Saúde Mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br Informação para superar transtornos e dicas para o bem-estar da mente Tue, 14 Dec 2021 02:30:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pensamentos intrusivos afetam mais pessoas com TOC e podem levar a abuso de substâncias, explica psiquiatra https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/#respond Thu, 25 Nov 2021 10:00:19 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/lu2-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1302 Os pensamentos intrusivos são involuntários e fazem a pessoa acreditar que vai perder o controle de alguma forma.

Eles não correspondem à realidade nem aos desejos de quem os vivencia. Geralmente dão a impressão que o indivíduo vai cometer um ato que considera abominável, como ferir outra pessoa ou a si mesmo. Ou, ainda, se ele fizer ou deixar de fazer alguma coisa, algo catastrófico pode acontecer.

“É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles”, ressalta a psiquiatra Flávia Batista Gustafson.

“Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns incluem pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo”, explica.

Apesar de poderem afetar qualquer pessoa, são mais comuns em quem tem transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático e especialmente TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

“Essas pessoas [com TOC] também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento”, conta Gustafson.

Com a pandemia da Covid-19 mais controlada e a volta do trabalho presencial e dos eventos sociais, é comum que pessoas que já tinham pensamentos intrusivos anteriormente fiquem mais vulneráveis a eles.

“Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente”, observa.

Sem um tratamento adequado, quem enfrenta esse fenômeno pode acabar recorrendo ao uso de álcool e outras drogas para tentar distrair a mente. “A pessoa se ‘medica’ com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas”, diz Gustafson.

“O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.”

Leia a seguir a entrevista com a psiquiatra.

O que são pensamentos intrusivos e como eles surgem?
Pensamentos intrusivos são pensamentos indesejados que aparecem do nada. Eles podem ser desencadeados por estresse do dia a dia, mas também podem ser sintomas de um transtorno mental. Geralmente eles são desagradáveis e até perturbadores, o que pode fazer com que as pessoas não procurem ajuda num primeiro momento por se sentirem envergonhados por esses pensamentos.

Os pensamentos intrusivos são involuntários e não têm relação com a realidade ou os desejos de uma pessoa. As pessoas não agem de acordo com esses pensamentos, muito pelo contrário, elas geralmente os consideram horríveis e inaceitáveis.

Esses pensamentos podem ser persistentes e causar angústia significativa em algumas pessoas. Frequentemente, quanto mais as pessoas tentam se livrar desses pensamentos, mais eles persistem e mais intensos se tornam.

Você poderia citar um exemplo de pensamento intrusivo que seja comum?
É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles.

Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns de pensamentos intrusivos incluem: pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo.

Os pensamentos intrusivos são comuns em transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e TOC (transtorno obsessivo-compulsivo). Por que os pacientes diagnosticados com esses transtornos costumam ter esse tipo de pensamento?
Pessoas com diagnóstico de transtornos mentais (nesse caso, principalmente aquelas com TOC) têm maior probabilidade de julgar seus pensamentos intrusivos como maus, imorais ou perigosos.

Essas interpretações geralmente levam a uma forte reação emocional negativa, o que amplifica a força percebida dos pensamentos intrusivos, elevando assim o foco sobre eles.

Essas pessoas também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento.

Qual é a diferença entre pensamento intrusivo, alucinação e delírio?
As alucinações e delírios são sintomas bastante diferentes dos pensamentos intrusivos, e costumam estar presentes em transtornos psicóticos.

As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial (auditiva, visual, olfativa, gustativa e tátil), mas as auditivas são de longe as mais comuns. É uma percepção que parece completamente real para a pessoa, mas que não está acontecendo. As alucinações auditivas são geralmente experimentadas como vozes, familiares ou não familiares, que são percebidas como distintas dos próprios pensamentos da pessoa.

A definição de delírio é um pouco diferente, embora também envolva a experiência de algo que parece real, mas não é. É uma crença obviamente falsa, mas mesmo assim o indivíduo que a experimenta pensa que é absolutamente verdadeira. Essa pessoa vai acreditar firmemente no delírio, mesmo quando repetidamente mostradas evidências contrárias.

Tanto as alucinações quanto os delírios são distúrbios, na realidade. São experiências que parecem reais para quem está sofrendo com elas, mas não têm conexão com a realidade.

Agora, com a pandemia mais controlada, as pessoas estão retomando o trabalho presencial e os eventos sociais. É comum que algumas pessoas tenham pensamentos intrusivos por medo de contaminação por Covid-19? Ou mesmo por que ficaram muito tempo em isolamento e estão enfrentando uma espécie de agorafobia?
Certamente. As pessoas que já sofriam com pensamentos intrusivos antes da pandemia agora estão muito mais vulneráveis à medida que o mundo vai se abrindo novamente ao “novo normal”.

Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente.

Muitas dessas pessoas encontraram um certo conforto emocional na situação de isolamento e do home office durante a fase mais crítica da pandemia e podem sentir muita dificuldade em enfrentar o mundo novamente.

É comum uma pessoa que tenha pensamentos intrusivos e que ainda não tenha tido um diagnóstico correto recorra ao uso de drogas e álcool? Quais são os perigos que essa prática pode acarretar?
Quando falamos em pensamento intrusivos que causam muito sofrimento, sempre lembramos do risco aumentado do abuso de substâncias, especialmente o álcool.

A pessoa se “medica” com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas.

O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.

Com um diagnóstico correto e tratamentos com psiquiatra e psicólogo é possível controlar esses pensamentos?
Pensamentos intrusivos nem sempre são o resultado de uma condição médica. Aliás, a maioria das pessoas os têm de vez em quando. No entanto, para muitas pessoas, pensamentos intrusivos podem, sim, ser um sintoma de um problema de saúde mental, como TOC ou o transtorno de estresse pós-traumático.

Esses pensamentos também podem ser um sintoma de problemas neurológicos, como uma lesão cerebral, demência ou mal de Parkinson, por exemplo. Por isso um diagnóstico bem feito é imperativo.

A melhor maneira de gerenciar pensamentos intrusivos é reduzir a sensibilidade da pessoa a esses pensamentos e seu conteúdo. O tratamento vai ser individualizado a cada pessoa, mas, em linhas gerais, o médico psiquiatra vai fazer o diagnóstico e prescrever a medicação mais indicada.

Paralelamente, é fundamental a abordagem com a psicoterapia, sendo a TCC (terapia cognitivo comportamental) a mais indicada. Por último, e não menos importante, a pessoa deve ser orientada a seguir um estilo de vida saudável, com alimentação nutritiva, atividade física e higiene do sono, o que vai somente agregar ao seu bem-estar geral.

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Mais de 30% dos empreendedores brasileiros iniciaram tratamento psicológico na pandemia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/mais-de-30-dos-empreendedores-brasileiros-iniciaram-tratamento-psicologico-na-pandemia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/mais-de-30-dos-empreendedores-brasileiros-iniciaram-tratamento-psicologico-na-pandemia/#respond Tue, 09 Nov 2021 10:00:36 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/e94c7dd3346f178f9061db76d05129d43de2308b56148613d44c334a2add30be_61186981c1068-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1295 Desde o primeiro semestre de 2020, a pandemia da Covid-19 tem impactado trabalhadores de diferentes setores com demissões, mudanças de local de trabalho e reduções salariais.

Para mapear os efeitos desse cenário entre os empreendedores brasileiros, a Troposlab, empresa especializada em inovação, em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), realizou pelo segundo ano consecutivo um estudo sobre a saúde mental das pessoas que atuam nesse setor.

A pesquisa revela que 30,13% dos entrevistados iniciaram acompanhamento psicológico durante a crise sanitária. Além disso, 53,5% dos participantes disseram ter sido diagnosticados com ansiedade, e 11,22% com depressão — as avaliações foram realizadas por profissionais especializados. O levantamento contou com a participação de 312 empreendedores de vários estados do país.

Quando comparado ao estudo realizado no ano passado, foi possível perceber que, proporcionalmente, houve uma maior quantidade de pessoas que começaram a utilizar medicamentos psiquiátricos em 2021 –26% neste ano, enquanto 16% alegaram tomar esse tipo de medicação em 2020. A atual edição da pesquisa mostra também que o início do uso de ansiolíticos entre empreendedores saltou de 6% para 10%, e de antidepressivos de 3% para 8%, em relação ao ano anterior.

De acordo com Marina Mendonça, sócia e diretora de cultura da Troposlab, existe uma conexão significativa entre o sofrimento psicológico e a queda da renda dos empreendedores. “No geral, é possível observar que empreendedores que reportam queda na renda também estão classificados com mais frequência com sintomas moderados e severos de ansiedade ou depressão. Em relação ao estresse, pessoas que respondem que tiveram queda na renda também apresentam mais sintomas severos”, afirma.

O estudo observou ainda que, no ano passado, 51,1% dos empreendedores tiveram a vida afetada pela pandemia, mas que se sentiam bem a maior parte do tempo, enquanto 24,9% dos empreendedores afirmaram que foram muito afetados. Já em 2021, 53,31% dos respondentes sentem que foram afetados e 21,49% muito afetados. Isso demonstra que não há diferenças significativas entre os períodos.

Quanto à percepção geral dos participantes sobre a pandemia, a maioria diz considerar o ambiente mais incerto (73,72%), mas os índices de 2021 são um pouco menores do que os de 2020. Por outro lado, 77,89% afirmam possuir habilidades para lidar com os desafios impostos pela crise sanitária, afirmação que se mantém semelhante aos dados do ano passado

Os resultados continuam a apontar que as mulheres apresentam maior intensidade de sintomas severos para ansiedade (12,50%), quando comparadas aos homens (2,84%), estresse (7,35% contra 1,13%) e também maior prevalência de depressão (6,61% contra 2,84%).

“Nosso objetivo é aprender sobre o empreendedor. Percebemos lacunas de conhecimento sobre como ele se desenvolve, sua personalidade, saúde mental e outros elementos que impactam suas escolhas e desempenho nos projetos empreendidos. Em nossa visão, gerar conhecimento sobre esses elementos pode nos ajudar a construir um ambiente de negócios mais sustentável”, diz Mendonça.

“Essa pesquisa é um de nossos esforços e entregas para esse ecossistema. Para que ele nos aproxime de parceiros e provoque novas iniciativas que gerem frutos para a ciência no Brasil e para o desenvolvimento saudável de nosso ambiente de negócios e inovação”.

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É possível ter um transtorno psicológico e viver bem, diz psicóloga Ana Gabriela Andriani https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/e-possivel-ter-um-transtorno-psicologico-e-viver-bem-diz-psicologa-ana-gabriela-andriani/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/e-possivel-ter-um-transtorno-psicologico-e-viver-bem-diz-psicologa-ana-gabriela-andriani/#respond Sun, 10 Oct 2021 10:00:18 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-09-at-12.42.10-300x215.jpeg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1208 O que é ter saúde mental? Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), a saúde mental é um estado de equilíbrio psíquico, físico e que envolve questões sociais. Não é definida apenas pela ausência de uma doença.

A psicóloga Ana Gabriela Andriani concorda com esse conceito. “É possível ter um transtorno ou um distúrbio de personalidade e ter uma vida equilibrada. Considerando que uma vida equilibrada não significa uma vida sem momentos de desestabilização, de tristeza e de desorganização”, observa.

Andriani ressalta que todos nós, tendo ou não um diagnóstico de transtorno mental, sofremos oscilações emocionais ao longo da vida. Para evitar as crises, quando for necessário, é preciso buscar tratamento medicamentoso com um psiquiatra e fazer psicoterapia.

Ela explica que a terapia é um caminho para o autoconhecimento. “É um trabalho em que a pessoa vai poder se conhecer melhor, entender o que está sentindo, o que se passa com ela e qual é o sentido disso que está acontecendo com ela, de onde veio isso. E aí ela vai conseguir elaborar e pensar também como reagir.”

Neste domingo (10) é celebrado do Dia Mundial da Saúde Mental. A data foi criada em 1992 por iniciativa da Federação Mundial para Saúde Mental com o objetivo de educar e conscientizar a população sobre a importância do tema e diminuir o estigma social.

Na entrevista a seguir, a psicóloga fala sobre a ideia que temos a respeito do que é uma mente sã e sobre os impactos culturais e históricos no psicológico da sociedade.

A depressão já foi chamada de “mal do século”. Atualmente, o burnout tem sido associado à geração millennial (pessoas nascidas entre 1980 e 1995). Como você vê essa relação entre transtornos e gerações? 
Sem dúvida existe uma correlação entre o momento social e histórico e os transtornos psíquicos que são produzidos ali. Porque os transtornos psíquicos são constituídos a partir das condições de vida das pessoas, da cultura da sociedade e do que acontece ali em termos sociais. Então, por exemplo, na época do Sigmund Freud (1856-1939), que era uma época de grande repressão sexual, o transtorno mais comum, ao qual ele de dedicou a estudar, era a histeria. Em períodos pós-guerra, principalmente depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), surgiam neuroses de guerra, que são caracterizadas por depressão e por grandes traumas. Hoje, num momento que a gente tem uma cultura que valoriza muito a aceleração e a alta performance, a gente vê crises de ansiedade, burnout e crises de pânico como sendo os transtornos mais vigentes.

Agora, para a gente conseguir elaborar, simbolizar o está vivendo, a gente precisa se conhecer. Saúde psíquica também tem a ver com autoconhecimento. Porque o autoconhecimento amplia a nossa capacidade de pensar sobre nós mesmos e sobre o mundo, sobre as nossas relações, sobre tudo que a gente está vivendo.

Receber um diagnóstico de transtorno psicológico pode ser um baque para algumas pessoas. É possível continuar tendo uma vida feliz e equilibrada mesmo convivendo com um transtorno e tendo que tomar medicações para o resto da vida? 
Sim, é possível ter um transtorno ou um distúrbio de personalidade e ter uma vida equilibrada. Considerando que uma vida equilibrada não significa uma vida sem momentos de desestabilização, de tristeza e de desorganização.

É importante considerar que a gente vai oscilar emocionalmente ao longo da vida. Em quem tem um transtorno ou um distúrbio de personalidade também vai sofrer oscilações. Mas é possível evitar uma crise expandida ou mesmo viver crises com o uso de medicamentos receitados por um psiquiatra. Mas não só isso. Também por meio da realização de uma psicoterapia, que é um trabalho em que a pessoa vai poder se conhecer melhor, entender o que está sentindo, o que se passa com ela e qual é o sentido disso que está acontecendo com ela, de onde veio isso. E aí ela vai conseguir elaborar e pensar também como reagir.

É importante dizer que o remédio sozinho não vai dar conta de tornar uma pessoa mais saudável. Ele é muito importante porque traz uma estabilidade, mas é o trabalho de psicoterapia que vai propiciar à pessoa se conhecer melhor, expandir sua capacidade de pensar sobre ela mesma, sobre o que está vivendo, e é isso que vai poder transformá-la.

Com a pandemia da Covid-19, o assunto saúde mental está sendo muito debatido. Você acha que a visibilidade que o tema tem recebido tem ajudado a diminuir o estigma em relação aos transtornos psicológicos? Ou ainda temos muito caminho pela frente? 
Acredito que sim, que os assuntos relacionados à saúde mental e aos transtornos psicológicos têm sido mais divulgados. Por exemplo, neste ano e no ano passado, por conta da pandemia, falou-se bastante sobre crises de casais, sobre relações familiares, sobre burnout, crises de pânico. Vários psicólogos se disponibilizaram a fazer atendimentos gratuitos.

Acho que o tema tem sido mais debatido e as pessoas têm tido mais informações sobre isso, o que é muito bom, porque as pessoas passam a ter uma ideia de que elas não precisam só cuidar do corpo, elas precisam cuidar também da saúde mental.

Aliás, faz parte do conceito saúde esse entrelaçamento entre corpo e psique. Acredito que tanto as empresas como área do esporte, todas essas instâncias têm se voltado mais para o cuidado com a saúde mental.

Casos como o da atleta Simone Biles, que deixou de disputar algumas provas nas Olimpíadas para priorizar a saúde mental, jogam uma luz sobre a necessidade de as pessoas respeitarem seus momentos. Você acha que estamos no fim da era do “trabalhe enquanto eles dormem”? 
O que vêm mudando é que tanto as instituições como as pessoas vêm percebendo a grande necessidade de cuidar da saúde mental. Estão percebendo que essas questões relacionadas à saúde mental não podem ser deixadas de lado, porque senão a pessoa que está lá na empresa não trabalha, o atleta não tem bom desempenho, ninguém consegue ficar com uma sensação de bem-estar e viver suas vidas de forma mais saudável.

Acho que a gente vive tempos em que é exigido alta performance, alto desempenho, até uma perfeição do corpo, do trabalho, do cuidado com os filhos e uma aceleração. Tudo isso é naturalmente produtor de ansiedade. Acho que isso não vai mudar, pelo menos por enquanto. A gente vive numa sociedade com essas características.

O que eu tenho impressão que vem mudando é a necessidade de cuidado com a saúde mental atrelado ao trabalho, atrelado à alta performance e ao bom desempenho. Então, por exemplo, no esporte, vem se percebendo a necessidade de se cuidar, de saber como esse atleta está emocionalmente nas suas relações familiares, de como ele está em termos de ansiedade, e das necessidades emocionais dele para que ele consiga estar bem para desempenhar um bom trabalho. Não é que agora vai ser cuidar da saúde mental e deixar a questão do desempenho de lado. A questão, e acho que essa é a grande mudança, é que vamos cuidar das duas coisas ao mesmo tempo, o psicológico atrelado ao físico e ao trabalho, ao desempenho profissional de maneira geral.

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Dia da Saúde Mental: Clubhouse terá maratona de bate-papo sobre o tema neste domingo https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/dia-da-saude-mental-clubhouse-tera-maratona-de-bate-papo-sobre-o-tema-neste-domingo/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/dia-da-saude-mental-clubhouse-tera-maratona-de-bate-papo-sobre-o-tema-neste-domingo/#respond Sun, 10 Oct 2021 04:00:59 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/1553110458bdf90922b02eaaf9b53a4e6e915ffdabaff7648aa1665f4f530952_609994fe4e370-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1215 Para celebrar o Dia da Saúde Mental, comemorado neste domingo (10), o aplicativo Clubhouse terá uma programação com mais de 19 horas de bate-papo sobre o tema “Saúde Mental em um Mundo Desigual”.

A plataforma social de áudio hospedará a sala Mental Health Matters Club, organizada pela americana Nidhi Tewari, assistente social e terapeuta.

O evento começa às 4h e só termina às 23h30 (horários de Brasília). Ao longo do dia, serão discutidos tópicos como saúde mental durante a pandemia da Covid-19, ioga e meditação, a importância do amor próprio e bem-estar no trabalho.

Com participantes do mundo todo, os brasileiros terão seu espaço das 17h30 às 19h, quando a sala será ocupada pelo o músico Tico Santa Cruz, os psiquiatras Elisa Brietzke e Alexandre Henrique, a produtora de conteúdo Carol Maglio, a comunicadora digital Dandara Pagu e o psicólogo Felipe S. Gonçalves. Eles vão falar sobre o impacto das redes sociais na saúde mental, a relação com o corpo, estigmas e vivências.

Veja alguns destaques da programação (horários de Brasília)

– Japão, 4h 
Participantes: Dr. Sidow (psiquiatra, youtuber), Minami Yamamoto (psiquiatra), Tomoya Fujino (psiquiatra do Hospital da Universidade Médica de Aichi/Japão) e Takuya Oka (psiquiatra infantil, diretor e fundador da empresa Projeto Kakemichi)

– Indonésia, 7h
Participantes: Adjie Santosoputro (praticante de mindfulness), Detty Wulandari (cofundador do clube “Mental Health Indonesia”, no Clubhouse), Widya S. Sari (psicólogo) e David Irianto (cofundador do Greatmind Indonésia)

– Alemanha, 8h30
Participantes: Michael Thiel (psicólogo), Lan Gottinger (médico) e Sven Briken (psiquiatra)

– Índia, 10h
Participantes: Shyam Bhat (psiquiatra e especialista em medicina integrativa) e Bawari Basanti (Mahima, cantor/artista)

– Itália, 11h30
Participantes: Alessandro Bertirotti (escritor e antropologista), Laura Merli Lavagna (doutora em saúde mental), Serenella D’Ercole (life coach e pesquisadora espiritual), Giovanna D’Alessio (escritora) e Gabriele Isman (jornalista)

– Inglaterra, 14h30
Participantes: Sophia May (fundadora do Mendable App), Patrick Hill (diretor do Mendable App) e Nick Wilson (ex-veterano do Exército e especialista em saúde mental)

– Nigéria, 16h
Participantes: Betty Abang (moderadora), Victor Ugo (fundador do Mentally Aware Nigeria), Adenike Oyetunde (funcionária da administração de segurança social do governo de Lagos) e Sheifunmi Nomia Yusuf (cofundador do projeto Get Naked de conscientização sobre saúde mental)

– Brasil, 17h30
Participantes: Tico Santa Cruz (músico), Elisa Brietzke (psiquiatra), Alexandre Henrique (psiquiatra), Carol Maglio (produtora de conteúdo), Dandara Pagu (comunicadora digital) e Felipe S. Gonçalves (psicólogo)

– México, 22h
Participantes: Mariana Martinez (psicóloga, fundadora e diretora da Tu Mente Sana) e Anahi Pineda (psicóloga especializada em crianças, adolescentes e jovens)

– Canadá, 23h30
Participantes: Mohit Arora (influenciador de música, saúde e justiça social), Miali Coley-Sudlovenick (escritora) e Aishah Auks (coordenadora da organização Black Mental Health Connections)

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Consultas de terapia online crescem 151% no 1º semestre de 2021, mostra levantamento da Zenklub https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/07/consultas-de-terapia-online-crescem-151-no-1o-semestre-de-2021-mostra-levantamento-da-zenklub/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/07/consultas-de-terapia-online-crescem-151-no-1o-semestre-de-2021-mostra-levantamento-da-zenklub/#respond Thu, 07 Oct 2021 10:00:04 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/2702b99f013fa9411914f32816be4e41789f270846142409a51e7ac09570aaa3_5e6e033617da9.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1188 Desde o início da pandemia da Covid-19, em março do ano passado, muitos profissionais tiveram que deixar seus locais de trabalho e se adaptar ao home office. Os que precisaram continuar no regime presencial enfrentaram constantemente o medo de se infectar pelo coronavírus.

Como uma maneira de dar suporte emocional e evitar casos de depressão, de ansiedade e mesmo de burnout, algumas empresas oferecem sessões de psicoterapia e plantões psicológicos aos empregados.

Na plataforma de saúde mental Zenklub, que atende funcionários de mais de 300 empresas, a procura por terapia online cresceu 151% no primeiro semestre de 2021 comparado ao mesmo período do ano passado, saltando para 50 mil sessões realizadas por mês.

O número de colaboradores também aumentou. No último mês de julho, 175 mil pessoas tinham acesso aos serviços da empresa, um salto de 400% em relação ao final do ano de 2020, quando eram 35 mil.

Atualmente, o Zenklub atende 1,5 milhão de brasileiros espalhados por 187 países e 1.205 cidades. A plataforma disponibiliza sessões online com mais de 5.000 psicólogos, psicanalistas, coaches e terapeutas.

No entanto, as pessoas que não estavam acostumadas também precisaram se adaptar à terapia virtual. Leia a seguir a entrevista com Daniele Nazari, psicóloga do Zenklub, sobre como aproveitar melhor as sessões.

Como o paciente pode se preparar para aproveitar melhor a sessão online? É importante encontrar um lugar silencioso e distante de outros familiares que estejam na mesma casa, por exemplo?
Na psicologia usamos um termo chamado “setting terapêutico”, que se refere ao espaço no qual a relação terapeuta e paciente acontece. Então, mesmo online, é importante proporcionar esse ambiente para que a pessoa esteja com o foco no momento presente. A atenção deve estar voltada ao que se está fazendo no momento. Isso fica mais fácil quando se está em um ambiente silencioso, confortável e, principalmente, privado de interferência, para que o paciente se sinta à vontade para conversar e expor o que sente sem se preocupar se outras pessoas estarão ouvindo a conversa.

O que não é recomendado o paciente fazer durante a terapia?
Não é recomendado conectar a sessão em ambientes que tenham muito barulho e distrações que tirem sua atenção da videochamada. Por exemplo, dentro do ônibus, no Uber, no shopping e locais onde há interação com outras pessoas. Isso pode interferir nas reflexões psicoterapêuticas.

Já tive a experiência de atender um cliente enquanto ele estava dirigindo para o trabalho. Tentamos fazer por ligação telefônica para a videochamada não atrapalhar sua atenção ao trânsito. Só que obviamente essa foi sua prioridade e o atendimento não se tornou tão efetivo. Mas também entendo que foi a possibilidade que ele conseguiu encaixar, então temos que ter a flexibilidade e respeitar o formato que está ao alcance. O importante é que a pessoa está buscando ajuda.

Existe algum tipo de manual de conduta também para os psicólogos que atendem online?
O CFP (Conselho Federal de Psicologia) desenvolveu uma cartilha sobre aspectos éticos no atendimento online, mas não especificamente de conduta. Entendo que o espaço terapêutico é construído por ambas as partes, cliente e profissional. Logo, cabe aos profissionais terem a maior responsabilidade de conduzir o cliente no formato mais adequado, resgatar a atenção dele, manter o foco no presente e a concentração na sessão.

Por isso, é necessário que o profissional esteja em um ambiente adequado de trabalho, sem ruídos e interferências, e mantenha uma postura ética para mostrar formalidade e seriedade no seu serviço, pois é o que está ao alcance dele para proporcionar um bom atendimento.

Nos meus atendimentos, gosto sempre de ressaltar na primeira sessão que o cliente pode se sentir como se estivesse em um consultório presencial, para ele ficar tranquilo quanto à parte ética e sigilosa do que vamos tratar no atendimento.

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Aumenta consumo de remédios para depressão e ansiedade durante a pandemia, aponta estudo https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/06/aumenta-consumo-de-remedios-para-depressao-e-ansiedade-durante-a-pandemia-aponta-estudo/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/06/aumenta-consumo-de-remedios-para-depressao-e-ansiedade-durante-a-pandemia-aponta-estudo/#respond Wed, 06 Oct 2021 09:00:46 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/1315a14b1001f2c740dcaca41d634f96d70d29c7f01a16132d0f328ba8bd3483_611dd0e830105-300x215.jpeg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1180 Um levantamento feito pela Funcional Health Tech, empresa de inteligência de dados e serviços de gestão no setor de saúde, a partir da coleta de informações de aproximadamente 1 milhão de brasileiros, mostrou que, entre janeiro e julho deste ano, o consumo de medicamentos para ansiedade e depressão cresceu 14% em comparação ao mesmo período de 2020.

O grupo analisado é composto por colaboradores das empresas clientes da Funcional Health Tech.

De acordo com o estudo, mulheres jovens (19 a 23 anos) e que residem nas capitais do país foi o perfil que mais cresceu no consumo de ansiolíticos e antidepressivos.

Ainda com base nos dados da Funcional Health Tech, foi criado um ranking desses medicamentos. Os mais utilizados são antidepressivos, que representam 71,38%, seguidos de sedativos e ansiolíticos (usados no controle da ansiedade), com 41,72%, e os direcionados para tratamento de outras doenças relacionadas ao sistema nervoso, com 15,03%.

“Quando analisamos os dados gerais de consumo de medicamentos de todos os clientes da Funcional, percebemos uma importante diminuição durante a pandemia para a maior parte dos medicamentos, em contraste com o aumento no consumo de antidepressivos e ansiolíticos. O que reforça a relevância dos cuidados com saúde mental desde a chegada da Covid-19”, diz Alexandre Vieira, diretor-médico da Funcional Health Tech.

Em julho, um estudo do CFF (Conselho Federal de Farmácia), a partir de dados da consultoria IQVIA, revelou que nos cinco primeiros meses deste ano houve aumento de 13% da venda de antidepressivos e estabilizadores de humor.

Um pesquisa Datafolha encomendada pela Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e pela farmacêutica Viatris mostrou que 44% dos brasileiros afirmaram que ter tido problemas psicológicos durante a pandemia da Covid-19, decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em março de 2020.

Os mais afetados foram mulheres (53%), jovens entre 16 e 24 anos (56%), pessoas economicamente ativas (48%), pessoas com alta escolaridade (57%) e pessoas sem filhos (51%).

Além disso, 28% dos entrevistados relataram que tiveram diagnóstico de depressão ou de outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia, enquanto 46% afirmaram que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse período.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil lidera o ranking de casos de depressão na América Latina, com mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a doença, e é o país mais ansioso do mundo, com quase 19 milhões de pessoas que têm transtorno.

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Saiba onde encontrar atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito no SUS https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/02/saiba-onde-encontrar-atendimento-psicologico-e-psiquiatrico-gratuito-oferecido-pelo-sus/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/02/saiba-onde-encontrar-atendimento-psicologico-e-psiquiatrico-gratuito-oferecido-pelo-sus/#respond Sat, 02 Oct 2021 10:00:06 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/ee22cdff5c5f5569ba19caf8ae5aab0a99c079ffee6923659b9dde1b2a590389_5ae6c7e3ad434.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1157 Todos os profissionais de saúde mental enfatizam a importância de procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico quando surgem sintomas de transtornos como depressão ou ansiedade.

No entanto, muitas pessoas não têm como pagar por esses tratamentos e também não têm um plano de saúde que cubra os custos.

No SUS (Sistema Único de Saúde), a população pode contar com os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), que fazem parte da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial).

Compreendida como uma rede integrada de diferentes setores, a RAPS busca criar, diversificar e articular serviços e ações para pessoas com sofrimento mental ou com demandas decorrentes do uso de drogas. Dentre suas diretrizes estão o respeito aos direitos humanos, a garantia de autonomia das pessoas, o acesso a serviços de qualidade e o combate ao estigma e ao preconceito.

O serviço conta com atuação multiprofissional e interdisciplinar (com profissionais da medicina, enfermagem, psicologia, assistência social, terapia ocupacional, educação física, fonoaudiologia), abarcando não só o campo da saúde, mas também a assistência social, a cultura e o emprego, de modo a favorecer a inclusão social e o exercício da cidadania dos usuários dos serviços e de seus familiares.

Apesar de não ser amplamente conhecida, a RAPS estabelece que a atenção à saúde das pessoas com sofrimento psíquico deve ser realizada em todos os serviços do SUS, sem discriminação.

A rede conta com a existência de estruturas de atendimento especializadas, como os CAPS, que promovem trabalhos com focos distintos. No entanto, alguns estigmas e a falta de conhecimento sobre esses organismos dificultam o acesso a tratativas precoces e ajuda qualificada.

Esses serviços estratégicos funcionam com portas abertas, ou seja, qualquer pessoa pode ser recebida e avaliada pela equipe de saúde presente, sem a necessidade de um encaminhamento ou agendamento prévio. As ações de cuidado são diversificadas, podendo ser realizadas em grupo, individualmente, com a família ou na comunidade.

Divididos em diversas modalidades, os CAPS também variam de acordo com o porte dos municípios. Nas grandes cidades e regiões acima de 200 mil habitantes, são previstos CAPS de funcionamento 24h, como os CAPS III voltados para pessoas com sofrimento mental em geral, e os CAPS ad III, destinados principalmente para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

Os CAPSij são direcionados para o público infanto-juvenil e podem ser implantados em municípios e regiões a partir de 70 mil habitantes. Para os municípios de médio porte (a partir de 70 mil habitantes), há os CAPS II e CAPS ad, e para os de pequeno porte (a partir de 15 mil habitantes), os CAPS I. Mais recentemente, a esta tipificação foi acrescentado o CAPS ad IV, para municípios com população acima de 500 mil habitantes ou nas capitais de estados.

Em 2002, havia 424 CAPS implantados no país, ao final de 2019, chegaram a cerca de 2.669. Uma amplitude de estrutura assistencial que não apenas existe, mas que pode e deve ser acionada por toda e qualquer pessoa que necessite de auxílio.

“Enquanto houver preconceitos e vieses subjetivos não combatidos e desmistificados, o atendimento psicossocial no Brasil será insuficiente e enviesado. Por isso, é importante termos políticas públicas cada vez mais focadas na prevenção de adoecimentos psíquicos e na promoção da saúde mental, tanto individual quanto estruturalmente, assim como o fortalecimento de outras instituições de acolhimento que possam reforçar o olhar intersetorial e abarcar a necessidade que o tema emprega sobre nós”, ressalta Maria Fernanda Resende Quartiero, diretora presidente do Instituto Cactus.

Maria Fernanda explica que a rede pública oferece opções de tratamento para os adoecimentos mentais em vários níveis de gravidade, sendo eles considerados leves, moderados ou graves.

Casos leves: incluem pessoas que estão com sintomas de transtornos como depressão, ansiedade ou síndrome do pânico, que já fizeram ou não algum tratamento psicológico ou psiquiátrico. É preciso procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde), que pode fazer o encaminhamento ao CAPS. Outros sintomas de baixo risco que também podem ser atendidos numa UBS são:
• insônia
• doenças físicas causadas por questões emocionais
• uso abusivo de álcool e outras drogas
• situação de luto

Casos moderados: o paciente pode ir a uma UBS, a um CAPS, a um AME (Ambulatório Especializado em Saúde Mental) ou mesmo um pronto-socorro psiquiátrico. Alguns sintomas de risco moderado são:
• quadros psicóticos agudos
• quadro depressivo moderado com ou sem ideação suicida
• casos de alcoolismo ou dependência química de outras drogas com sinais de abstinência leve
• histórico psiquiátrico anterior com tentativa de suicídio e/ou homicídio
• alucinações: ouvir ou ver algo que mais ninguém vê ou ouve
• delírios: ideias que não correspondem à realidade.

Casos graves: ao apresentar sintomas graves, é necessário buscar a urgência e emergência de uma UPA (Unidades de Pronto Atendimento), de pronto-socorro de qualquer hospital do SUS, de CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental) e hospitais psiquiátricos. Exemplos de quadros graves são:
• sintomas psicóticos com ideação suicida, quando o indivíduo não conta com uma rede de apoio que possibilite o tratamento fora do ambiente hospitalar
• percepção alterada da realidade como alucinações e delírios, sem sinais de agitação e/ou agressividade, perda do autocuidado de maneira que comprometa o dia a dia e situações de sofrimento emocional intenso em que o apoio sócio-familiar estejam ausentes
• ideação suicida, planejamento ou história anterior de tentativa de suicídio e tentativas consumadas em qualquer circunstância
• em episódio de mania (euforia), com ou sem sintomas psicóticos (percepção alterada da realidade como alucinações e delírios), associado a comportamento inadequado que oferece risco para si ou para outros
• intoxicação aguda por substâncias psicoativas (medicamentos, álcool e outras drogas);
• autoagressividade (automutilação) com risco de morte iminente
• casos com quadro de alcoolismo ou dependência química de outras drogas com sinais de agitação e/ou agressividade (para si ou para outros), com várias tentativas anteriores de tratamento fora do contexto hospitalar sem sucesso

ONDE ESTÃO?

Em maio de 2020, o instituto Vita Alere, que desenvolve projetos e pesquisas relacionados à saúde mental, lançou o Mapa da Saúde Mental, um site que mostra onde e como buscar serviços gratuitos de psicologia e psiquiatria.

A iniciativa, que teve apoio técnico do Google, traz um mapa virtual, com contatos para atendimento online, e um mapa presencial, com endereços de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental ), hospitais psiquiátricos, ONGs e clínicas de faculdades.

O site também indica o atendimento de acordo com o tipo de paciente: para o público em geral, para profissionais da saúde e para grupos específicos, como pessoas que perderam parentes e amigos por Covid-19idososgestantes e adolescentes.

Para facilitar qual tipo de ajuda buscar, o site tem um guia que explica como funciona o tratamento com um psicólogo, o que faz um psiquiatra, em quais situações se deve procurar um hospital psiquiátrico, por exemplo.

Encontre os endereços em mapasaudemental.com.br.

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Projeto ter.a.pia traz depoimentos emocionantes de pessoas que contam suas histórias enquanto lavam louça https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/30/projeto-ter-a-pia-traz-depoimentos-emocionantes-de-pessoas-que-contam-suas-historias-enquanto-lavam-louca/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/30/projeto-ter-a-pia-traz-depoimentos-emocionantes-de-pessoas-que-contam-suas-historias-enquanto-lavam-louca/#respond Thu, 30 Sep 2021 10:00:51 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/7f4f534db246305219f414e42e25905e0384f2272410bcb699ea9494e4773959_6155050d3412c-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1130 “Se o seu bebê nasce com menos de 0,5 kg, ele é considerado lixo hospitalar”, diz Cindy Anjos enquanto lava louça. Ela conta sobre o luto invisível que viveu quando o coração da sua filha parou de bater ainda durante a gravidez.

Fabi estava com depressão e síndrome do pânico quando decidiu chamar sua mãe para conversar. Aos 40 anos, ela descobriu que foi adotada e que tinha dois irmãos.

Depois de 33 anos de casamento, Luiz Grande perdeu o marido por Covid-19, em agosto do ano passado. Quando José estava intubado, Luiz pediu à Nossa Senhora para que levasse seu amor embora, pois era muito sofrimento.

Essas são algumas das mais de 150 histórias contadas no ter.a.pia, projeto criado em 2018 pelo jornalista Lucas Galdino e pelo radialista Alexandre Simone.

“Eu estava desempregado e me questionava como profissional. O Alê estava com aquela sede de criar algo totalmente nosso, com a nossa identidade, com o nosso olhar para a vida. Daí, num dia qualquer, indo para um aniversário, decidimos criar um canal e entrevistar algumas pessoas”, conta Lucas.

O nome veio de uma brincadeira dos amigos. “A ideia da louça surgiu como uma piada, já que nós dois tínhamos costume de lavar louça e conversar no fim do dia e, neste dia, especificamente, havíamos deixado uma loucinha acumulada na pia”, diz.

Os entrevistados pela dupla são pessoas comuns que falam abertamente sobre histórias íntimas e problemas que superaram, sempre de forma espontânea e muito sincera.

“A única definição que tínhamos à época era o objetivo de contar histórias reais, de gente como a gente, pessoas do dia a dia”, ressalta Lucas.

“A gente tinha essa vontade de criar relações e vínculos com quem estava ao nosso redor, mas não pertencia à nossa bolha social. Sabe aquele vizinho de andar que você ainda não conheceu além do ‘bom dia’ seco no elevador, aquela moça na fila da padaria, a senhorinha que você cruza toda quarta na feira de rua? São essas pessoas que queríamos, e ainda queremos, conhecer e aprender com suas histórias”, explica o jornalista.

Para ele, desabafar sobre as adversidades da vida ajuda a lidar melhor com as angústias. “Vi uma frase num dia desses, no story do Instagram de um amigo, que dizia mais ou menos o seguinte: ‘o que não vira palavra, vira sintoma’.  Não é à toa que esse é o propósito das sessões de terapia com psicólogos. Com o ter.a.pia é quase a mesma coisa. O que nos diferencia é que, em primeiro lugar, não somos psicólogos, terapeutas ou profissionais de saúde mental.”

Aliás, ele faz questão de deixar claro que o projeto não tem a intenção de substituir esses profissionais. “Aqui a ideia é falar para ajudar outras pessoas a se identificarem, a se inspirarem com aquele desafio superado ou entendido do nosso convidado, o que acaba ajudando a própria pessoa que está contando também”, afirma.

Quando vão entrevistar alguém, Lucas e Alexandre se propõem a ir até a casa da pessoa. “Acreditamos que esse vínculo é importante para a narrativa da história. A pessoa se sente mais confortável para se abrir”, revela.

Lucas observa também que conhecer o local onde a pessoa mora ajuda a mostrar alguns detalhes que enriquecem o depoimento. “Um ímã de geladeira, o pano de prato, um copo da cor favorita dela. São detalhes que fazem parte do conjunto da obra.”

Durante a pandemia da Covid-19, de abril a novembro do ano passado, eles decidiram fazer as gravações de maneira virtual. Nesse formato, conseguiram conversar com gente de outras cidades além de São Paulo, onde eles moram.

Depois desse período, as filmagem voltaram a acontecer presencialmente, mas seguindo as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para evitar a contaminação pelo coronavírus, como manter o distanciamento e usar máscaras.

Por isso, as visitas também ficaram mais curtas. “Mas é uma pena, sabe? Antes a gente tomava um cafezinho após a gravação, conversava sobre outras questões da vida”, lamenta.

No entanto, mesmo com reuniões mais restritas, Lucas diz que ainda consegue criar uma conexão entre entrevistador e entrevistado. “O encontro ficou um pouco limitado por uma questão de segurança para todos, mas a força do afeto não mudou. Muita gente prepara um docinho, um bolinho, um presentinho, uma marmitinha como forma de retribuir nossa ida até lá. É bem bonito.”

Trechos dos relatos dos entrevistados são compartilhados no perfil do Instagram (@historiasdeterapia), mas os depoimentos completo podem ser vistos no canal ter.a.pia no YouTube ou no Facebook.

Em junho deste ano, eles estrearam o podcast Histórias para ouvir lavando louça para continuar entrevistando pessoas que moram fora de São Paulo.

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Busca pelo termo burnout na internet aumenta 122% durante a pandemia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/27/busca-pelo-termo-burnout-na-internet-aumenta-122-durante-a-pandemia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/27/busca-pelo-termo-burnout-na-internet-aumenta-122-durante-a-pandemia/#respond Mon, 27 Sep 2021 10:00:51 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/246f33ab7e1d044fd59bf27d5aa49413879b37b42cf900896830381520c6159c_61451760c6248-2-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1122 Um levantamento feito pela plataforma de marketing online Semrush, entre julho de 2020 e julho deste ano, analisou a média de buscas na internet pelas principais palavras-chave relacionadas à saúde mental

Durante esse período da pandemia da Covid-19, os termos mais procurados pelos brasileiros são: ansiedade, com a média de 338 mil buscas, seguido de depressão, com 277.462, e estresse, com 105.500 mil pesquisas.

A palavra burnout teve destaque no estudo, pois mostrou um aumento de 122%. Pesquisas relacionadas, como “burnout síndrome”, “o que é burnout” e “sintomas de burnout” chegaram a mais de 155 mil buscas.

Exaustão emocional, dificuldade de concentração e incapacidade de relaxar são alguns dos sintomas desse transtorno.

O esgotamento profissional, conhecido como burnout, foi incluído na Classificação Internacional de Doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2019.

Ao ser reconhecido como doença, o burnout foi descrito como “uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito” e que se caracteriza por três elementos: “sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados a seu trabalho e eficácia profissional reduzida”.

A OMS explica que o esgotamento “se refere especificamente a fenômenos relativos ao contexto profissional e não deve ser utilizado para descrever experiências em outros âmbitos da vida”. Ou seja, são problemas causados pela rotina do trabalho.

Quando não é tratada, a síndrome pode evoluir para casos de depressão, transtornos de ansiedade, além de doenças físicas como hipertensão e distúrbios gastrintestinais.

A pesquisa da Semrush também revelou que, entre as técnicas para relaxar, as mais buscadas foram meditação (113.192) e mindfulness (52.192).

Mindfulness, ou “consciência plena”, é um estado mental em que a pessoa volta sua atenção ao presente. Com origens no budismo e em tradições orientais, o mindfulness chegou ao Ocidente como uma prática laica utilizada como tratamento complementar para diversos quadros clínicos, como dores crônicas, estresse, depressão e ansiedade. O mindfulness aplicado à saúde foi desenvolvido pelo médico Jon Kabat-Zinn na década de 1970, nos Estados Unidos.

Entre os aplicativos de saúde mental, os mais procurados pelos internautas foram Psicologia Viva (53,508), Zenklub (24,015), Vittude (13,846), Calm (10,785) e Eurekka (2,169).

 

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Pandemia aumenta busca por atendimento de saúde mental para crianças e adolescentes no dr.consulta https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/26/pandemia-aumenta-busca-por-atendimento-de-saude-mental-para-criancas-e-adolescentes-no-dr-consulta/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/26/pandemia-aumenta-busca-por-atendimento-de-saude-mental-para-criancas-e-adolescentes-no-dr-consulta/#respond Sun, 26 Sep 2021 10:00:18 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/mexico-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1096 Um levantamento do banco de dados de pacientes cadastrados no dr.consulta mostra que, entre janeiro e julho deste ano, houve um aumento de 78% nas consultas de psicologia da faixa etária dos 10 aos 19 anos em comparação ao mesmo período de 2020. O crescimento nos atendimentos de psiquiatria foi de 9%.

Para Lisies Jacintho, psicóloga da rede de centros médicos, o isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19 afetou a saúde mental dos mais jovens.

“Eles sentiram um aumento muito grande na dor emocional, principalmente por terem vivido meses de ensino remoto e falta de convivência com os demais. Acabaram se isolando, entraram em estado de pânico e não souberam como lidar com os sentimentos. Nessa faixa etária, dificilmente eles contam aos pais o que acontece. Aí entra a importância do profissional para tratar o estado mental, que está muito abalado”, explica Jacintho.

No período, a psicóloga observou que em 50% das consultas, os pacientes entre 10 e 19 anos relataram que estavam aflitos e se sentindo tristes.

Jacintho diz que, para essa faixa etária, a consulta precisa ser sempre presencial. Isso é importante para que eles possam desabafar, olhar nos olhos e até mesmo treinar esse retorno para a vida presencial.

A psicóloga conta que por ser uma geração muito ativa nas redes sociais, os jovens acabam pesquisando e vendo a importância de tratar a saúde mental. Geralmente, a atitude de procurar ajuda profissional parte deles, e não dos pais.

“Muitas vezes, eles aceitam melhor do que os pais essa busca pelo tratamento da saúde mental. Após a primeira consulta, já é possível notá-los aliviados. Eles têm a sensação de que estão sozinhos no mundo e é importante conversar com um profissional que os compreende”, observa.

Danilo Carvalho Borges, psiquiatra do dr.consulta, diz que uma forma de os pais detectarem se há alguma mudança de comportamento nos filhos que pode indicar depressão ou ansiedade é ficar de olho se eles perderam o interesse por algo que gostavam de fazer anteriormente ou se o rendimento escolar caiu.

“Normalmente, a criança tem alguma mudança de postura, seja comportamental ou acadêmica, tendendo a não se interessar por atividades em grupo e se isolar. Isso pode acontecer pelos mais variados motivos, como bullying ou excesso de cobrança dos pais ou responsáveis”, afirma.

“A criança tende a ficar mais raivosa e faz gesticulações verbais ou físicas de agressividade, denotando que algo não está normal. Cabe aos pais não fazer julgamento, e sim propor caminhos para que ela se abra e diga abertamente o que está acontecendo, sem exercer pressão psicológica. Tudo tem que ser muito cauteloso”, ressalta Borges.

O psiquiatra destaca que é preciso ficar atento aos seguintes sinais: isolamento voluntário, agressividade verbal, automutilação, verbalização de que as coisas não estão boas, desejo de suicídio e descontentamento anormal com o seu cotidiano.

Iniciar uma conversa sobre saúde mental com um jovem nem sempre é fácil, mas há meios de dar o primeiro passo. “Crianças e adolescentes podem achar que isso é uma invasão de privacidade, então o intuito da abordagem não deve ser constranger, e sim ajudar, e que isso fique bem claro, que nada do que vai ser dito se tornará público”, diz Borges.

“O fundamental é que as crianças vejam os pais como amigos, não como fiscais de comportamento, porque de sofrimento eles já são bem escolados”, aponta o psiquiatra.

“Um sinal de alerta é o medo desmesurado de algo ou de uma pessoa, que no passado lhes foi caro e hoje é visto como algoz. Nunca se deve tomar a queixa à ligeira, como uma ‘coisa de criança’. Se ela altera seu comportamento, normalmente não é gratuito, e cabe aos pais investigarem a causa de tal alteração. E, se necessário, encaminhá-la ao psicólogo infantil ou ao psiquiatra infantil, para que possam ser esclarecidas as dúvidas e possa ser dado um bom encaminhamento ao caso”, afirma.

Os professores também podem ajudar a observar se os alunos estão enfrentando algum problema emocional. “Os sinais são sutis, como arrefecimento do contato, isolamento, postura passiva/agressiva, desinteresse em atividades que lhes causavam prazer e a falta de motivação”, diz o psiquiatra.

Uma pesquisa nacional do instituto Datafolha, em parceria com a Fundação Lemann, o Itaú Social e a Imaginable Futures, vem acompanhando crianças e jovens do ensino público ao longo da isolamento e revela seus impactos.

O Datafolha realizou, entre 7 e 15 de julho, 1.056 entrevistas, por telefone, com responsáveis por 1.556 estudantes de 6 a 18 anos de escolas municipais e estaduais do país, com uma amostra baseada no Censo de Educação 2019. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, e os resultados têm confiabilidade de 95%.

A falta de motivação, que em maio atingia 46%, chegou a 51% em julho. Os que enfrentam dificuldades para manter a rotina saltaram de 58% para 67%. O percentual dos que estão tristes começou a ser medido em junho, quando chegou a 36%, e passou para 41% em julho. No mesmo período, o de irritados foi de 45% para 48%. Somam 74% os que se sentem tristes, ansiosos ou irritados.

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