, como tentar dormir sempre no mesmo horário para manter os ritmos biológicos do organismo.

É importante evitar o uso de equipamentos eletrônicos, como computador, televisão e celular –nada de ficar olhando as redes sociais até  adormecer–, 1 hora antes de dormir. Além da emissão de luz desses equipamentos promover excitação fisiológica, pois sinaliza para o cérebro que ainda é dia, a informação ou conteúdo acessado pode levar ao estímulo cognitivo e emocional.

Pesquisa Sono Covid-19
Para participar, acesse o site Associação Brasileira do Sono
A cartilha com dicas para melhorar a qualidade do sono está disponível aqui

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Projeto NeuroTalks promove debate sobre ansiedade na quarentena nesta quinta https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/08/12/projeto-neurotalks-promove-debate-sobre-ansiedade-na-quarentena-nesta-quinta/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/08/12/projeto-neurotalks-promove-debate-sobre-ansiedade-na-quarentena-nesta-quinta/#respond Wed, 12 Aug 2020 23:00:20 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/ailustra.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=280 Por que estamos tão ansiosos na pandemia? Esse é o tema do debate ao vivo promovido pelo projeto NeuroTalks, nesta quinta-feira (13), a partir das 18h.

A conversa será conduzida por Andrei Mayer, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e terá como convidados os psicólogos Eslen Delanogare e João Perini, alunos do Programa de Pós-Graduação em Neurociências da UFSC.

A transmissão será feita pelo canal do Youtube A culpa é do cérebro, do professor Andrei Mayer.

Além da ansiedade, a desmotivação e a insônia, comuns durante o isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus, são outros assuntos que serão abordados na conversa.

O NeuroTalks é um projeto do Programa de Pós-Graduação em Neurociências da UFSC e tem como objetivo oferecer gratuitamente palestras de neurocientistas em linguagem acessível.

Quem assistir ao debate ao vivo desta quinta receberá um certificado de participação. As informações sobre como obter o documento serão dadas no início da transmissão.

O vídeo ficará disponível no canal A culpa é do cérebro. Porém, quem assistir à gravação depois não receberá o certificado.

Debate NeuroTalks
Tema
Por que estamos tão ansiosos na pandemia?
Quando Quinta-feira (13), a partir das 18h
Onde Canal A culpa é do cérebro, no YouTube

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Estudo vai monitorar impacto da pandemia e do isolamento social na saúde mental de 4.000 paulistas https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/07/17/estudo-vai-monitorar-impacto-da-pandemia-e-do-isolamento-social-na-saude-mental-de-4-000-paulistas/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/07/17/estudo-vai-monitorar-impacto-da-pandemia-e-do-isolamento-social-na-saude-mental-de-4-000-paulistas/#respond Fri, 17 Jul 2020 10:00:25 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/spcovid.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=238 Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Pesquisadores vão monitorar o impacto do distanciamento social e da pandemia do novo coronavírus na saúde mental de 4.000 pessoas do estado de São Paulo. O objetivo do estudo é avaliar os efeitos da maior carga de estresse –seja por mudanças de hábito, luto, incertezas econômicas ou risco de contágio– tanto na população saudável quanto em pessoas com transtornos como depressão e ansiedade.

“Ainda é cedo para avaliar, pois estamos no começo do estudo. No entanto, o que percebemos até agora é que a pandemia e a quarentena têm funcionado como uma espécie de catalisador, sobretudo quando se trata de saúde mental. Basicamente, o que já não estava lá tão bem, tende a piorar. Por outro lado, fatores considerados positivos podem também ser reforçados”, diz André Brunoni, psiquiatra, professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e coordenador da pesquisa.

O acompanhamento da saúde mental durante a pandemia integra o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto – ELSA Brasil, que monitora a saúde de 15 mil funcionários públicos de seis universidades e centros de pesquisa do país desde 2008. O projeto multicêntrico, que investiga a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas, como as cardiovasculares e o diabetes em seis estados do país, tem financiamento do Ministério da Saúde. O Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP coordena a pesquisa em São Paulo, sendo responsável por um terço dos participantes do estudo.

O monitoramento da saúde mental durante a pandemia será realizado com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) apenas com os participantes do ELSA no estado de São Paulo –todos eram servidores ou aposentados da USP quando a pesquisa começou e têm idade entre 35 e 74 anos. A coleta de informações será realizada até dezembro de 2020 e a previsão é que a análise do estudo completo dure dois anos.

Questões relacionadas à saúde mental na pandemia têm sido investigadas desde o surgimento da Covid-19 na cidade chinesa de Wuhan. Porém, de acordo com Brunoni, um dos diferenciais da pesquisa do ELSA em relação à maioria dos estudos que estão surgindo está no fato de as pessoas pesquisadas serem monitoradas já há vários anos.

“Em outras palavras, trata-se de um estudo de coorte, que é considerado mais robusto do que estados de prevalência, os quais fazem apenas uma avaliação pontual sem conhecer o histórico psiquiátrico do sujeito”, diz o pesquisador à Agência Fapesp.

A cada onda da pesquisa, realizada desde 2008 e atualmente indo para a quarta onda, os participantes fazem exames e entrevistas nas quais são avaliados aspectos como condições de vida, diferenças sociais, relação com o trabalho, gênero e especificidades da dieta da população brasileira.

“Com isso é possível saber não só se a pessoa tem a sensação de estar mais ou menos estressada, deprimida ou ansiosa. É possível comparar com antes da pandemia, saber quanto mudou e ir além de uma análise do estado agudo na quarentena e saber quanto é esse impacto”, diz.

Surpresas da quarentena

Embora exista a hipótese de sobrecarga de estresse por causa da pandemia e da quarentena, o pesquisador não descarta a possibilidade de que o estudo encontre respostas não tão óbvias.

“Diante deste cenário de distanciamento social, isolamento domiciliar e maior risco, é esperado que inúmeras repercussões psiquiátricas e psicológicas ocorram. No entanto, é preciso levar em conta também que a cidade de São Paulo já é altamente estressante, com muito trânsito e barulho, com extensa jornada de trabalho. Vários estudos mostram uma prevalência altíssima de ansiedade, entre 20 e 30%, e depressão, que varia de 5% a 10%. Então, também não seria totalmente surpreendente encontrar estabilização dessas taxas ou até mesmo melhoras nesses índices em indivíduos que conseguiram se adaptar à quarentena”, diz.

Além do estudo inédito sobre saúde mental durante a pandemia, o ELSA-Brasil vai permitir fazer relações entre questões associadas ao estado de saúde, de saúde mental e da própria Covid-19. “Sabemos tudo no que se refere à saúde dessas pessoas. Felizmente, ao longo desses anos, a adesão dos participantes tem sido muito boa. Portanto, além do estudo em saúde mental apoiado pela Fapesp, será possível também fazer futuramente conexões entre a ação do vírus e comorbidades, como diabetes e doenças cardiovasculares. Outra questão em que estamos interessados são os casos sem sintomas mentais, ou seja, entender por que determinadas pessoas são tão afetadas e outras não”, diz Isabela Benseñor, epidemiologista e professora da FMUSP e coordenadora-geral do ELSA-Brasil.

Teleatendimento e educação emocional

O estudo do ELSA direcionado à saúde mental será dividido em duas partes. A primeira consiste na pesquisa por meio de questionários online e por telefone sobre o impacto da pandemia e da quarentena na saúde mental das pessoas.

“Normalmente, o questionário é respondido presencialmente. Porém, em virtude da necessidade de isolamento social, foi preciso inovar e fazer o questionário online. Com isso, foi preciso alterar algumas questões e adaptá-las. Já recebemos mais de 1.500 respostas”, diz Brunoni.

Em quatro avaliações virtuais durante a pandemia, os pesquisadores pretendem avaliar, por meio de questionários, sintomas depressivos e ansiosos, ideação suicida, aumento de estresse, fatores de proteção e fatores de risco dessa população durante a pandemia da Covid-19.

“Tivemos de adaptar o questionário e incluir perguntas referentes à quarentena e à pandemia para entender melhor o que está acontecendo. Embora os pesquisados sejam funcionários da USP, com teoricamente maior estabilidade financeira, incluímos perguntas sobre incertezas econômicas e questões relacionadas aos companheiros ou companheiras, por exemplo”, diz Brunoni.

Já a segunda etapa será dedicada para a avaliação da eficiência de terapia à distância. Os pesquisados que apresentarem necessidade de atendimento psiquiátrico ou psicológico serão encaminhados para teleatendimentos com uma equipe de psicólogos e psiquiatras. Desde o início da quarentena, em março de 2020, os teleatendimentos passaram a ser autorizados pelo Conselho Federal de Psiquiatria e pelo Conselho Federal de Psicologia.

“Nessa etapa será possível avaliar as modalidades de teleatendimento e também a chamada psicoeducação para o manejo da ansiedade e do estresse”, diz.

No Brasil, os participantes realizarão exame sorológico para diagnóstico de Covid-19 em data a ser definida, provavelmente no início do próximo ano. “Essa etapa será realizada ao final da pandemia, de maneira presencial, no próprio centro de pesquisa, localizado no Hospital Universitário da USP”, afirma Benseñor.

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Mais de 50% dos paulistas adultos dizem sentir ansiedade com frequência desde o início da pandemia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/07/08/mais-de-50-dos-paulistas-adultos-dizem-sentir-ansiedade-com-frequencia-desde-o-inicio-da-pandemia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/07/08/mais-de-50-dos-paulistas-adultos-dizem-sentir-ansiedade-com-frequencia-desde-o-inicio-da-pandemia/#respond Wed, 08 Jul 2020 17:55:29 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/ansiedade.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=230 Karina Toledo | Agência FAPESP – Mais de metade da população adulta do estado de São Paulo afirma sentir ansiedade ou nervosismo com frequência desde que a pandemia causada pelo novo coronavírus começou, revela uma pesquisa feita pela internet com 11.863 indivíduos por cientistas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Para 39% dos entrevistados, sentir-se triste ou deprimido passou a ser algo rotineiro durante a quarentena e quase 30%, que antes dormiam bem, começaram a enfrentar problemas de sono. Os dados foram coletados entre os dias 24 de abril e 24 de maio por meio de questionário online. Em seguida, foram calibrados com base nos indicadores da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD, 2019) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de modo a apresentar a mesma distribuição por sexo, faixa etária, raça e grau de escolaridade da população paulista.

“Um dos objetivos da iniciativa foi avaliar o estado de ânimo dos brasileiros durante o período de isolamento social e os resultados mostram que, nesse aspecto, os adultos jovens [entre 18 e 29 anos] foram os mais afetados: 54,9% com tristeza frequente e 69,7% com ansiedade frequente, enquanto entre os idosos esses percentuais foram, respectivamente, 25% e 31%”, conta Marilisa Barros, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e coordenadora do estudo ao lado de Célia Landmann Szwarcwald (Fiocruz) e Deborah Carvalho Malta (UFMG).

Na comparação entre os sexos, as mulheres apresentaram percentuais bem mais elevados do que os homens: 48,4% se sentiram tristes ou deprimidas com frequência e 60,1% ansiosas ou nervosas, enquanto entre os homens os índices foram 28,5% e 40,6%, respectivamente.

Para 26,5% dos participantes, a saúde como um todo piorou após o início da pandemia. Cerca de 40% começaram a sofrer de dores na coluna e 56,6% dos que já tinham um problema crônico nesse sentido (32,7% da mostra) relataram aumento na dor. O percentual de indivíduos considerados fisicamente ativos (mais de 150 minutos de exercícios por semana) caiu de 30,5% para 14,2%. Por outro lado, o hábito de assistir televisão por três horas ou mais aumentou de 21% para 52% e o uso de tablet ou computador por mais de quatro horas diárias passou de 46,2% para 64,3%.

“O aumento no sedentarismo e no tempo em frente a telas já era esperado, mas o percentual de pessoas com dores na coluna foi algo que nos surpreendeu. Acreditamos que isso tenha relação com as mudanças nas atividades habituais. Mais pessoas passaram a se dedicar às atividades domésticas, por exemplo”, avalia Barros.

A pesquisa revela ainda uma piora nos hábitos alimentares dos paulistas. O percentual dos que comem verduras e legumes ao menos cinco dias por semana caiu de 42% para 35,9%, enquanto o consumo de alimentos considerados não saudáveis (em dois ou mais dias por semana) cresceu: congelados passou de 8,6% para 13%; salgadinhos de 8,5% para 13,7%; e chocolate de 46,5% para 52,7%.

Também foi observado um maior consumo de bebida alcoólica e tabaco no período. “Embora felizmente o número de fumantes em nossa população seja pequeno [15,7% da mostra], 28% deles disseram estar fumando mais cigarros por dia. O aumento foi maior entre as mulheres [31,5%] do que entre os homens [24,3%]. Além disso, o percentual foi duas vezes mais elevado entre os que relataram tristeza frequente e três vezes superior nos indivíduos que se sentiam frequentemente ansiosos. Essa mesma relação com o estado de ânimo foi vista entre os 18,4% dos entrevistados que disseram ter aumentado o consumo de bebidas alcoólicas”, conta Barros.

Renda e emprego

Embora questões relacionadas à saúde sejam o foco da Convid Pesquisa de Comportamentos, o questionário online incluía questões que permitiram aos pesquisadores avaliar o impacto socioeconômico da pandemia e da quarentena sobre a população estudada.

Ao todo, 55,3% das pessoas relataram diminuição da renda familiar e 6,3% ficaram sem nenhum rendimento. A população mais pobre (renda per capita inferior a meio salário mínimo) foi a mais afetada. Nesse grupo, 9,4% ficaram sem rendimento e apenas 26,4% conseguiram manter o nível de renda anterior à pandemia, enquanto no segmento mais rico (quatro salários mínimos ou mais) esses percentuais foram, respectivamente, de 6,9% e 48,8%. Entre os trabalhadores autônomos, 91% relataram perda parcial ou total de renda.

Em relação à situação atual de trabalho, 3% dos adultos de São Paulo perderam o emprego e 19,1% ficaram temporariamente sem trabalhar. Continuaram trabalhando fora de casa 19,5% e 27,4% aderiram ao home office. Quanto à condição prévia de trabalho, 55,7% dos que trabalhavam por conta própria ficaram sem trabalhar, assim como 26% dos donos de empresas e de trabalhadores sem carteira assinada.

“Já sabíamos que a pandemia está afetando o emprego e a renda da população, mas não estava bem claro em que proporção. Esses percentuais foram mais elevados do que eu esperava”, diz Barros à Agência FAPESP.

A pesquisadora também afirma ter se surpreendido com a alta adesão da população ao isolamento social. Pouco mais de 60% afirmaram ter saído de casa no período estudado apenas para compras em supermercado e farmácia e 15,7% saíram apenas para ir a serviços de saúde.

“Se considerarmos somente os idosos, o percentual dos que saíram apenas para ir a um serviço de saúde chega a 32%. No entanto, 10% das pessoas com mais de 60 anos seguiram levando uma vida quase normal e continuaram a trabalhar fora de casa”, conta Barros.

Quase 27% dos entrevistados disseram ter sentido sintomas de gripe durante o período da pesquisa e apenas 3,6% conseguiram fazer o teste para diagnóstico da Covid-19. Desses, 41,5% tiveram um resultado positivo.

De olho nos adolescentes

Com o objetivo de avaliar o impacto da pandemia e da quarentena na população entre 12 e 17 anos, os pesquisadores acabam de lançar a ConVid Adolescentes – Pesquisa de Comportamentos. Assim como a versão anterior, feita com os adultos, o questionário pode ser respondido pela internet e as informações fornecidas serão confidenciais. Interessados em participar podem acessar o link aqui.

“Os adolescentes precisarão obter a autorização de seus pais no termo de consentimento para poder participar da pesquisa”, explica Barros.

De acordo com a pesquisadora, o objetivo das duas pesquisas é gerar subsídios para o desenvolvimento de intervenções e políticas públicas que ajudem a minimizar os impactos negativos da pandemia e do isolamento social na saúde da população.

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Hospital das Clínicas lança aplicativo gratuito para cuidar da saúde mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/07/06/hospital-das-clinicas-lanca-aplicativo-gratuito-para-cuidar-da-saude-mental/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/07/06/hospital-das-clinicas-lanca-aplicativo-gratuito-para-cuidar-da-saude-mental/#respond Mon, 06 Jul 2020 10:00:13 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/198f0c3d9e981cd75c12e18154d8eebf283a46f90c96a8b57934144637b3d578_5ae6cd9798dc7.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=217 O Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) lançou há duas semanas um aplicativo gratuito em que o usuário pode avaliar sua saúde mental diariamente, receber explicações sobre temas como depressão, ansiedadeburnout e assistir a vídeos sobre os tópicos abordados.

O aplicativo COMVC está disponível na Google Play e na App Store. A ferramenta faz parte do projeto COMVC-19, definido pelo Hospital das Clínicas como o Equipamento de Proteção Individual (EPI) de saúde mental do colaborador do Complexo HC-FMUSP no combate à pandemia do novo coronavírus.

O psiquiatra Eurípedes Miguel Filho, professor titular e chefe do Departamento de Psiquiatria da FMUSP, explica que o projeto foi desenvolvido para dar suporte aos colaboradores do Hospital das Clínicas que atuam na linha de frente contra a Covid-19, que são os trabalhadores que mais correm o risco de se contaminar pelo vírus e sofrem com estresse diário.

“Mas profissionais de saúde de outras instituições e o público em geral também podem utilizar o aplicativo”, diz.

Para usar, basta baixar o app no celular, completar o perfil com nome (pode ser apenas o primeiro), email, senha e informar se é profissional de saúde, estudante ou de outra área.

A partir daí, o usuário poderá responder, em uma escala de 1 a 5, se está se sentindo deprimido, apreensivo e ansioso, por exemplo, e em uma escala de 1 a 10, sobre como está seu sono ou se está se sentido esgotado ao final de um dia de trabalho.

Ao terminar o questionário, a pessoa recebe pequenos relatórios sobre seu humor, ansiedade, sono e cansaço, de acordo com sua pontuação, e a sugestão de vídeos disponíveis no próprio aplicativo.

Assista abaixo ao vídeo sobre a diferença entre depressão e tristeza.

As gravações foram feitas em parceria com o Hospital das Clínicas de Porto Alegre e também estão disponíveis no seu canal no YouTube. São 30 vídeos educativos sobre saúde mental, depressão, ansiedade, estresse, burnout, raiva, meditação, relaxamento, mudanças de hábitos, alimentação e resolução de problemas.

O usuário também pode acompanhar sua evolução com gráficos disponíveis no aplicativo, gerados a partir das respostas dadas.

“Se o colaborador do HC atingir acima de uma determinada pontuação, o aplicativo mostra o número de telefone da nossa hotline para receber apoio psicológico. Se o usuário não for profissional da saúde, aparecerá uma mensagem dizendo que está na hora de procurar ajuda“, conta Eurípedes.

Os dados obtidos pelo aplicativo serão utilizados para analisar e desenvolver estudos sobre a saúde mental dos profissionais de saúde e seu comportamento durante a pandemia.

O projeto COMVC-19 é desenvolvido pelos departamentos de Psiquiatria, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP, Núcleo de Humanização, Divisão de Psicologia do Instituto Central e o Centro de Atenção ao Colaborador.

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Sentir raiva na quarentena está associado a imprevisibilidade e sensação de impotência, dizem especialistas https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/06/29/sentir-raiva-na-quarentena-esta-associado-a-imprevisibilidade-e-sensacao-de-impotencia-dizem-especialistas/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/06/29/sentir-raiva-na-quarentena-esta-associado-a-imprevisibilidade-e-sensacao-de-impotencia-dizem-especialistas/#respond Mon, 29 Jun 2020 10:00:51 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/098a3f5316dd876ed020fe69d0ceb5c92068540a88b460acda3285405ded912e_5ae6e76851cea.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=194 “O que mais dá raiva é levar o negócio a sério e ver que tem gente andando na rua como se nada estivesse acontecendo. Essa é uma das coisas que mais me tira do sério”, desabafa José Henrique Silva, 40.

O chef de cozinha atua no setor de festas e eventos e está sem trabalhar desde o início da quarentena causada pela pandemia do novo coronavírus.

“Percebi já nas duas primeiras semanas de isolamento social que meu humor mudou completamente. Ficava irritado com qualquer coisa, agora estou um pouco mais calmo. Mas no começo foi bem difícil”, diz.

José Henrique conta que chegou a brigar com vizinhos que se reuniram com familiares em casa. Ele mora em Cotia (a 31 km de São Paulo), em uma vila residencial com seis casas, onde os moradores dividem as áreas comuns.

“Meus vizinhos são evangélicos e, segundo eles, decidiram fazer uma oração em família. Mas trouxeram cachorro, gato, periquito, a mãe, a sogra, a casa encheu de gente”, diz.

“O pior é que essa vizinha é enfermeira e trabalha em pronto-socorro, ou seja, ela sabe muito bem os cuidados que devemos ter. Mesmo assim, passou por cima de tudo. Porque ela não desrespeitou só a mim, ela desrespeitou a todos que moram aqui.”

A psicóloga Fabíola Freire Saraiva de Melo, coordenadora do curso de psicologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), explica que a raiva está associada com a sensação de impotência.

“Toda vez que ficamos impotentes diante de alguma situação, sentimos raiva. É como uma criança que se sente frustada e tem um ataque de birra. É uma força, um sentimento muito forte que toma conta da pessoa, uma sensação de descontrole”, afirma Fabíola.

Para a psicóloga, a imprevisibilidade causada pela pandemia do novo coronavírus pode aumentar a irritabilidade e a raiva nas pessoas.

“Numa semana fala-se em “lockdown”, na outra em reabertura. Além disso, estamos sendo privados de ter contato com quem amamos, de vivenciar o luto, muitos estão sem poder trabalhar“, observa.

É o que tem enfrentado a aposentada Solange Ribeiro, 63. Ela mora no Rio de Janeiro e desde março não pode ver as filhas Stephanie, médica, e Thalita, jornalista, e o neto Théo.

“Quando começou o corona, eu estava de malas prontas para viajar para o interior de São Paulo visitar minha família. Sempre via minhas filhas e meu neto, que moram no Rio também”, conta. “Na época, achei melhor cancelar a viagem e esperar mais uns 15 dias. Só que desses 15 dias, estou até hoje aqui.”

A raiva, para Solange, vem da incerteza de não saber o que vai acontecer nos próximos dias.

“Aqui, no Rio, parece que nunca termina o pico da doença. A curva está sempre subindo. Então isso está deixando todo mundo com raiva, não só eu, mas também meus amigos, principalmente o pessoal da mesma faixa etária. Tenho amigas que estão depressivas, longe da família. São pessoas ativas, que gostam de sair, sem depender de ninguém e, de repente, agora têm que depender dos filhos para trazer alguma coisa, ou de amigos”, relata.

“Minhas filhas não podem vir aqui, porque uma é médica e a outra é repórter de rua. O Théo está com 1 ano e 4 meses. Vejo eles pela janela, pelo vídeo todos os dias, aí fico matando a saudade. E fico sozinha, não tem ninguém na minha casa. Fico conversando com quem? Com o Buddy, meu cachorro. Vendo live, vendo filme, ouvindo música, mas tem uma hora que tudo cansa.”

Desde o início da pandemia na capital fluminense, Solange tem tomado todos os cuidados contra o coronavírus. Há um mês ela perdeu uma amiga para a Covid-19.

“É angustiante, porque vou da cozinha para a sala, da sala para o quarto. Nos últimos dias comecei a descer com o Buddy para ele passear, mas sempre com máscara, aquele cuidado todo. Tá muito complicado aqui no Rio com esse abre e fecha. Cada hora o governo fala uma coisa. Isso vai gerando uma raiva, uma angústia. Porque você cria uma expectativa que vai acontecer, que vai terminar tudo isso e nada. E a saudade da família é muito grande.”

O psiquiatra Diego Tavares, pesquisador do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), afirma que o cenário atual favorece as alterações de humor.

“A pandemia é um prato cheio para tudo isso. É uma situação estressante, abrupta e inesperada”, diz.

Apesar de o sentimento de raiva ser comum nesse contexto de imprevisibilidade, ele pode estar associado a doenças como depressão e transtorno bipolar se for constante. Nesses casos, muitos confundem o sintoma como se fosse um traço de personalidade.

“A irritabilidade do deprimido é mais introspectiva, não tem agressividade. A pessoa fica ranzinza, reclamona, pessimista. É mais inócua para que está perto”, afirma. “Já na bipolaridade, a irritabilidade é mais agressiva, explosiva e com tendência a brigas.”

Diego afirma que a irritabilidade também pode aparecer em pacientes com transtorno de ansiedade. Nesse caso, está associada ao excesso de preocupação e medo.

Os sintomas mais comuns da raiva são o tom de voz alterado, a falta de paciência e o hábito de bufar ou suspirar intensamente.

“À medida que o indivíduo fica mais nervoso, ele vai perdendo o filtro e começa a brigar com a família, com os colegas de trabalho e mesmo com desconhecidos na rua ou no trânsito”, diz.

Para quem convive com uma pessoa que está nervosa, o psiquiatra dá um conselho. “Nunca pergunte se a pessoa está com raiva. É fácil identificar que ela está. O melhor é sair de perto, a pessoa irritada precisa ficar afastada para se acalmar.”

Se a irritabilidade é um sintoma constante e começar a atrapalhar o relacionamento com outras pessoas, é importante procurar ajuda de um psicólogo ou de um psiquiatra, recomenda o médico.

José Henrique, o chef de cozinha, conta que começou a fazer terapia online e meditação durante a quarentena. “Eu já tinha feito terapia há muito tempo, mas parei. Era algo que queria muito voltar a fazer e tive oportunidade agora.”

Para desestressar, ele diz que também redecorou a casa. “Pintei, troquei os móveis, comprei plantas. Cozinhei muito também, mas estou estudando decoração, saindo um pouco do foco da cozinha”, diz.

Solange também tem cozinhado e mudado o ambiente onde está confinada. “Para aliviar, tenho feito comida. Faço bolo, faço pão caseiro. Agora vou pintar o apartamento. Já lixei as paredes e vou começar a pintar”, conta.

A psicóloga Fabíola ressalta a importância de mudar a perspectiva nesse momento para aprender a lidar com a raiva e com a frustração.

“Enquanto a pessoa está se debatendo de raiva, ela não consegue aceitar essa situação que todos nós estamos enfrentando. É preciso ressignificar essa experiência e aprender com ela”, explica.

“Não é brincar de ser poliana, de enxergar um lado bom nisso. Mas a gente precisa usar a criatividade e encontrar formas de lidar com a realidade”, observa.

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Instituto lança mapa da saúde mental com serviços gratuitos em todo o Brasil https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/05/14/instituto-lanca-mapa-da-saude-mental-com-servicos-gratuitos-em-todo-o-brasil/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/05/14/instituto-lanca-mapa-da-saude-mental-com-servicos-gratuitos-em-todo-o-brasil/#respond Thu, 14 May 2020 10:00:45 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/camma.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=159 O instituto Vita Alere, que desenvolve projetos e pesquisas relacionados à saúde mental, lançou na segunda-feira (11) um site que mostra onde e como buscar serviços gratuitos de psicologia e psiquiatria.

A iniciativa, que teve apoio técnico do Google, traz um mapa virtual, com contatos para atendimento online, e um mapa presencial, com endereços de Caps (Centro de Atenção Psicossocial), Caism (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental ), hospitais psiquiátricos, ONGs e clínicas de faculdades.

O site também indica o atendimento de acordo com o tipo de paciente: para o público em geral, para profissionais da saúde e para grupos específicos, como pessoas que perderam parentes e amigos por Covid-19, idosos, gestantes e adolescentes.

Karen Scavacini, psicóloga e fundadora do Vita Alere, conta que o mapa seria lançado daqui a alguns meses, mas a equipe decidiu antecipar a estreia devido à pandemia do novo coronavírus e à maior busca por atendimento psicológico durante a quarentena.

Para facilitar qual tipo de ajuda buscar, o site tem um guia que explica como funciona o tratamento com um psicólogo, o que faz um psiquiatra, em quais situações se deve procurar um hospital psiquiátrico, por exemplo.

“A gente fala para as pessoas procurarem ajuda, mas nem sempre elas sabem onde buscar essa ajuda e qual tipo de ajuda elas precisam”, observa Karen.

A psicóloga conta que nos próximos dias será publicada uma lista com os principais sintomas de cada transtorno mental. “Obviamente, a ideia não é fazer um diagnóstico, mas orientar o público sobre um psicoeducação mesmo. Para que as pessoas que se identifiquem com alguns sintomas saibam que ações elas podem tomar”, diz.

O site também traz dicas de segurança digital para quem procura atendimento online.

Fundado em 2013, o Vita Alere tem foco em educação socioemocional, prevenção e posvenção do suicídio e autolesão. “Posvenção é todo o trabalho que a gente faz específico para pessoas que perderam amigos e parentes por suicídio”, explica.

O mapa da saúde mental, lançado pelo instituto, tem apoio do CVV (Centro de Valorização da Vida), da Abeps (Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio), do IASP (International Association for Suicide Prevention) e da SaferNet.

Acesse o mapa da saúde mental em mapasaudemental.com.br.

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Conheça aplicativos gratuitos de jogos para treinar a mente e exercitar o cérebro na quarentena https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/04/28/conheca-aplicativos-gratuitos-de-jogos-para-treinar-a-mente-e-exercitar-o-cerebro-na-quarentena/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/04/28/conheca-aplicativos-gratuitos-de-jogos-para-treinar-a-mente-e-exercitar-o-cerebro-na-quarentena/#respond Tue, 28 Apr 2020 20:19:03 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/COGNIFIT.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=153 Se você é do tipo que não consegue desgrudar os olhos do celular durante a quarentena provocada pela pandemia do novo coronavírus, uma boa dica é abastecer o smartphone com aplicativos gratuitos para treinar a mente e tirar o foco do medo e da ansiedade causados pelo avanço da Covid-19.

“Os jogos propiciam não só entretenimento, mas também podem contribuir para treinar e desenvolver diferentes tipos de habilidades cognitivas e exercitar o cérebro”, diz Pollyana Notargiacomo, professora de pós-graduação em engenharia elétrica e computação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Fit Brains Trainer
Jogo elaborado por um pesquisador da área de neurociência, foca a percepção visual, reconhecimento, processamento visual, linguagem e inteligência emocional. O Fit Brains classifica as habilidades da menor para a que requer maior treino, e estabelece uma rotina diária de treinamento.
Clique para baixar: Google Play, App Store

Memorando
Agrupa mais de 30 jogos científicos e dispõe de sessões de áudio para meditação. Oferece treinamento personalizado para a memória, concentração, lógica, velocidade mental, além de aspectos ligados ao âmbito emocional, ao sono e à agilidade para a aquisição de novas habilidades. Possui também uma versão paga para uso de todos os jogos e programas de áudio para mindfulness.
Clique para baixar: Google Play, App Store

Mensa Brain Training
Trabalha memória, agilidade, percepção, raciocínio e concentração, gerando um indicador denominado de MBI (Mensa Brain Indicator), o que possibilita analisar o desenvolvimento do jogador ao longo do tempo, assim como realizar treinos diários.
Clique para baixar: App Store

CogniFit
Realiza uma avaliação das habilidades cognitivas e estabelece um programa de treinamento personalizado (voltado à estimulação cognitiva, considerando o raciocínio, a atenção, a memória de trabalho, a percepção espacial, o tempo de resposta, dentre outras, totalizando 23 habilidades para treino) conforme as necessidades do jogador. A versão gratuita é limitada a três habilidades: percepção visual, exploração visual e reconhecimento.
Clique para baixar: Google Play, App Store

5 Differences Online
Lembra de que quando você era criança e brincava de procurar os 7 erros em revistas de desafios? O 5 Differences Online é um jogo que acrescenta novos elementos à tradicional proposta: grau crescente de dificuldade, tempo e competição com outros jogadores. Portanto, o foco e a atenção são requisitados durante toda a interação com o game ao buscar as diferenças entre duas imagens.
Clique para baixar: Google Play, App Store

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Sentir tristeza na pandemia é natural, mas isso não pode nos paralisar, diz professor de psicologia positiva https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/04/11/sentir-tristeza-na-pandemia-e-natural-mas-isso-nao-pode-nos-paralisar-diz-professor-de-psicologia-positiva/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/04/11/sentir-tristeza-na-pandemia-e-natural-mas-isso-nao-pode-nos-paralisar-diz-professor-de-psicologia-positiva/#respond Sat, 11 Apr 2020 10:00:55 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/ee22cdff5c5f5569ba19caf8ae5aab0a99c079ffee6923659b9dde1b2a590389_5ae6c7e3ad434.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=135 Doença, mortes, crise econômica e fome. Essas são as consequências esperadas a curto e longo prazo pela pandemia do novo coronavírus.

Nesse cenário, a tristeza e o medo são sentimentos naturais que devem acometer, em graus diferentes, toda a população.

Para Gustavo Arns, professor de pós-graduação em psicologia positiva da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), o ponto não está em não ficar triste, mas não se deixar paralisar por esse sentimento.

“É claro que vai trazer tristeza a situação externa, mas posso usar essa tristeza como motor, como combustível para agir”, afirma.

Gustavo, que é sobrinho-neto do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, segue as abordagens para a felicidade propostas pelo psicólogo israelense Tal Ben-Shahar, professor de psicologia positiva na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Leia abaixo a entrevista.

Nessa época de pandemia, estamos vendo muitas coisas tristes acontecerem, como os mais pobres que agora estão passando por dificuldades ainda maiores, ONGs que estão perdendo voluntários e doações, além das mortes que devem continuar aumentando nos próximos meses. Como não ficar triste nesse cenário?

A ciência da felicidade, na vertente da psicologia positiva, diz que, de fato, é muito difícil aplicar aquilo que a ciência vem descobrindo para pessoas em áreas de conflito, sob opressão política e áreas de extrema pobreza.

Depois da perda de um ente querido, por exemplo, é difícil você se ocupar dessa questão da felicidade. Os princípios gerais estudados e compreendidos pela ciência de como se dá o processo de felicidade, tanto neuroquimicamente quanto biofisicamente, não são também uma panaceia que vai resolver todos os problemas de todas as pessoas em qualquer situação.

A gente não pode correr o risco de cair na superficialidade e dizer “olha o lado bom da vida”, enquanto o outro está numa situação em que isso não é possível.

Então essas ideias não se aplicam a muitos dos obstáculos externos que surgem no caminho da felicidade e também não são suficientes para derrotar todos os obstáculos internos que surgem nessa caminhada.

Por outro lado, o que a gente vem compreendendo por meio da ciência das emoções é que o ponto não está em não ficar triste. É claro que essas situações externas trazem tristeza quando a gente olha para elas, mas o uso da inteligência emocional reside no fato de não se deixar paralisar por essa tristeza.

É não entrar em uma depressão profunda que me tire a vontade de viver por conta disso. É claro que vou ficar triste e vou ficar com medo, mas vou encontrar um lugar emocionalmente seguro dentro de mim para que eu possa lidar com tudo isso tanto emocionalmente quanto na vida prática, porque todas as pessoas estão tendo, de alguma forma, que se reinventar profissionalmente.

Se o medo me paralisa, ele não me é útil. As emoções, palavra que vem do latim emovere, estão aí para nos colocar em movimento, para nos tirar do lugar em que estamos.

A gente pode canalizar as emoções para o nosso proveito. É claro que vai trazer tristeza a situação externa, mas eu posso usar essa tristeza como motor, como combustível para agir. Inclusive nessa situação que me deixa triste. O que é que eu posso fazer por isso? Em vez de paralisar e não fazer nada.

Quais são as cinco abordagens que você propõe para manter a saúde mental durante a pandemia?

Na verdade, essas cinco abordagens propostas são do professor Tal Ben-Shahar, ele propõe como conceito de felicidade um modelo que, em inglês, ficou conhecido como Spire (Spiritual, Physical, Intellectual, Relational, Emotional) em que o conceito de felicidade é uma combinação do bem-estar físico, emocional, intelectual, relacional e espiritual.

É a combinação desses cinco elementos que nos leva a uma vida mais feliz. Isso é bastante interessante porque quebra o conceito abstrato de felicidade, em que eu não sei bem o que é e não sei bem como chegar lá para uma possibilidade mais palpável.

Pelo meu bem-estar físico, eu sei exatamente o que posso fazer agora. O bem-estar emocional também e assim por diante. Quando a ciência quebra esses conceitos abstratos em pedacinhos menores, ela os torna mais possíveis, mais viáveis.

Dentro desses cinco aspectos, quando focamos na saúde mental, percebemos que tudo começa com como eu me alimento mentalmente, o que estou consumindo –os livros que estou lendo, as notícias que estou vendo, as pessoas com quem converso, as redes sociais, tudo isso vai nos alimentando mentalmente de alguma forma e precisamos pensar em uma alimentação mental saudável.

Com isso, obviamente o excesso de notícias de e uso de redes sociais se torna uma alavanca para o nosso desequilíbrio mental. É preciso tomar bastante cuidado principalmente com o excesso de informação que estão nas redes.

A boa saúde mental também requer a rotina e eu sei que todas as pessoas com quem converso vivem situações diferentes: alguns estão com a família, alguns sozinhos, outros com os filhos, todos tendo que tomar conta das tarefas de casa, cozinhar e ainda dar aula para os filhos.

Mas é importante que, na medida do possível, crie-se uma rotina para deitar e acordar mais ou menos no mesmo horário. Não é indicado se deitar muito tarde por conta de um hormônio que nós produzimos chamado melatonina, que é produzido, falando a grosso modo, entre meia-noite e 2 horas .

Existe um grande debate médico sobre esse horário, mas estou falando a grosso modo do pico dele. Quando a gente deita na cama às 23h30, logo após estar de frente para uma tela, podemos até dormir, mas alguns circuitos neurais permanecem ligados e isso afeta a produção da melatonina, que é o hormônio responsável pelo real descanso no sono.

Assim, o sono acaba não sendo reparador: eu acordo ainda me sentindo cansado, mesmo que eu durma por sete ou oito horas. Por isso, a rotina de sono é importante, deitando em um horário relativamente cedo.

A alimentação do corpo físico é bastante importante, os exercícios físicos são fundamentais nesse momento também para que possamos ter um bom uso da nossa ferramenta, que é nosso corpo físico, e nesse sentido é importante se movimentar.

Para a psicologia positiva, um ponto muito importante no nosso grau de bem-estar é a gentileza. Sermos gentis com o outro, encontrar formas de ajudar aqueles que estão mais próximos a nós, nossos vizinhos, e aqueles que estão precisando de apoio nesse momento.

Vejo muitas pessoas engajadas em diversas redes, solidárias, cada um contribuindo com aquilo que pode, com aquilo que tem. Isso com certeza ajuda a elevar o nosso grau de bem-estar nesse momento.

O psicólogo americano Martin Seligman, considerado o pai da psicologia positiva, criou o conceito de otimismo como a disposição para avaliar o futuro de maneira positiva e trabalhar por ele.

Então quando nós conseguimos visualizar possibilidades boas no futuro, automaticamente criamos uma motivação intrínseca e interna para trabalhar por esse futuro, e isso nos torna mais resilientes, mais capazes de enfrentar as adversidades quando elas surgirem.

Nós nos tornamos mais criativos, isso significa que nós podemos criar, podemos imaginar soluções novas para problemas novos, dessa forma lidando melhor com essa situação que se desenrola.

O que os idosos e as outras pessoas que estão no grupo de risco podem fazer para não se sentirem deprimidos e com tanto medo nessa fase?

Para os idosos e para as pessoas em grupo de risco, é muito importante que se mantenham atentos a todas as medidas de seguranças necessárias para enfrentar esse momento e com isso se lembrem de que, apesar de sozinhos em casa, não precisam se sentir solitários.

Hoje a tecnologia permite nos comunicarmos com as pessoas remotamente e até vê-las em vídeo, então buscar o apoio, a companhia das pessoas mais próximas, dos familiares, dos amigos, daquelas com quem elas têm uma boa relação, para que elas possam, apesar de sozinhas, não se sentir solitárias.

Recomendo que elas exercitem esse olhar interno, esse olhar para dentro, isso que a ciência chama de solitude, que é o tempo de qualidade que passamos com nós mesmos e buscar atividades prazerosas. Isso pode ser lendo um livro, assistindo a uma boa série. E, é claro, lidar com essas emoções.

Como a inteligência emocional nos explica, todas essas emoções fazem parte da vida, são naturais e é preciso navegar por elas, é preciso compreender o que está me causando esse medo e como posso agir sobre ele. Então manter esse olhar interno atento.

O medo vem muito daquilo que nos alimentamos. É preciso tomar bastante cuidado com o que estamos vendo na televisão e nas redes sociais para que não seja em excesso, com as conversas com outras pessoas que ficam, às vezes, ficam alimentando esse medo interno ou muitas vezes essa tristeza. Observar os pensamentos nesse sentido é uma chave muito importante.

Como manter um convívio saudável com a família durante a quarentena?

A pandemia de certa forma nos convida a esse olhar interno, nos recolhermos dentro das nossas casas e de nós mesmos. Dentro dos cinco aspectos, o bem-estar relacional é um deles.

Inclusive, para a psicologia positiva, os relacionamentos são um item dos mais importantes para a construção da nossa felicidade.

É o momento de fato em que temos que aparar as arestas dos relacionamentos, e encarar isso de frente. Esse momento, pode ser uma boa hora para construirmos relacionamentos mais saudáveis com as pessoas que estão mais próximas a nós e com aqueles que amamos.

E esse convívio saudável com o outro sempre parte primeiro de um convívio saudável comigo mesmo. Só consigo me relacionar bem com o outro quando consigo dar espaço para o outro dentro de mim.

De certa forma, tudo isso que a gente falou até aqui, todas essas dicas para que possamos estar bem equilibrados emocional e mentalmente nesse momento, vão contribuir para que eu possa me relacionar bem com o outro, com um olhar mais empático, mais compassivo, mais humanitário.

E aí podemos de fato escutar o outro, que é diferente de ouvir, a escuta ela é ativa, eu abro um espaço dentro de mim para realmente acolher o que está sendo dito, sem julgamento ou aquela vontade autocentrada de falar sobre mim mesmo. O bom convívio necessita da real capacidade de dialogar e acolher.

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