Saúde Mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br Informação para superar transtornos e dicas para o bem-estar da mente Tue, 14 Dec 2021 02:30:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pensamentos intrusivos afetam mais pessoas com TOC e podem levar a abuso de substâncias, explica psiquiatra https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/#respond Thu, 25 Nov 2021 10:00:19 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/lu2-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1302 Os pensamentos intrusivos são involuntários e fazem a pessoa acreditar que vai perder o controle de alguma forma.

Eles não correspondem à realidade nem aos desejos de quem os vivencia. Geralmente dão a impressão que o indivíduo vai cometer um ato que considera abominável, como ferir outra pessoa ou a si mesmo. Ou, ainda, se ele fizer ou deixar de fazer alguma coisa, algo catastrófico pode acontecer.

“É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles”, ressalta a psiquiatra Flávia Batista Gustafson.

“Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns incluem pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo”, explica.

Apesar de poderem afetar qualquer pessoa, são mais comuns em quem tem transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático e especialmente TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

“Essas pessoas [com TOC] também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento”, conta Gustafson.

Com a pandemia da Covid-19 mais controlada e a volta do trabalho presencial e dos eventos sociais, é comum que pessoas que já tinham pensamentos intrusivos anteriormente fiquem mais vulneráveis a eles.

“Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente”, observa.

Sem um tratamento adequado, quem enfrenta esse fenômeno pode acabar recorrendo ao uso de álcool e outras drogas para tentar distrair a mente. “A pessoa se ‘medica’ com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas”, diz Gustafson.

“O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.”

Leia a seguir a entrevista com a psiquiatra.

O que são pensamentos intrusivos e como eles surgem?
Pensamentos intrusivos são pensamentos indesejados que aparecem do nada. Eles podem ser desencadeados por estresse do dia a dia, mas também podem ser sintomas de um transtorno mental. Geralmente eles são desagradáveis e até perturbadores, o que pode fazer com que as pessoas não procurem ajuda num primeiro momento por se sentirem envergonhados por esses pensamentos.

Os pensamentos intrusivos são involuntários e não têm relação com a realidade ou os desejos de uma pessoa. As pessoas não agem de acordo com esses pensamentos, muito pelo contrário, elas geralmente os consideram horríveis e inaceitáveis.

Esses pensamentos podem ser persistentes e causar angústia significativa em algumas pessoas. Frequentemente, quanto mais as pessoas tentam se livrar desses pensamentos, mais eles persistem e mais intensos se tornam.

Você poderia citar um exemplo de pensamento intrusivo que seja comum?
É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles.

Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns de pensamentos intrusivos incluem: pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo.

Os pensamentos intrusivos são comuns em transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e TOC (transtorno obsessivo-compulsivo). Por que os pacientes diagnosticados com esses transtornos costumam ter esse tipo de pensamento?
Pessoas com diagnóstico de transtornos mentais (nesse caso, principalmente aquelas com TOC) têm maior probabilidade de julgar seus pensamentos intrusivos como maus, imorais ou perigosos.

Essas interpretações geralmente levam a uma forte reação emocional negativa, o que amplifica a força percebida dos pensamentos intrusivos, elevando assim o foco sobre eles.

Essas pessoas também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento.

Qual é a diferença entre pensamento intrusivo, alucinação e delírio?
As alucinações e delírios são sintomas bastante diferentes dos pensamentos intrusivos, e costumam estar presentes em transtornos psicóticos.

As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial (auditiva, visual, olfativa, gustativa e tátil), mas as auditivas são de longe as mais comuns. É uma percepção que parece completamente real para a pessoa, mas que não está acontecendo. As alucinações auditivas são geralmente experimentadas como vozes, familiares ou não familiares, que são percebidas como distintas dos próprios pensamentos da pessoa.

A definição de delírio é um pouco diferente, embora também envolva a experiência de algo que parece real, mas não é. É uma crença obviamente falsa, mas mesmo assim o indivíduo que a experimenta pensa que é absolutamente verdadeira. Essa pessoa vai acreditar firmemente no delírio, mesmo quando repetidamente mostradas evidências contrárias.

Tanto as alucinações quanto os delírios são distúrbios, na realidade. São experiências que parecem reais para quem está sofrendo com elas, mas não têm conexão com a realidade.

Agora, com a pandemia mais controlada, as pessoas estão retomando o trabalho presencial e os eventos sociais. É comum que algumas pessoas tenham pensamentos intrusivos por medo de contaminação por Covid-19? Ou mesmo por que ficaram muito tempo em isolamento e estão enfrentando uma espécie de agorafobia?
Certamente. As pessoas que já sofriam com pensamentos intrusivos antes da pandemia agora estão muito mais vulneráveis à medida que o mundo vai se abrindo novamente ao “novo normal”.

Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente.

Muitas dessas pessoas encontraram um certo conforto emocional na situação de isolamento e do home office durante a fase mais crítica da pandemia e podem sentir muita dificuldade em enfrentar o mundo novamente.

É comum uma pessoa que tenha pensamentos intrusivos e que ainda não tenha tido um diagnóstico correto recorra ao uso de drogas e álcool? Quais são os perigos que essa prática pode acarretar?
Quando falamos em pensamento intrusivos que causam muito sofrimento, sempre lembramos do risco aumentado do abuso de substâncias, especialmente o álcool.

A pessoa se “medica” com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas.

O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.

Com um diagnóstico correto e tratamentos com psiquiatra e psicólogo é possível controlar esses pensamentos?
Pensamentos intrusivos nem sempre são o resultado de uma condição médica. Aliás, a maioria das pessoas os têm de vez em quando. No entanto, para muitas pessoas, pensamentos intrusivos podem, sim, ser um sintoma de um problema de saúde mental, como TOC ou o transtorno de estresse pós-traumático.

Esses pensamentos também podem ser um sintoma de problemas neurológicos, como uma lesão cerebral, demência ou mal de Parkinson, por exemplo. Por isso um diagnóstico bem feito é imperativo.

A melhor maneira de gerenciar pensamentos intrusivos é reduzir a sensibilidade da pessoa a esses pensamentos e seu conteúdo. O tratamento vai ser individualizado a cada pessoa, mas, em linhas gerais, o médico psiquiatra vai fazer o diagnóstico e prescrever a medicação mais indicada.

Paralelamente, é fundamental a abordagem com a psicoterapia, sendo a TCC (terapia cognitivo comportamental) a mais indicada. Por último, e não menos importante, a pessoa deve ser orientada a seguir um estilo de vida saudável, com alimentação nutritiva, atividade física e higiene do sono, o que vai somente agregar ao seu bem-estar geral.

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Pandemia desencadeia e intensifica fobias sociais e transtornos de ansiedade https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/pandemia-desencadeia-e-intensifica-fobias-sociais-e-transtornos-de-ansiedade/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/pandemia-desencadeia-e-intensifica-fobias-sociais-e-transtornos-de-ansiedade/#respond Thu, 08 Jul 2021 11:00:35 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/a5fcbeabda913ea815fb23607c19ce42c959de46c8c2ce2c8180ca68e64bad74_5af4da6cc7791-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=870 O isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19, que afeta toda a população mundial desde março de 2020, tem alterado a forma como as pessoas interagem umas com as outras.

Mesmo para aqueles que já tomaram as duas doses da vacina, os médicos recomendam que os encontros presenciais continuem sendo evitados e que o distanciamento de dois metros e o uso de máscaras sejam mantidos. Essas medidas são importantes para diminuir a transmissão do coronavírus e erradicar a doença.

A restrição nas interações sociais, que é motivo de tristeza para muitos, também pode ser um alívio para aqueles que preferem um estilo de vida mais recluso.

“O confinamento gera grande sofrimento para a maioria das pessoas, mas algumas se sentem confortáveis com o isolamento e temem como vai ser a interação com os demais após essa fase”, explica a psicóloga clínica Karin Kenzler.

Esse desconforto com a expectativa de voltar a uma rotina pré-pandemia pode ser sinal de algum distúrbio, como transtorno do pânico, síndrome da cabana, TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e agorafobia, ressalta Karin. Todos têm ligação com a ansiedade, com a vontade de se afastar de lugares cheios e com a preocupação de ter que lidar socialmente com muitas pessoas.

O pânico é um tipo de transtorno de ansiedade, caracterizado por crises inesperadas de medo, insegurança e desespero, aparentemente sem qualquer risco real. Essas crises provocam sintomas físicos, como falta de ar, taquicardia, suor excessivo, dor de barriga, náusea, tontura, sensação de morte iminente e boca seca, e também psicológicos, como medo de morrer, medo de enlouquecer, sensação de irrealidade e distanciamento social.

A síndrome da cabana não é considerada uma doença, pois se trata de um fenômeno natural do corpo que não está acostumado a mudanças bruscas na rotina ou no comportamento, observa a psicóloga. Ela se manifesta quando a pessoa precisa se adaptar a uma nova realidade de forma rápida e, em geral, sem que tenha total controle da situação, causando angústia, irritabilidade, inquietação, distúrbios do sono e de alimentação, dificuldade de concentração e desconfiança das pessoas.

Já o TOC (transtorno obsessivo compulsivo), distúrbio psiquiátrico de ansiedade identificado pela presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões, está relacionado com a necessidade de controle do ambiente, diz Karin. Nesse caso, a preocupação da pessoa é maior com o fim da quarentena e a retomada da vida menos controlável fora de casa.

A agorafobia é o medo de ter crises de ansiedade, com sintomas parecidos aos de um ataque de pânico, mas em locais públicos ou em lugares em que o atendimento médico seja dificultado, como em túneis e elevadores. “A pandemia pode propiciar o surgimento desse transtorno em pessoas que já apresentam um perfil ansioso, por ser um período de muitas mudanças causadoras de estresse e situações difíceis, como perda do emprego, incerteza sobre o futuro, medo do contágio pessoal ou de familiares e da morte”, afirma Karin.

De acordo com a psicóloga, algumas práticas ajudam a controlar a ansiedade e, consequentemente, diminuem as chances de fobias e transtornos se intensificarem. Porém, se os sintomas persistirem, é importante buscar ajuda de um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra.

Veja algumas dicas abaixo:

  • Criar uma rotina para organizar a mente ao longo do período de isolamento social. Definir horários de trabalho, intervalos, refeições e também ter momentos de lazer e descanso
  • Praticar exercícios físicos para combater o estresse, a ansiedade e a depressão. A atividade física também melhora a autoestima, a qualidade do sono e a concentração
  • Evitar o excesso de informações sobre a pandemia que podem causar ansiedade e angústia. Para se manter bem informado, basta acompanhar as principais notícias de veículos de imprensa confiáveis
  • Limitar e definir horários para entrar nas redes sociais, o que também evita o excesso de informação. O tempo online aumentou muito na quarentena e também pode ser causador de estresse e ansiedade
  • Ao se sentir muito estressado, com medo excessivo e ansioso, procurar se desconectar um pouco da realidade com atividades capazes de acalmar a mente por alguns instantes
  • Ler e assistir a filmes e séries ajuda a relaxar, já que acompanhar novas histórias nos transporta para outros lugares e vivências, sendo uma forma de “viajar” em tempos de quarentena
  • Atividades como pintar, dançar, cantar, tocar algum instrumento musical e escrever são formas de expressar o que se sente e pode ajudar a diminuir a angústia e o medo
  • Praticar exercícios de respiração, com técnicas simples, pode ajudar a lidar com a ansiedade

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Será que tenho burnout? Saiba quais são os sintomas e como prevenir a doença https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/02/01/sera-que-tenho-burnout-saiba-quais-sao-os-sintomas-e-como-prevenir-a-doenca/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/02/01/sera-que-tenho-burnout-saiba-quais-sao-os-sintomas-e-como-prevenir-a-doenca/#respond Mon, 01 Feb 2021 10:00:30 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/a5fcbeabda913ea815fb23607c19ce42c959de46c8c2ce2c8180ca68e64bad74_5af4da6cc7791-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=594 Exaustão emocional, dificuldade de concentração e incapacidade de relaxar são alguns dos sintoma da síndrome de burnout.

O esgotamento profissional, conhecido como burnout, foi incluído na Classificação Internacional de Doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2019.

Ao ser reconhecido como doença, o burnout foi descrito como “uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito” e que se caracteriza por três elementos: “sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados a seu trabalho e eficácia profissional reduzida”.

A OMS explica que o esgotamento “se refere especificamente a fenômenos relativos ao contexto profissional e não deve ser utilizado para descrever experiências em outros âmbitos da vida”. Ou seja, são problemas causados pela rotina do trabalho.

Quando não é tratada, a síndrome pode evoluir para casos de depressão, transtornos de ansiedade, além de doenças físicas como hipertensão e distúrbios gastrintestinais.

A psicóloga Sabrina Amaral, fundadora da empresa Epopéia Desenvolvimento Humano, aponta quais são os sintomas do burnout e como prevenir e tratar a doença.

Como saber se estou com síndrome de burnout?
Não existe um exame específico para detectar o burnout. O diagnóstico é feito por meio de uma avaliação dos sintomas por profissionais da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras.

Quais são os principais sintomas do burnout?

  • Exaustão emocional
  • Sensação permanente de cansaço
  • Insônia e distúrbios do sono
  • Dificuldade de concentração
  • Lapsos de memória
  • Tensão muscular
  • Dores crônicas
  • Irritabilidade exagerada em situações corriqueira
  • Pessimismo exacerbado
  • Apatia
  • Baixa autoestima e sentimentos de inferioridade
  • Sensação de culpa quando fora do trabalho
  • Incapacidade de relaxar

Como prevenir a doença?

  • Priorizar as tarefas do trabalho, separando aquilo que é urgente
  • Aprender a se concentrar em uma determinada tarefa, minimizando as distrações. Muitas vezes esses “ladrões de tempo” são outras atividades relacionadas ao trabalho, como responder emails, fazer pesquisas na internet, realizar telefonemas curtos, reuniões que você não precisava participar etc.
  • É importante saber dizer não sem culpa. Geralmente, as pessoas se sobrecarregam por dois motivos: por não reconhecerem seus próprios limites ou por reconhecê-los, mas não respeitá-los dizendo não a mais tarefas
  • Ter atenção ao autocuidado. Atividades simples e prazerosas devem fazer parte da rotina para garantir qualidade de vida e equilíbrio. Por isso, é importante cuidar da alimentação, praticar atividades físicas, meditação, ter horários estabelecidos para uma rotina saudável, diminuir o perfeccionismo e a autocobrança, estabelecer momentos de lazer e relaxamento

Como a doença é tratada? 
É preciso procurar ajuda psicológica. Geralmente, a pessoa que sofre com acredita que precisa lidar com suas emoções sozinha, que precisa dar conta de tudo e que pedir ajuda é sinal de fracasso. Acontece que quanto mais ela se sobrecarrega, mais severo se torna o quadro abrindo portas, para doenças físicas e mentais.

Por isso, ter o apoio de um psicólogo é fundamental. Às vezes, poucas horas de terapia podem poupar meses de sofrimento desnecessários. Burnout não é cansaço, não deve ser banalizado. É importante trabalhar o autoconhecimento, entender que os erros fazem parte da vida e procurar não se cobrar tanto.

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Laboratório da UFSC lança livro sobre saúde mental nas pandemias https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/12/14/laboratorio-da-ufsc-lanca-livro-sobre-saude-mental-nas-pandemias/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/12/14/laboratorio-da-ufsc-lanca-livro-sobre-saude-mental-nas-pandemias/#respond Mon, 14 Dec 2020 17:00:19 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/idosas-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=500 Pesquisadores do Laboratório Fator Humano da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) lançaram neste mês, em formato ebook, o livro “Atenção à saúde mental nas pandemias: Perspectivas e estratégias”, pela editora Ampla.

Com 59 autores convidados de diversas instituições do Brasil e do exterior e 12 organizadores, a obra foi coordenada por Roberto Moraes Cruz, psicólogo e professor da UFSC.

O livro explica como as condições de isolamento social e confinamento praticados durante pandemias, além do medo da contaminação e do processo de recuperação, para quem já foi infectado, e a perda de entes queridos afetam a saúde mental da população.

Os principais impactos observados são o aumento ou surgimento de quadros depressivos, ideação suicida, ansiedade e crises de pânico, transtorno do estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático, síndrome de burnout e alterações do ciclo sono-vigília.

“É um livro generalista, para que qualquer pessoa possa entender, e não apenas profissionais da área. Tentamos usar uma linguagem mais acessível possível”, explica Cruz.

Apesar de partir do ponto de que qualquer pandemia e as medidas para enfrentá-la provocam impactos na saúde mental, a obra destaca a atual crise da Covid-19 para exemplificar os tópicos abordados.

No início, para contextualizar o leitor, o capítulo A Covid-19 na Perspetiva Biológica explica o que é coronavírus (família de vírus relacionados à infecções respiratórias) e como o Sars-Cov-2 surgiu e como ele se manifesta.

A partir daí, o livro se aprofunda nos impactos psicológicos causados pela pandemia, dividido em cinco partes: 1- Saúde mental no contexto das pandemias, 2- Fatores de risco e protetivos e impactos à saúde mental, 3- Treinamento para profissionais e suporte especializado em saúde mental, 4- Ações em comunicação e estratégias para a infraestrutura relacionados à saúde mental, 5- Covid-19: Cenário brasileiro e internacional.

A obra tem a preocupação não só de mostrar o que acontece no contexto da pandemia, como aumento de quadros depressivos e de ansiedade, mas também de explicar o que é cada um desses transtornos, como identificar seus sinais e sintomas e como procurar ajuda.

Outra questão abordada é o estigma vivido por quem teve a doença, por pessoas que fazem parte do grupo de risco, como os idosos, ou por profissionais que trabalham em contato direto com pacientes.

O abuso de álcool e de drogas ilícitas e o aumento de comportamentos violentos também são analisados pelos autores.

Além dos aspectos ligados diretamente à saúde mental, o livro também debate a insegurança causada pela crise econômica, as estratégias dos governos ao lidar com a pandemia, a desigualdade social, os desafios do ensino a distância para estudantes da rede pública e até a realização no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste ano.

Para os profissionais que atuam na linha de frente no combate à pandemia, os autores também destacam a importância da realização de cursos e capacitações para lidar com pacientes e familiares, como o treinamento para aqueles que vão prestar os Primeiros Socorros Psicológicos (PSP), os Primeiros Atendimentos Psicológicos (PAP) ou os Primeiros Cuidados Psicológicos (PCP).

Esses atendimentos não são exclusivos a profissionais da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, mas requerem uma capacitação prévia para oferecer uma escuta acolhedora e saber levar em consideração questões de gênero e de idade. As medidas são aplicadas em populações que enfrentam guerras e desastres naturais como terremotos, por exemplo.

“Atenção à saúde mental nas pandemias: Perspectivas e estratégias”
Preço R$ 16,07 (ebook à venda na Amazon), 290 págs.
Autor vários; coordenador Roberto Moraes Cruz
Editora Ampla, 1ª edição

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Mais de 50% dos paulistas adultos dizem sentir ansiedade com frequência desde o início da pandemia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/07/08/mais-de-50-dos-paulistas-adultos-dizem-sentir-ansiedade-com-frequencia-desde-o-inicio-da-pandemia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2020/07/08/mais-de-50-dos-paulistas-adultos-dizem-sentir-ansiedade-com-frequencia-desde-o-inicio-da-pandemia/#respond Wed, 08 Jul 2020 17:55:29 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/ansiedade.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=230 Karina Toledo | Agência FAPESP – Mais de metade da população adulta do estado de São Paulo afirma sentir ansiedade ou nervosismo com frequência desde que a pandemia causada pelo novo coronavírus começou, revela uma pesquisa feita pela internet com 11.863 indivíduos por cientistas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Para 39% dos entrevistados, sentir-se triste ou deprimido passou a ser algo rotineiro durante a quarentena e quase 30%, que antes dormiam bem, começaram a enfrentar problemas de sono. Os dados foram coletados entre os dias 24 de abril e 24 de maio por meio de questionário online. Em seguida, foram calibrados com base nos indicadores da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD, 2019) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de modo a apresentar a mesma distribuição por sexo, faixa etária, raça e grau de escolaridade da população paulista.

“Um dos objetivos da iniciativa foi avaliar o estado de ânimo dos brasileiros durante o período de isolamento social e os resultados mostram que, nesse aspecto, os adultos jovens [entre 18 e 29 anos] foram os mais afetados: 54,9% com tristeza frequente e 69,7% com ansiedade frequente, enquanto entre os idosos esses percentuais foram, respectivamente, 25% e 31%”, conta Marilisa Barros, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e coordenadora do estudo ao lado de Célia Landmann Szwarcwald (Fiocruz) e Deborah Carvalho Malta (UFMG).

Na comparação entre os sexos, as mulheres apresentaram percentuais bem mais elevados do que os homens: 48,4% se sentiram tristes ou deprimidas com frequência e 60,1% ansiosas ou nervosas, enquanto entre os homens os índices foram 28,5% e 40,6%, respectivamente.

Para 26,5% dos participantes, a saúde como um todo piorou após o início da pandemia. Cerca de 40% começaram a sofrer de dores na coluna e 56,6% dos que já tinham um problema crônico nesse sentido (32,7% da mostra) relataram aumento na dor. O percentual de indivíduos considerados fisicamente ativos (mais de 150 minutos de exercícios por semana) caiu de 30,5% para 14,2%. Por outro lado, o hábito de assistir televisão por três horas ou mais aumentou de 21% para 52% e o uso de tablet ou computador por mais de quatro horas diárias passou de 46,2% para 64,3%.

“O aumento no sedentarismo e no tempo em frente a telas já era esperado, mas o percentual de pessoas com dores na coluna foi algo que nos surpreendeu. Acreditamos que isso tenha relação com as mudanças nas atividades habituais. Mais pessoas passaram a se dedicar às atividades domésticas, por exemplo”, avalia Barros.

A pesquisa revela ainda uma piora nos hábitos alimentares dos paulistas. O percentual dos que comem verduras e legumes ao menos cinco dias por semana caiu de 42% para 35,9%, enquanto o consumo de alimentos considerados não saudáveis (em dois ou mais dias por semana) cresceu: congelados passou de 8,6% para 13%; salgadinhos de 8,5% para 13,7%; e chocolate de 46,5% para 52,7%.

Também foi observado um maior consumo de bebida alcoólica e tabaco no período. “Embora felizmente o número de fumantes em nossa população seja pequeno [15,7% da mostra], 28% deles disseram estar fumando mais cigarros por dia. O aumento foi maior entre as mulheres [31,5%] do que entre os homens [24,3%]. Além disso, o percentual foi duas vezes mais elevado entre os que relataram tristeza frequente e três vezes superior nos indivíduos que se sentiam frequentemente ansiosos. Essa mesma relação com o estado de ânimo foi vista entre os 18,4% dos entrevistados que disseram ter aumentado o consumo de bebidas alcoólicas”, conta Barros.

Renda e emprego

Embora questões relacionadas à saúde sejam o foco da Convid Pesquisa de Comportamentos, o questionário online incluía questões que permitiram aos pesquisadores avaliar o impacto socioeconômico da pandemia e da quarentena sobre a população estudada.

Ao todo, 55,3% das pessoas relataram diminuição da renda familiar e 6,3% ficaram sem nenhum rendimento. A população mais pobre (renda per capita inferior a meio salário mínimo) foi a mais afetada. Nesse grupo, 9,4% ficaram sem rendimento e apenas 26,4% conseguiram manter o nível de renda anterior à pandemia, enquanto no segmento mais rico (quatro salários mínimos ou mais) esses percentuais foram, respectivamente, de 6,9% e 48,8%. Entre os trabalhadores autônomos, 91% relataram perda parcial ou total de renda.

Em relação à situação atual de trabalho, 3% dos adultos de São Paulo perderam o emprego e 19,1% ficaram temporariamente sem trabalhar. Continuaram trabalhando fora de casa 19,5% e 27,4% aderiram ao home office. Quanto à condição prévia de trabalho, 55,7% dos que trabalhavam por conta própria ficaram sem trabalhar, assim como 26% dos donos de empresas e de trabalhadores sem carteira assinada.

“Já sabíamos que a pandemia está afetando o emprego e a renda da população, mas não estava bem claro em que proporção. Esses percentuais foram mais elevados do que eu esperava”, diz Barros à Agência FAPESP.

A pesquisadora também afirma ter se surpreendido com a alta adesão da população ao isolamento social. Pouco mais de 60% afirmaram ter saído de casa no período estudado apenas para compras em supermercado e farmácia e 15,7% saíram apenas para ir a serviços de saúde.

“Se considerarmos somente os idosos, o percentual dos que saíram apenas para ir a um serviço de saúde chega a 32%. No entanto, 10% das pessoas com mais de 60 anos seguiram levando uma vida quase normal e continuaram a trabalhar fora de casa”, conta Barros.

Quase 27% dos entrevistados disseram ter sentido sintomas de gripe durante o período da pesquisa e apenas 3,6% conseguiram fazer o teste para diagnóstico da Covid-19. Desses, 41,5% tiveram um resultado positivo.

De olho nos adolescentes

Com o objetivo de avaliar o impacto da pandemia e da quarentena na população entre 12 e 17 anos, os pesquisadores acabam de lançar a ConVid Adolescentes – Pesquisa de Comportamentos. Assim como a versão anterior, feita com os adultos, o questionário pode ser respondido pela internet e as informações fornecidas serão confidenciais. Interessados em participar podem acessar o link aqui.

“Os adolescentes precisarão obter a autorização de seus pais no termo de consentimento para poder participar da pesquisa”, explica Barros.

De acordo com a pesquisadora, o objetivo das duas pesquisas é gerar subsídios para o desenvolvimento de intervenções e políticas públicas que ajudem a minimizar os impactos negativos da pandemia e do isolamento social na saúde da população.

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