Saúde Mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br Informação para superar transtornos e dicas para o bem-estar da mente Tue, 14 Dec 2021 02:30:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Feira Criativa Mente tem aula de ioga, meditação e roda de conversa sobre saúde mental, em SP, neste domingo https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/03/feira-criativa-mente-tem-aula-de-ioga-meditacao-e-roda-de-conversa-sobre-saude-mental-em-sp-neste-domingo/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/03/feira-criativa-mente-tem-aula-de-ioga-meditacao-e-roda-de-conversa-sobre-saude-mental-em-sp-neste-domingo/#respond Sun, 03 Oct 2021 10:00:39 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/feira3-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1167 Com a volta dos eventos presenciais em São Paulo, a feira Criativa Mente realiza sua quinta edição neste domingo (3), das 10h às 18h, na Casa de Cultura do Parque, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

Além dos 50 expositores que vendem itens de decoração, artesanato, vestuário e alimentação, a programação inclui aula de corrida e alongamento, às 10h, com o personal trainer Cristiano Silveira, aula de ioga e meditação, às 11h, com o professor Filipe Stein, e a roda de conversa “Tudo bem não estar bem: autocuidado para manter a saúde mental”, às 15h, conduzida pela psicóloga Mari Luz.

depressão da mãe levou a publicitária Karoline Martins, 34, a criar o evento, que teve sua primeira edição em 2019. Este será o retorno da feira após o período mais restritivo da pandemia da Covid-19.

Em 2017, Helena Martins, mãe de Karoline, foi demitida do emprego. Segundo a publicitária, o episódio ajudou a desencadear um quadro depressivo em Helena, que quase não saía mais de casa.

Para tentar ajudá-la a se animar, Karoline reaproximou a mãe de um paixão antiga: o artesanato de bijuterias, um trabalho que ela sempre desenvolveu paralelamente ao de analista de atendimento, antes da demissão.

Em dezembro daquele ano, Karoline conseguiu fazê-la sair de casa e participar de uma feira para vender suas peças.

“Só o fato de ela sair já foi uma vitória”, lembra a publicitária. “Mas é muito caro participar de um evento desses como expositor, as feiras costumam cobrar taxa de inscrição de R$ 300.”

Então Karoline teve a ideia de criar seu próprio projeto. “Tudo aconteceu com o apoio de pessoas que têm alguma relação com a causa”, revela.

Desde a criação do logotipo do projeto às apresentações artísticas que costumam acontecer nos eventos, tudo é feito em parceria com amigos que sofrem ou que já sofreram de depressão ou que tenham alguém na família que sofra de transtornos mentais.

A curadoria é feita por Helena, que entra em contato com os expositores, conta sua história, e dá preferência a artesãos que tenham relação com a causa.

Feira Criativa Mente
Onde Casa de Cultura do Parque: av. Professor Fonseca Rodrigues, 1.300, Alto de Pinheiros (a 600 m da entrada principal do parque Villa Lobos), na zona oeste de São Paulo
Quando domingo (3), das 10h às 18h

Siga o blog Saúde Mental no TwitterInstagram Facebook.

]]>
0
Dia Mundial do Lazer é comemorado nesta sexta; veja atividades que beneficiam a saúde mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/04/16/dia-mundial-do-lazer-e-comemorado-nesta-sexta-veja-atividades-que-beneficiam-a-saude-mental/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/04/16/dia-mundial-do-lazer-e-comemorado-nesta-sexta-veja-atividades-que-beneficiam-a-saude-mental/#respond Fri, 16 Apr 2021 09:00:29 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/8857c0b8092a8541893c62690787d933a32d05171dcf7d3f2c23d1fdbf44cbbd_5e782ffd07d3a.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=810 “Nada melhor do que não fazer nada”, canta Rita Lee na música “Mania de Você”. Afinal, ter um tempo livre para aproveitar como quiser, seja descansando ou praticando alguma atividade prazerosa, é essencial para a saúde mental.

Esses momentos de folga são fortes aliados na manutenção e no equilíbrio de neurotransmissores como endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina, que influenciam nas sensações de bem-estar, alegria e plenitude, explica a psiquiatra Jéssica Martani.

“O desequilíbrio dessas substâncias pode afetar a saúde da mente, proporcionando desânimo, dificuldade de iniciar e completar tarefas, mau humor, ganho de peso, baixa imunidade e, com o tempo, pode deflagrar doenças como depressão, ansiedade, transtornos do sono, entre outras patologias”, diz a médica.

Com as restrições provocadas pela pandemia da Covid-19, deixando academias, parques, cinemas, teatros e outros estabelecimentos fechados, o tempo dedicado aos exercícios físicos e a diversões tem sido menor. Em vez de relaxar, a população tem cada vez mais acumulado o trabalho –muitas vezes em home office– com tarefas do dia a dia e cuidados com os filhos.

Para estimular as atividades de recreação, foi criado o Dia Mundial do Lazer, que nesta primeira edição será comemorado nesta sexta-feira (16), com o tema Lazer para uma Vida Melhor.

A data é uma iniciativa da Organização Mundial de Lazer (World Leisure Organization), com coordenação do WLCE/USP (Centro de Excelência em Estudos do Lazer), em parceria com o Lagel (Laboratório de Gestão das Experiências de Lazer) e o Sesc.

Atualmente, a Organização Mundial do Lazer conta com sete Centros de Excelência em Estudos do Lazer localizados pelo mundo e, a cada ano, um destes centros ficará responsável por organizar a celebração. O objetivo é destacar a importância do lazer para a sociedade.

Nesta sexta, serão realizadas diversas atividades ao redor do mundo, com ações virtuais e presenciais em 20 países (sempre respeitando as orientações de segurança sanitárias locais de combate à Covid-19), com o apoio de diversas instituições parceiras.

No Brasil, a USP, o Lagel e o Sesc estarão à frente das ações do Dia Mundial do Lazer, que serão exclusivamente online.

Saiba mais sobre o Dia Mundial do Lazer no site da Organização Mundial de Lazer (worldleisureday.org) e no Instagram World Leisure Day (@worldleisureday).

Veja abaixo uma seleção de dez eventos virtuais que acontecerão ao longo desta sexta.

Yoga Kimect – com Emaye Ama Mizani (Sesc Pompeia)
A kemetic yoga é um antigo sistema egípcio baseado nas práticas de movimentos físicos combinados com respiração profunda controlada e meditação. A versão moderna desse antigo sistema foi desenvolvida a partir da pesquisa primária realizada por Asar Hapi. Não é apenas uma prática corporal, arte ou cultura, e sim um resgate ancestral e milenar de uma prática espiritual e preta, além de fortalecer identidade histórica. Com Emaye Ama Mizani, mulher rastafari, estudiosa e experimentadora de práticas de saúde holística africana, instrutora de kemetic yoga treinada pela YogaSkills School of Kemetic Yoga, de Chicago.
Horário 9h
Plataforma Instagram do Sesc Pompeia (@sescpompeia)

Malabares (Sesc Itaquera)
A prática de malabares melhora a coordenação motora e a agilidade com movimentos de lançar e receber. Nesta ação desenvolvida com os educadores do Sesc, os participantes vão aprender de forma lúdica e educativa os movimentos de malabares com materiais alternativos como sacolas plásticas e bolinhas de papel.
Horário 8h
Plataforma YouTube, Facebook e Instragam Sesc Itaquera (@sescitaquera)

Yoga em família (Sesc Santo André)
A atividade, comandada pela dupla João Soares e Rosa Muniz, do Yoga com História, traz oyioga em família na perspectiva de narrativas lúdicas associadas aos asanas (palavra em sânscrito significa postura confortável) com a intenção de aproximar as crianças do universo do yoga.
Horário 10h
Plataforma YouTube e Facebook Sesc Santo André

Lazer e identidades: encontros no envelhecer (Sesc Ipiranga)
O Sesc Ipiranga traz a oportunidade de reflexão sobre o lazer como direito no envelhecer, em busca de compreender melhor desigualdades e sobreposições de opressão e discriminações existentes em nossa sociedade.
Participantes Francisco Welligton de Sousa Barbosa Junior, mestre em psicologia pela Universidade do Minho/Portugal, Letícia Lanz, escritora e psicanalista, Mona Rikumbi, primeira cadeirante negra a atuar no Theatro Municipal de São Paulo, Vagner Martins, gestor de esportes no Sesc Ipiranga, especialista em acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência em programas de educação, atividade física, esporte e lazer.
Horário 11h
Plataforma YouTube, Facebook e Instagram do Sesc Ipiranga (@sescipiranga)

Percussão corporal (Sesc Amaro)
Vídeo com breve introdução à percussão corporal, apresentando os principais sons corporais e os primeiros passos para qualquer pessoa aprender a executar ritmos básicos com seu próprio corpo em sua própria casa. Serão abordados também os princípios básicos do ritmo e da percussão, como tempo, pulsação e subdivisão. Com o músico e percussionista Gabriel Draetta.
Horário 16h
Plataforma YouTube, Facebook e Instagram do Sesc Santo Amaro (@sescsantoamaro)

Cards digitais com dicas para lazer, ócio e tempo livre (Sesc Belenzinho)
O Sesc Belenzinho apresentará uma série de cards em seu Instagram, com conceitos sobre lazer, ócio, tempo livre e as áreas de interesse que compõem o tema. Os cards abordarão temas como o que é lazer, ócio criativo, lazer com interesse artístico, lazer com interesse intelectual e lazer com interesse físico-esportivo. No card lazer com interesse artístico, por exemplo, o visitante poderá acessar o show de Lenine no #EmCasaComSesc, no YouTube.
Horário 8h
Plataforma Instagram Sesc Belenzinho (@sescbelenzinho)

Lazer como estratégia para uma melhor qualidade de vida – com Márcio Atalla (Sesc Guarulhos)
Bate-papo ao vivo com o educador físico Márcio Atalla, que abordará a importância e os desafios da mudança de comportamento e a adoção de hábitos saudáveis na busca e promoção da saúde e da qualidade de vida por meio do lazer. Atalla abordará o tema dando dicas e responderá às perguntas do público pelo chat.
Horário 19h
Plataforma YouTube Sesc Guarulhos

Espaço para ser (Sesc Carmo)
Vídeo que reflete sobre o lazer enquanto ócio, trazendo técnicas da atenção plena para a criação do espaço para ser. Com Adriana Fabozzi, especialista em cuidado integrativo, formada em psicologia e educação física.
Horário 11h
Plataforma Facebook e Instagram do Sesc Carmo (@sesccarmo)

Mesa com Alberto Acosta e Danilo Santos de Miranda (Sesc SP)
Três anos após a realização do Congresso Mundial do Lazer, que apresentou discussões sobre as principais barreiras de acesso ao lazer para as pessoas, bem como reflexões sobre como superá-las, entendemos que tais barreiras tornaram-se ainda maiores considerando o atual cenário de crise sanitária-econômica-social. Por outro lado, pesquisas e reflexões têm apontado a importância do lazer neste período de isolamento social, como garantia de bem-estar e até mesmo de manutenção da saúde durante o confinamento. Assim, este encontro buscará refletir sobre o lazer como um direito social e sua importância no cotidiano, a partir dos olhares e experiências do convidado. Com Alberto Acosta, ex-Ministro de Minas e Energia do Equador, pesquisador no Latin American Institute of Social Resarch, e Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc em São Paulo.
Horário 16h
Plataforma YouTube do Sesc São Paulo

Mesa temática ‘Lazer torna a vida melhor’ (WLCE/USP)
Mesa composta por representantes de quatro diferentes regiões do país (Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), a fim de refletir e discutir elementos da área do lazer, tais como sugestões, desafios e limites de possibilidades de ações que tenham relação com a região de cada convidado para a vivência e/ou gestão de um lazer que torne a vida melhor.
Participantes Mirleide Chaar Bahia (UFPA), Christianne Luce Gomes (UFMG), Raquel Silveira (UFRGS) e Junior Vagner Pereira da Silva (UFMS). Coordenação: Edmur Stoppa e Mariana Bueno.
Horário das 14h às 16h
Plataforma Google Meet. A atividade será exibida para o público em geral no Youtube da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades)

Siga o blog Saúde Mental no TwitterInstagram Facebook.

]]>
0
Além de causar estresse, excesso de barulho prejudica aprendizado, diz neurocientista https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/08/14/alem-de-irritar-excesso-de-barulho-prejudica-capacidade-de-aprendizado-explica-neurocientista/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/08/14/alem-de-irritar-excesso-de-barulho-prejudica-capacidade-de-aprendizado-explica-neurocientista/#respond Fri, 14 Aug 2020 10:00:44 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/protetor-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=289 Furadeira no vizinho, cachorro latindo alto, bebê chorando. Às vezes, nem dentro de casa é possível ficar longe de barulhos que irritam.

O som alto, acima de 80 decibéis –o equivalente ao ruído de uma motocicleta ou ao de um despertador alto–, além de prejudicar a audição, se for contínuo, pode causar estresse e prejudicar o aprendizado, explica a neurocientista Thaís Gameiro, doutora pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e sócia da empresa Nêmesis.

A barulheira constante também pode afetar o desempenho das funções cognitivas e executivas, como planejamento e tomada de decisão, conta Thaís.

Como não é possível controlar o mundo ao nosso redor, a neurocientista dá dicas para driblar os ruídos constantes e relaxar, como meditar, ouvir músicas instrumentais e buscar fazer intervalos de minutos de silêncio durante o dia –nem que seja com a ajuda de tampões de ouvido.

“Precisamos de momentos em que não fazemos nada, momentos contemplativos em que apenas deixamos a mente fluir livremente. São nesses momentos que criamos novas conexões e permitimos que novos rumos e ideias apareçam”, diz.

Leia abaixo a entrevista com a neurologista.

Como o excesso de barulho afeta o nosso cérebro?
Ruídos constantes presentes em nosso ambiente, normalmente aqueles percebidos como desagradáveis pelas pessoas, acabam disparando uma resposta de estresse em nosso cérebro, produzindo hormônios, como o cortisol [liberado em situações de perigo e nervosismo] , que, em excesso, prejudicam nossa capacidade de concentração, aprendizado e retenção das informações.

Além disso, alguns estudos mostram também que a resposta de estresse provocada por ruídos considerados desagradáveis pode reduzir a quantidade de dopamina [neurotransmissor relacionado à sensação de prazer]  no córtex pré-frontal do cérebro, região importante para o desempenho eficiente de nossas funções cognitivas e executivas, como aprendizado, planejamento e tomada de decisão.

Quais tipos de barulho costumam ser os mais irritantes quando estamos trabalhando em home office ou quando estamos tentando relaxar? Existe algum tipo de frequência ou decibéis que desconcentra ou irrita mais? 
Em geral, qualquer ruído acima de 80 decibéis, como o de uma furadeira ou o de um cachorro latindo alto, será percebido como desagradável pelo nosso cérebro, gerando desconforto e dificultando nossa concentração, por serem estímulos salientes.

Os ruídos prejudicam a nossa conexão com o momento presente?
Os ruídos acabam atuando como fontes de distração e prejudicam nossa capacidade de concentração (manutenção do foco), seja em aspectos do meio externo como também em aspectos internos, como pensamentos, emoções e anseios.

De maneira geral, as pessoas são menos treinadas em observar aspectos mais introspectivos, exigindo uma capacidade ainda maior de manter a atenção em elementos internos. A meditação, por exemplo, é uma prática que ajuda a desenvolver esta habilidade de concentração, favorecendo inclusive o autoconhecimento e a possibilidade de estarmos mais conectados com nós mesmos.

Há alguma frequência musical que ajuda a relaxar e “esvaziar” a mente de barulhos irritantes? Buscando no Google, por exemplo, vemos indicações de playlists com sons na frequência 432 Hz para relaxar. Como a frequência age no nosso cérebro e nos ajuda a relaxar?
As músicas e sons considerados relaxantes são aqueles com baixa frequência e que permitem que o cérebro entre em um padrão de ativação associado a estados de maior relaxamento. Os sons externos influenciam o padrão de ativação do cérebro, estimulando a predominância de ondas específicas, como a onda Alfa, associada a estados de maior relaxamento.

Em geral, músicas instrumentais com notas harmônicas e sons de natureza, por exemplo, reúnem características que estimulam a ativação da onda Alfa no cérebro, provocando estados de relaxamento. No entanto, não existe apenas uma frequência específica capaz de provocar tais estados de relaxamento. Diversos sons podem provocar tais respostas, desde que sejam considerados de baixa frequência. Existem poucas evidências científicas atualmente que mostrem que a frequência de 432 Hz seja de fato superior a outras de natureza similar.

Quais são os benefícios dos momentos de silêncio?
É importante lembrar que os sons são estímulos sensoriais processados pelo nosso cérebro, assim como os gostos, cheiros e as imagens a que somos expostos a todo momento. Nosso cérebro tem uma capacidade limitada de processar todos esses estímulos que chegam a todo instante e, por isso, ele precisa priorizar aqueles que serão processados com maior precisão.

Quando, de alguma forma, conseguimos reduzir uma dessas fontes de estímulos, como é o caso do silêncio –no qual os estímulos auditivos estão praticamente ausentes–, oferecemos ao nosso cérebro a oportunidade de prestar atenção e processar outras informações, inclusive emoções e pensamentos que acabam ficando abafados pelo excesso de informação que chega a todo momento.

Especialmente para os indivíduos que vivem nas grandes cidades, momentos de silêncio são raridade. Por isso, o silêncio pode trazer uma sensação de relaxamento, aliviando o estresse e aumentando o bem-estar.

Para quem está irritado com o excesso de barulho e quer relaxar por uns 10 minutinhos em casa, é melhor usar tampões de ouvido e buscar o silêncio total ou colocar os fones de ouvido e ouvir uma playlist numa frequência relaxante? 
Ambas as estratégias podem ser eficientes, dependendo da preferência do indivíduo. O importante aqui é encontrar aquela que promova em você a resposta mais relaxante. A música tem apresentado benefícios consistentes na literatura científica e seus efeitos positivos no cérebro são conhecidos, mas algumas pessoas podem não se sentir relaxadas utilizando essa estratégia. Por isso, é importante experimentar.

O uso excessivo de eletrônicos tem feito com que as pessoas desfrutem menos o silêncio?
Certamente, a tecnologia pode tornar os momentos de silêncio ainda mais raros. Mas, principalmente, o uso excessivo dos eletrônicos faz com que não tenhamos praticamente nenhum momento livre de informações a serem processadas. Não apenas o silêncio é menos desfrutado, mas qualquer possibilidade de deixar o cérebro entrar no estágio conhecido como “ócio criativo”.

Precisamos de momentos em que não fazemos nada, momentos contemplativos em que apenas deixamos a mente fluir livremente. São nesses momentos que criamos novas conexões e permitimos que novos rumos e ideias apareçam. Mas se estamos conectados o tempo todo, essa possibilidade se torna cada vez mais remota.

Na rotina diária, quais interferências sonoras causam mais dano à produtividade?
Em geral, qualquer som identificado como desagradável pode trazer danos, aqueles muito altos, repetitivos, muito graves ou muito agudos, acabam sendo mais difíceis de tolerar. E, ao contrário do que pode parecer o senso comum, o cérebro não se adapta a esses ruídos e o estresse provocado pela exposição constante pode ser sustentado, gerando sintomas físicos e malefícios à saúde, além de prejudicarem nossa performance.

O que o excesso de barulho pode causar na nossa saúde, além do estresse causado pela irritação? Dor de cabeça, tensão muscular, insônia? 
Na verdade, os efeitos físicos e respostas corporais como tensão, dor de cabeça e irritação, são reflexo da resposta de estresse desencadeada pelos ruídos desagradáveis. Quanto maior a intensidade dessa resposta, mais intensos podem ser os efeitos no corpo.

Ficar algum tempo em silêncio é uma forma de fazer um “detox” na mente”? Por quê? Quantos minutos são necessários?
Essas recomendações acabam variando muito de pessoa para pessoa. Ter ao menos um momento do dia em que você fica livre de qualquer estímulo, sem fazer nada –o ócio–, por pelo menos 10 a 15 minutos, seria bastante saudável, permitindo um “break” e um momento de relaxamento.

Como incluir alguns momentos de silêncio na rotina?
Procure identificar em qual horário do dia sua rotina é mais calma e livre de imprevistos. Defina um horário para fazer essa pausa, encontre um lugar confortável em que você esteja seguro, possa fechar os olhos e se desconectar de todos os estímulos sonoros, o máximo possível.

Se preciso, use um fone ou tampões de ouvidos. Se para sua rotina 10 minutos é muito, procure fazer intervalos de 3 a 5 minutos por duas ou três vezes ao dia. O importante é insistir e perceber como você se sentirá com a prática, pois ao notar mudanças positivas será mais fácil manter o novo hábito.

]]>
0
Prática de mindfulness ajuda a enfrentar angústia durante a quarentena; conheça técnicas https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/04/04/pratica-de-mindfulness-ajuda-a-enfrentar-angustia-durante-a-quarentena-conheca-tecnicas/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/04/04/pratica-de-mindfulness-ajuda-a-enfrentar-angustia-durante-a-quarentena-conheca-tecnicas/#respond Sat, 04 Apr 2020 17:13:34 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/mind2.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=121 Mindfulness, ou “consciência plena”, é um estado mental em que a pessoa volta sua atenção ao presente.

A prática não exige que seja feita apenas durante um momento reservado à meditação, explica a psicóloga Karen Cicuto, especialista em neuropsicologia pelo Inesp (Instituto Neuropsicológico de São Paulo) e integrante do Centro Mente Aberta da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em que atua como pesquisadora de mindfulness aplicado à saúde.

“Podemos trazer a atenção plena a atividades simples do cotidiano, que normalmente fazemos de forma automática, como lavar as mãos, sentindo a temperatura da água, a textura do sabonete, ou ainda escovando os dentes, lavando a louça e comendo, por exemplo”, afirma. “O conceito de mindfulness vai muito além de técnicas de meditação.”

Com origens no budismo e em tradições orientais, o mindfulness chegou ao Ocidente como uma prática laica utilizada como tratamento complementar para diversos quadros clínicos, como dores crônicas, estresse, depressão e ansiedade. O mindfulness aplicado à saúde foi desenvolvido pelo médico Jon Kabat-Zinn na década de 1970, nos Estados Unidos.

“A prática de mindfulness tem diversas aplicações, desde controle do estresse dia dia a dia e melhor qualidade de vida até para tratamento complementar de quadros clínicos como depressão, ansiedade e burnout”, diz Karen.

A psicóloga conta que o exercício pode ser uma ferramenta especialmente benéfica à saúde mental durante o período de quarentena, provocada pela pandemia do novo coronavírus, em que a população precisa lidar com sentimentos como angústia, medo e até mesmo com alguns sintomas de depressão e ansiedade.

“O mindfulness pode não só ajudar a diminuir esses sintomas, mas também nos ajudar a encarar a situação a partir de um ponto de vista de maior consciência, ajudando a nos relacionar de uma forma melhor com pensamentos e sentimentos que surgirem”, diz.

Segundo Karen, a atividade ajuda a responder de forma sábia aos sentimento em vez de reagir impulsivamente. “Ao trazer a atenção a mim mesma, posso perceber que estou angustiada e, a partir dessa consciência, decidir como me cuidar de uma forma eficaz, como telefonando para um amigo para pedir um apoio, por exemplo, em vez de comer uma barra de chocolate ou tomar uma dose de álcool”, observa.

Ela alerta, no entanto, que o mindfulness não é indicado para pessoas que estejam enfrentando alguma psicopatologia grave, como depressão com ideação suicida, fase de mania ou psicose. “Nessas situações, a atividade pode colocar uma ‘lente de aumento’ no sofrimento, o que não é recomendado.”

A indicação é que a prática se torne um hábito, assim como os exercícios físicos. Comece treinando de 5 a 10 minutos e aumente o tempo aos poucos. Veja algumas técnicas recomentados por Karen para iniciantes.

Escaneamento corporal 
Existem várias práticas de mindfulness que podem ser feitas por quem está começando. Uma delas se chama escaneamento corporal, na qual a pessoa leva sua atenção a alguns membros do corpo com a intenção de perceber as sensações de cada parte, como se estivesse escaneando o próprio corpo com a mente.

“Podemos começar percebendo as sensações dos nossos pés, depois das pernas, da pelve, do abdômen e assim subindo até a cabeça. É muito importante aqui lembrarmos da intenção da prática, que é trazer uma atenção amigável ao corpo, tomar consciência dele sem a intenção de mudar a experiência, as sensações, mas só percebê-las”, ensina Karen.

“Além disso, é importante saber, especialmente para quem está começando, que meditar não é estar com a mente vazia ou não pensar, já que essa é a natureza da mente e isso é impossível”, observa.

Karen explica que, durante a prática, a mente vai se distrair muitas vezes com os pensamentos, mas o objetivo é trazer a atenção de volta às sensações do corpo. “A ideia é ter consciência da nossa experiência, seja ela qual for.”

Atenção plena à respiração 
Outra prática útil para quem está começando é conhecida como atenção plena à respiração. Nela, a pessoa volta sua atenção às sensações da respiração e foca um ponto específico, como narinas, peito ou abdômen.

Nesse exercício, use a técnica de contagem da respiração para ajudar a estabilizar a atenção. “A cada inspiração e expiração conta-se 1, uma nova inspiração e expiração, conta-se 2… E assim vai até chegar a 10. Quando terminar ou se distrair, recomece a contar”, orienta.

Karen ressalta que o objetivo não é controlar a respiração, mas focar a atenção, deixando que a respiração flua naturalmente.

“Aqui a mente também vai se distrair, mas o convite é o mesmo: trazer uma atitude de não-julgamento e gentileza para com a natureza da mente de pensar, e trazer a atenção de volta às sensações da respiração”, explica.

Postura e local
Embora o mindfulness seja um exercício mental, a postura do corpo pode ser útil para trazer a consciência ao momento presente. A meditação não exige nenhuma postura especial, como a famosa postura de lótus de pernas cruzadas. Quem estiver começando pode fazer a prática sentado numa cadeira, com os pés bem apoiados no chão, com a coluna ereta e, de preferência –se a pessoa não tiver nenhum problema ortopédico–, afastada do encosto da cadeira.

A posição correta das costas é facilitada se a pessoa estiver sentada bem em cima dos ísquios, os ossinhos que ficam abaixo dos glúteos. As mãos podem estar apoiadas nas coxas, e a cabeça numa posição neutra, nem inclinada para frente nem para trás. Quem quiser, pode fazer a prática de olhos fechados ou semicerrados.

A prática do escaneamento corporal geralmente é feita na posição deitada, com a barriga para cima, as pernas esticadas com os pés relaxados e os braços ao longo do corpo. No entanto, se a pessoa sentir sono, pode experimentar fazer na posição sentada.

O ideal é que o mindfulness seja feito em um lugar arejado e silencioso. “Nem sempre isso será possível nesse período de quarentena, então talvez seja legal pedir auxílio aos familiares, pedindo privacidade em algum cômodo da casa”, diz Karen.

No vídeo abaixo, em seu canal no YouTube, Karen fala sobre como o mindfulness pode ajudar a melhorar a saúde mental durante o período de quarenta e ensina a prática de três passos.

]]>
0