Saúde Mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br Informação para superar transtornos e dicas para o bem-estar da mente Tue, 14 Dec 2021 02:30:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Excesso de procedimentos estéticos pode ser sinal de dismorfofobia, explicam especialistas https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/excesso-de-procedimentos-esteticos-pode-ser-sinal-de-dismorfofobia-explicam-especialistas/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/excesso-de-procedimentos-esteticos-pode-ser-sinal-de-dismorfofobia-explicam-especialistas/#respond Sun, 28 Nov 2021 10:00:04 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/botox-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1310 “Percebi que tinha exagerado na boca quando me vi num vídeo. Eu falava e a boca quase não mexia”, conta a vendedora Mariana Soares. “Eu sei que fui influenciada por filtros de Instagram e por famosas que via na internet. Mas na vida real não fica do mesmo jeito, né?”

Ela conta que, desde que não gostou do que viu na gravação, decidiu esperar o excesso de ácido hialurônico –produto utilizado para dar volume aos lábios– ser reabsorvido pelo organismo. “Não acho que nunca mais vou fazer preenchimento labial, mas vou pegar mais leve das próximas vezes”, diz.

O psiquiatra Adilon Harley Machado explica que as redes sociais reforçam um padrão estético a ser seguido que é associado ao sucesso. “Existe uma pressão que faz as pessoas se compararem umas com as outras. É natural do ser humano querer para si aquilo que é socialmente será bem visto”, observa.

“Nesse contexto, as pessoas encontram um falso conforto, a ponto de deixarem de se reconhecer nas suas imperfeições, que só são imperfeições aos olhos desses padrões, e começam a achar que aquelas características seriam importantes para se sentirem mais bonitas e desejadas.”

Além de insatisfação e ansiedade que uma eterna busca pela perfeição provoca, o psiquiatra ressalta que o exagero de procedimentos estéticos pode ser sinal de transtorno dismórfico corporal, também chamado de dismorfofobia.

O transtorno é caracterizado pela preocupação excessiva que uma pessoa pode desenvolver em relação à própria aparência. “A imagem que ela vê representada no espelho é sempre algo que causa um desconforto muito grande”, afirma.

O dermatologista Luis Fernando Tovo conta que casos de dismorfofobia ficam evidentes no consultório quando um paciente nunca fica satisfeito com os resultados dos procedimentos estéticos.

“No preenchimento labial, por exemplo, a pessoa atinge um ideal que fica harmônico para ela, mas mesmo assim ela quer mais. O profissional precisa ter um bom senso crítico para não entrar na onda do paciente”, adverte.

Tovo revela que o número de procedimentos estéticos aumentou muito durante a pandemia da Covid-19, especialmente em pacientes homens. “Eles começaram a reparar mais no próprio rosto de tanto ficar em reuniões virtuais.”

No entanto, lembra o dermatologista, querer melhorar algum aspecto que incomoda não é algo negativo.

“Hoje existem técnicas que são de restauração e não apenas de rejuvenescimento. Eu não gosto do termo rejuvenescimento. Atualmente a expectativa de vida é muito alta, então assim como cuidamos da nossa saúde internamente, evitando o consumo de alimentos que fazem mal e hábitos como o tabagismo, também é interessante cuidar do lado de fora”, afirma.

O cirurgião plástico Luiz Carlos Ishida, coordenador do grupo de rinoplastias e rinologia da disciplina de cirurgia plástica da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), destaca outro lado das fotos tiradas com celular, que é a distorção que elas provocam.

“Ao bater um selfie, a câmera fica muito próxima do rosto e isso aumenta o nariz. Essa alteração já levou várias pessoas a procurar cirurgia plástica, muitas vezes sem necessidade”, afirma.

Ishida ressalta que é importante o cirurgião plástico saber observar durante a consulta se as expectativas do paciente condizem com o resultado que o procedimento pode oferecer de forma segura e saudável.

“Uma pessoa com dismorfofobia vai continuar vendo defeito mesmo depois de uma cirurgia bem-sucedida. Já vi paciente dizer que as fotos do pós-cirúrgico, que mostravam o nariz bonito, estavam erradas, que o certo era o que ela estava vendo”, diz.

Um comportamento comum desses pacientes é tentar convencer outras pessoas, além do próprio médico, de que aquele defeito existe.

“Já atendi pessoas que sabem mexer em Photoshop e vieram para a consulta com uma simulação que eles fizeram do próprio nariz. Aí, em alguns casos, a gente tem que explicar que não dá para obter aquele resultado com cirurgia”, relata Ishida. “Isso ainda é medicina.”

O psiquiatra Adilon Harley Machado conta que a dismorfofobia pode estar dentro dos transtornos obsessivos-compulsivos (TOC). “É possível que o paciente esteja desenvolvendo um TOC que está associado à aparência e, para se sentir mais aliviado, começa a fazer procedimentos estéticos.”

A base do tratamento, diz Machado, é a psicoterapia. “As sessões periódicas vão ajudar o paciente a lidar melhor com suas angústias. Mas algumas vezes, a depender do grau de disfuncionalidade que a pessoa está enfrentando, é preciso fazer tratamento medicamento psiquiátrico”, afirma.

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Pensamentos intrusivos afetam mais pessoas com TOC e podem levar a abuso de substâncias, explica psiquiatra https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/#respond Thu, 25 Nov 2021 10:00:19 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/lu2-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1302 Os pensamentos intrusivos são involuntários e fazem a pessoa acreditar que vai perder o controle de alguma forma.

Eles não correspondem à realidade nem aos desejos de quem os vivencia. Geralmente dão a impressão que o indivíduo vai cometer um ato que considera abominável, como ferir outra pessoa ou a si mesmo. Ou, ainda, se ele fizer ou deixar de fazer alguma coisa, algo catastrófico pode acontecer.

“É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles”, ressalta a psiquiatra Flávia Batista Gustafson.

“Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns incluem pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo”, explica.

Apesar de poderem afetar qualquer pessoa, são mais comuns em quem tem transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático e especialmente TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

“Essas pessoas [com TOC] também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento”, conta Gustafson.

Com a pandemia da Covid-19 mais controlada e a volta do trabalho presencial e dos eventos sociais, é comum que pessoas que já tinham pensamentos intrusivos anteriormente fiquem mais vulneráveis a eles.

“Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente”, observa.

Sem um tratamento adequado, quem enfrenta esse fenômeno pode acabar recorrendo ao uso de álcool e outras drogas para tentar distrair a mente. “A pessoa se ‘medica’ com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas”, diz Gustafson.

“O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.”

Leia a seguir a entrevista com a psiquiatra.

O que são pensamentos intrusivos e como eles surgem?
Pensamentos intrusivos são pensamentos indesejados que aparecem do nada. Eles podem ser desencadeados por estresse do dia a dia, mas também podem ser sintomas de um transtorno mental. Geralmente eles são desagradáveis e até perturbadores, o que pode fazer com que as pessoas não procurem ajuda num primeiro momento por se sentirem envergonhados por esses pensamentos.

Os pensamentos intrusivos são involuntários e não têm relação com a realidade ou os desejos de uma pessoa. As pessoas não agem de acordo com esses pensamentos, muito pelo contrário, elas geralmente os consideram horríveis e inaceitáveis.

Esses pensamentos podem ser persistentes e causar angústia significativa em algumas pessoas. Frequentemente, quanto mais as pessoas tentam se livrar desses pensamentos, mais eles persistem e mais intensos se tornam.

Você poderia citar um exemplo de pensamento intrusivo que seja comum?
É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles.

Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns de pensamentos intrusivos incluem: pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo.

Os pensamentos intrusivos são comuns em transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e TOC (transtorno obsessivo-compulsivo). Por que os pacientes diagnosticados com esses transtornos costumam ter esse tipo de pensamento?
Pessoas com diagnóstico de transtornos mentais (nesse caso, principalmente aquelas com TOC) têm maior probabilidade de julgar seus pensamentos intrusivos como maus, imorais ou perigosos.

Essas interpretações geralmente levam a uma forte reação emocional negativa, o que amplifica a força percebida dos pensamentos intrusivos, elevando assim o foco sobre eles.

Essas pessoas também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento.

Qual é a diferença entre pensamento intrusivo, alucinação e delírio?
As alucinações e delírios são sintomas bastante diferentes dos pensamentos intrusivos, e costumam estar presentes em transtornos psicóticos.

As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial (auditiva, visual, olfativa, gustativa e tátil), mas as auditivas são de longe as mais comuns. É uma percepção que parece completamente real para a pessoa, mas que não está acontecendo. As alucinações auditivas são geralmente experimentadas como vozes, familiares ou não familiares, que são percebidas como distintas dos próprios pensamentos da pessoa.

A definição de delírio é um pouco diferente, embora também envolva a experiência de algo que parece real, mas não é. É uma crença obviamente falsa, mas mesmo assim o indivíduo que a experimenta pensa que é absolutamente verdadeira. Essa pessoa vai acreditar firmemente no delírio, mesmo quando repetidamente mostradas evidências contrárias.

Tanto as alucinações quanto os delírios são distúrbios, na realidade. São experiências que parecem reais para quem está sofrendo com elas, mas não têm conexão com a realidade.

Agora, com a pandemia mais controlada, as pessoas estão retomando o trabalho presencial e os eventos sociais. É comum que algumas pessoas tenham pensamentos intrusivos por medo de contaminação por Covid-19? Ou mesmo por que ficaram muito tempo em isolamento e estão enfrentando uma espécie de agorafobia?
Certamente. As pessoas que já sofriam com pensamentos intrusivos antes da pandemia agora estão muito mais vulneráveis à medida que o mundo vai se abrindo novamente ao “novo normal”.

Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente.

Muitas dessas pessoas encontraram um certo conforto emocional na situação de isolamento e do home office durante a fase mais crítica da pandemia e podem sentir muita dificuldade em enfrentar o mundo novamente.

É comum uma pessoa que tenha pensamentos intrusivos e que ainda não tenha tido um diagnóstico correto recorra ao uso de drogas e álcool? Quais são os perigos que essa prática pode acarretar?
Quando falamos em pensamento intrusivos que causam muito sofrimento, sempre lembramos do risco aumentado do abuso de substâncias, especialmente o álcool.

A pessoa se “medica” com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas.

O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.

Com um diagnóstico correto e tratamentos com psiquiatra e psicólogo é possível controlar esses pensamentos?
Pensamentos intrusivos nem sempre são o resultado de uma condição médica. Aliás, a maioria das pessoas os têm de vez em quando. No entanto, para muitas pessoas, pensamentos intrusivos podem, sim, ser um sintoma de um problema de saúde mental, como TOC ou o transtorno de estresse pós-traumático.

Esses pensamentos também podem ser um sintoma de problemas neurológicos, como uma lesão cerebral, demência ou mal de Parkinson, por exemplo. Por isso um diagnóstico bem feito é imperativo.

A melhor maneira de gerenciar pensamentos intrusivos é reduzir a sensibilidade da pessoa a esses pensamentos e seu conteúdo. O tratamento vai ser individualizado a cada pessoa, mas, em linhas gerais, o médico psiquiatra vai fazer o diagnóstico e prescrever a medicação mais indicada.

Paralelamente, é fundamental a abordagem com a psicoterapia, sendo a TCC (terapia cognitivo comportamental) a mais indicada. Por último, e não menos importante, a pessoa deve ser orientada a seguir um estilo de vida saudável, com alimentação nutritiva, atividade física e higiene do sono, o que vai somente agregar ao seu bem-estar geral.

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Com MC Soffia e Valentina Schulz, série no YouTube aborda saúde mental de crianças e adolescentes https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/com-mc-soffia-e-valentina-schulz-serie-no-youtube-aborda-saude-mental-de-criancas-e-adolescentes/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/com-mc-soffia-e-valentina-schulz-serie-no-youtube-aborda-saude-mental-de-criancas-e-adolescentes/#respond Fri, 05 Nov 2021 10:00:06 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/WhatsApp-Image-2021-11-04-at-22.49.36-300x215.jpeg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1285 “A crise de ansiedade é quando uma caixa de som dá microfonia. Dá aquele barulho chato, ensurdecedor. É isso. Quando a caixa estoura, é a crise.” O exemplo é de Júlia Katula, 17, estudante entrevistada na websérie “Vc tbem sente?”.

O programa faz parte do Saúde da Infância, canal no YouTube da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, mantenedora do Hospital Infantil Sabará.

São sete episódios, com cerca de dez minutos cada um, apresentados pela rapper MC Soffia, 17, e pela youtuber Valentina Schulz, 18. Elas conversam sobre saúde mental com outros adolescentes e abordam temas como ansiedade, depressãobullying e suicídio.

O primeiro capítulo estreou na quarta-feira (3) e teve a participação da psicanalista Tide Setúbal, que explica a diferença entre sentir medo, ansiedade e ataques de pânico.

Os próximos episódios vão ao ar semanalmente, sempre às quartas-feiras, ao meio-dia.

O Saúde da Infância existe desde 2019 e é uma iniciativa da fundação para tratar exclusivamente sobre temas relacionados a crianças, com a chancela da maior instituição da área no país.

A assinatura da websérie é da Plano Astral Filmes, produtora da cineasta Cecilia Engels, que se dedica a projetos com propósito educacional, cultural e com potencial de transformação social.

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É possível ter um transtorno psicológico e viver bem, diz psicóloga Ana Gabriela Andriani https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/e-possivel-ter-um-transtorno-psicologico-e-viver-bem-diz-psicologa-ana-gabriela-andriani/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/e-possivel-ter-um-transtorno-psicologico-e-viver-bem-diz-psicologa-ana-gabriela-andriani/#respond Sun, 10 Oct 2021 10:00:18 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-09-at-12.42.10-300x215.jpeg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1208 O que é ter saúde mental? Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), a saúde mental é um estado de equilíbrio psíquico, físico e que envolve questões sociais. Não é definida apenas pela ausência de uma doença.

A psicóloga Ana Gabriela Andriani concorda com esse conceito. “É possível ter um transtorno ou um distúrbio de personalidade e ter uma vida equilibrada. Considerando que uma vida equilibrada não significa uma vida sem momentos de desestabilização, de tristeza e de desorganização”, observa.

Andriani ressalta que todos nós, tendo ou não um diagnóstico de transtorno mental, sofremos oscilações emocionais ao longo da vida. Para evitar as crises, quando for necessário, é preciso buscar tratamento medicamentoso com um psiquiatra e fazer psicoterapia.

Ela explica que a terapia é um caminho para o autoconhecimento. “É um trabalho em que a pessoa vai poder se conhecer melhor, entender o que está sentindo, o que se passa com ela e qual é o sentido disso que está acontecendo com ela, de onde veio isso. E aí ela vai conseguir elaborar e pensar também como reagir.”

Neste domingo (10) é celebrado do Dia Mundial da Saúde Mental. A data foi criada em 1992 por iniciativa da Federação Mundial para Saúde Mental com o objetivo de educar e conscientizar a população sobre a importância do tema e diminuir o estigma social.

Na entrevista a seguir, a psicóloga fala sobre a ideia que temos a respeito do que é uma mente sã e sobre os impactos culturais e históricos no psicológico da sociedade.

A depressão já foi chamada de “mal do século”. Atualmente, o burnout tem sido associado à geração millennial (pessoas nascidas entre 1980 e 1995). Como você vê essa relação entre transtornos e gerações? 
Sem dúvida existe uma correlação entre o momento social e histórico e os transtornos psíquicos que são produzidos ali. Porque os transtornos psíquicos são constituídos a partir das condições de vida das pessoas, da cultura da sociedade e do que acontece ali em termos sociais. Então, por exemplo, na época do Sigmund Freud (1856-1939), que era uma época de grande repressão sexual, o transtorno mais comum, ao qual ele de dedicou a estudar, era a histeria. Em períodos pós-guerra, principalmente depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), surgiam neuroses de guerra, que são caracterizadas por depressão e por grandes traumas. Hoje, num momento que a gente tem uma cultura que valoriza muito a aceleração e a alta performance, a gente vê crises de ansiedade, burnout e crises de pânico como sendo os transtornos mais vigentes.

Agora, para a gente conseguir elaborar, simbolizar o está vivendo, a gente precisa se conhecer. Saúde psíquica também tem a ver com autoconhecimento. Porque o autoconhecimento amplia a nossa capacidade de pensar sobre nós mesmos e sobre o mundo, sobre as nossas relações, sobre tudo que a gente está vivendo.

Receber um diagnóstico de transtorno psicológico pode ser um baque para algumas pessoas. É possível continuar tendo uma vida feliz e equilibrada mesmo convivendo com um transtorno e tendo que tomar medicações para o resto da vida? 
Sim, é possível ter um transtorno ou um distúrbio de personalidade e ter uma vida equilibrada. Considerando que uma vida equilibrada não significa uma vida sem momentos de desestabilização, de tristeza e de desorganização.

É importante considerar que a gente vai oscilar emocionalmente ao longo da vida. Em quem tem um transtorno ou um distúrbio de personalidade também vai sofrer oscilações. Mas é possível evitar uma crise expandida ou mesmo viver crises com o uso de medicamentos receitados por um psiquiatra. Mas não só isso. Também por meio da realização de uma psicoterapia, que é um trabalho em que a pessoa vai poder se conhecer melhor, entender o que está sentindo, o que se passa com ela e qual é o sentido disso que está acontecendo com ela, de onde veio isso. E aí ela vai conseguir elaborar e pensar também como reagir.

É importante dizer que o remédio sozinho não vai dar conta de tornar uma pessoa mais saudável. Ele é muito importante porque traz uma estabilidade, mas é o trabalho de psicoterapia que vai propiciar à pessoa se conhecer melhor, expandir sua capacidade de pensar sobre ela mesma, sobre o que está vivendo, e é isso que vai poder transformá-la.

Com a pandemia da Covid-19, o assunto saúde mental está sendo muito debatido. Você acha que a visibilidade que o tema tem recebido tem ajudado a diminuir o estigma em relação aos transtornos psicológicos? Ou ainda temos muito caminho pela frente? 
Acredito que sim, que os assuntos relacionados à saúde mental e aos transtornos psicológicos têm sido mais divulgados. Por exemplo, neste ano e no ano passado, por conta da pandemia, falou-se bastante sobre crises de casais, sobre relações familiares, sobre burnout, crises de pânico. Vários psicólogos se disponibilizaram a fazer atendimentos gratuitos.

Acho que o tema tem sido mais debatido e as pessoas têm tido mais informações sobre isso, o que é muito bom, porque as pessoas passam a ter uma ideia de que elas não precisam só cuidar do corpo, elas precisam cuidar também da saúde mental.

Aliás, faz parte do conceito saúde esse entrelaçamento entre corpo e psique. Acredito que tanto as empresas como área do esporte, todas essas instâncias têm se voltado mais para o cuidado com a saúde mental.

Casos como o da atleta Simone Biles, que deixou de disputar algumas provas nas Olimpíadas para priorizar a saúde mental, jogam uma luz sobre a necessidade de as pessoas respeitarem seus momentos. Você acha que estamos no fim da era do “trabalhe enquanto eles dormem”? 
O que vêm mudando é que tanto as instituições como as pessoas vêm percebendo a grande necessidade de cuidar da saúde mental. Estão percebendo que essas questões relacionadas à saúde mental não podem ser deixadas de lado, porque senão a pessoa que está lá na empresa não trabalha, o atleta não tem bom desempenho, ninguém consegue ficar com uma sensação de bem-estar e viver suas vidas de forma mais saudável.

Acho que a gente vive tempos em que é exigido alta performance, alto desempenho, até uma perfeição do corpo, do trabalho, do cuidado com os filhos e uma aceleração. Tudo isso é naturalmente produtor de ansiedade. Acho que isso não vai mudar, pelo menos por enquanto. A gente vive numa sociedade com essas características.

O que eu tenho impressão que vem mudando é a necessidade de cuidado com a saúde mental atrelado ao trabalho, atrelado à alta performance e ao bom desempenho. Então, por exemplo, no esporte, vem se percebendo a necessidade de se cuidar, de saber como esse atleta está emocionalmente nas suas relações familiares, de como ele está em termos de ansiedade, e das necessidades emocionais dele para que ele consiga estar bem para desempenhar um bom trabalho. Não é que agora vai ser cuidar da saúde mental e deixar a questão do desempenho de lado. A questão, e acho que essa é a grande mudança, é que vamos cuidar das duas coisas ao mesmo tempo, o psicológico atrelado ao físico e ao trabalho, ao desempenho profissional de maneira geral.

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Saiba onde encontrar atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito no SUS https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/02/saiba-onde-encontrar-atendimento-psicologico-e-psiquiatrico-gratuito-oferecido-pelo-sus/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/02/saiba-onde-encontrar-atendimento-psicologico-e-psiquiatrico-gratuito-oferecido-pelo-sus/#respond Sat, 02 Oct 2021 10:00:06 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/ee22cdff5c5f5569ba19caf8ae5aab0a99c079ffee6923659b9dde1b2a590389_5ae6c7e3ad434.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1157 Todos os profissionais de saúde mental enfatizam a importância de procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico quando surgem sintomas de transtornos como depressão ou ansiedade.

No entanto, muitas pessoas não têm como pagar por esses tratamentos e também não têm um plano de saúde que cubra os custos.

No SUS (Sistema Único de Saúde), a população pode contar com os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), que fazem parte da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial).

Compreendida como uma rede integrada de diferentes setores, a RAPS busca criar, diversificar e articular serviços e ações para pessoas com sofrimento mental ou com demandas decorrentes do uso de drogas. Dentre suas diretrizes estão o respeito aos direitos humanos, a garantia de autonomia das pessoas, o acesso a serviços de qualidade e o combate ao estigma e ao preconceito.

O serviço conta com atuação multiprofissional e interdisciplinar (com profissionais da medicina, enfermagem, psicologia, assistência social, terapia ocupacional, educação física, fonoaudiologia), abarcando não só o campo da saúde, mas também a assistência social, a cultura e o emprego, de modo a favorecer a inclusão social e o exercício da cidadania dos usuários dos serviços e de seus familiares.

Apesar de não ser amplamente conhecida, a RAPS estabelece que a atenção à saúde das pessoas com sofrimento psíquico deve ser realizada em todos os serviços do SUS, sem discriminação.

A rede conta com a existência de estruturas de atendimento especializadas, como os CAPS, que promovem trabalhos com focos distintos. No entanto, alguns estigmas e a falta de conhecimento sobre esses organismos dificultam o acesso a tratativas precoces e ajuda qualificada.

Esses serviços estratégicos funcionam com portas abertas, ou seja, qualquer pessoa pode ser recebida e avaliada pela equipe de saúde presente, sem a necessidade de um encaminhamento ou agendamento prévio. As ações de cuidado são diversificadas, podendo ser realizadas em grupo, individualmente, com a família ou na comunidade.

Divididos em diversas modalidades, os CAPS também variam de acordo com o porte dos municípios. Nas grandes cidades e regiões acima de 200 mil habitantes, são previstos CAPS de funcionamento 24h, como os CAPS III voltados para pessoas com sofrimento mental em geral, e os CAPS ad III, destinados principalmente para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

Os CAPSij são direcionados para o público infanto-juvenil e podem ser implantados em municípios e regiões a partir de 70 mil habitantes. Para os municípios de médio porte (a partir de 70 mil habitantes), há os CAPS II e CAPS ad, e para os de pequeno porte (a partir de 15 mil habitantes), os CAPS I. Mais recentemente, a esta tipificação foi acrescentado o CAPS ad IV, para municípios com população acima de 500 mil habitantes ou nas capitais de estados.

Em 2002, havia 424 CAPS implantados no país, ao final de 2019, chegaram a cerca de 2.669. Uma amplitude de estrutura assistencial que não apenas existe, mas que pode e deve ser acionada por toda e qualquer pessoa que necessite de auxílio.

“Enquanto houver preconceitos e vieses subjetivos não combatidos e desmistificados, o atendimento psicossocial no Brasil será insuficiente e enviesado. Por isso, é importante termos políticas públicas cada vez mais focadas na prevenção de adoecimentos psíquicos e na promoção da saúde mental, tanto individual quanto estruturalmente, assim como o fortalecimento de outras instituições de acolhimento que possam reforçar o olhar intersetorial e abarcar a necessidade que o tema emprega sobre nós”, ressalta Maria Fernanda Resende Quartiero, diretora presidente do Instituto Cactus.

Maria Fernanda explica que a rede pública oferece opções de tratamento para os adoecimentos mentais em vários níveis de gravidade, sendo eles considerados leves, moderados ou graves.

Casos leves: incluem pessoas que estão com sintomas de transtornos como depressão, ansiedade ou síndrome do pânico, que já fizeram ou não algum tratamento psicológico ou psiquiátrico. É preciso procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde), que pode fazer o encaminhamento ao CAPS. Outros sintomas de baixo risco que também podem ser atendidos numa UBS são:
• insônia
• doenças físicas causadas por questões emocionais
• uso abusivo de álcool e outras drogas
• situação de luto

Casos moderados: o paciente pode ir a uma UBS, a um CAPS, a um AME (Ambulatório Especializado em Saúde Mental) ou mesmo um pronto-socorro psiquiátrico. Alguns sintomas de risco moderado são:
• quadros psicóticos agudos
• quadro depressivo moderado com ou sem ideação suicida
• casos de alcoolismo ou dependência química de outras drogas com sinais de abstinência leve
• histórico psiquiátrico anterior com tentativa de suicídio e/ou homicídio
• alucinações: ouvir ou ver algo que mais ninguém vê ou ouve
• delírios: ideias que não correspondem à realidade.

Casos graves: ao apresentar sintomas graves, é necessário buscar a urgência e emergência de uma UPA (Unidades de Pronto Atendimento), de pronto-socorro de qualquer hospital do SUS, de CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental) e hospitais psiquiátricos. Exemplos de quadros graves são:
• sintomas psicóticos com ideação suicida, quando o indivíduo não conta com uma rede de apoio que possibilite o tratamento fora do ambiente hospitalar
• percepção alterada da realidade como alucinações e delírios, sem sinais de agitação e/ou agressividade, perda do autocuidado de maneira que comprometa o dia a dia e situações de sofrimento emocional intenso em que o apoio sócio-familiar estejam ausentes
• ideação suicida, planejamento ou história anterior de tentativa de suicídio e tentativas consumadas em qualquer circunstância
• em episódio de mania (euforia), com ou sem sintomas psicóticos (percepção alterada da realidade como alucinações e delírios), associado a comportamento inadequado que oferece risco para si ou para outros
• intoxicação aguda por substâncias psicoativas (medicamentos, álcool e outras drogas);
• autoagressividade (automutilação) com risco de morte iminente
• casos com quadro de alcoolismo ou dependência química de outras drogas com sinais de agitação e/ou agressividade (para si ou para outros), com várias tentativas anteriores de tratamento fora do contexto hospitalar sem sucesso

ONDE ESTÃO?

Em maio de 2020, o instituto Vita Alere, que desenvolve projetos e pesquisas relacionados à saúde mental, lançou o Mapa da Saúde Mental, um site que mostra onde e como buscar serviços gratuitos de psicologia e psiquiatria.

A iniciativa, que teve apoio técnico do Google, traz um mapa virtual, com contatos para atendimento online, e um mapa presencial, com endereços de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental ), hospitais psiquiátricos, ONGs e clínicas de faculdades.

O site também indica o atendimento de acordo com o tipo de paciente: para o público em geral, para profissionais da saúde e para grupos específicos, como pessoas que perderam parentes e amigos por Covid-19idososgestantes e adolescentes.

Para facilitar qual tipo de ajuda buscar, o site tem um guia que explica como funciona o tratamento com um psicólogo, o que faz um psiquiatra, em quais situações se deve procurar um hospital psiquiátrico, por exemplo.

Encontre os endereços em mapasaudemental.com.br.

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Pesquisa Datafolha encomendada por Abrata e Viatris mostra que 44% dos brasileiros tiveram problemas psicológicos na pandemia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/pesquisa-datafolha-encomendada-por-abrata-e-viatris-mostra-que-44-dos-brasileiros-tiveram-problemas-psicologicos-na-pandemia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/pesquisa-datafolha-encomendada-por-abrata-e-viatris-mostra-que-44-dos-brasileiros-tiveram-problemas-psicologicos-na-pandemia/#respond Mon, 13 Sep 2021 18:05:02 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/ansiedade.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1044 Uma pesquisa Datafolha encomendada pela Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e pela farmacêutica Viatris mostrou que 44% dos brasileiros afirmaram que ter tido problemas psicológicos durante a pandemia da Covid-19, decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em março de 2020.

O levantamento foi realizado de forma presencial, entre os dias 2 e 7 de agosto, em 129 municípios das cinco regiões do país. Foram entrevistadas 2.055 pessoas a partir dos 16 anos de idade, de todas as classes econômicas, conforme critérios da PNAD 2019 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Os mais afetados foram mulheres (53%), jovens entre 16 e 24 anos (56%), pessoas economicamente ativas (48%), pessoas com alta escolaridade (57%) e pessoas sem filhos (51%).

Além disso, 28% dos entrevistados relataram que tiveram diagnóstico de depressão ou de outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia, enquanto 46% afirmaram que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse período.

A pesquisa faz parte da campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: O diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas” para o Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio.

“O prolongamento do período da pandemia misturado à incerteza em relação ao futuro, uma rotina com restrições de circulação, o medo da morte, o luto e a falta de convívio entre familiares e amigos fizeram com que aumentassem os sentimentos de ansiedade, tédio, pânico e solidão durante este período, o que pode ter levado a esses dados preocupantes”, observa a neurologista e diretora-médica da Viatris, Elizabeth Bilevicius.

De acordo com a pesquisa, a conscientização dos brasileiros sobre o tema depressão ainda é deficiente. Pouco mais da metade dos entrevistados (53%) considerou muito importante oferecer suporte a quem esteja passando pela doença, e 10% disse não saber agir diante de um conhecido com depressão. Essa dificuldade de lidar com a situação é um pouco maior entre os homens e pessoas que não são economicamente ativas.

Além do aumento dos casos de depressão, os sentimentos de sobrecarga, medo e angústia durante a pandemia também se agravaram. Cerca de 55% das pessoas concordaram que se sentiram sobrecarregadas de tarefas e 57% afirmaram ter vivenciado medo e angústia nos últimos meses.

Sobre ter uma rede de apoio, com familiares, amigos e colegas de trabalho, 62% dos entrevistados que tiveram sintomas de ansiedade ou depressão disseram que tinham com quem contar, e 14% não tinha ninguém para dar suporte. Quase todos (96%) concordaram que a rede de apoio favorece a recuperação dos problemas psicológicos.

“O primeiro passo [para enfrentar os problemas de saúde mental] é admitir que está doente, que precisa de ajuda. É muito comum a negação do problema nesses casos. A partir daí, é importante se abrir com pessoas da sua confiança e estabelecer um diálogo limpo e construtivo, uma vez que a rede de apoio é um complemento fundamental à abordagem clínica. Sabemos que quem conta com esse suporte costuma ter mais adesão ao tratamento”, reforça Marta Axthelm, presidente da Abrata.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil lidera o ranking de casos de depressão na América Latina, com mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a doença, e é o país mais ansioso do mundo, com quase 19 milhões de pessoas que têm transtorno.

Alexandrina Meleiro, psiquiatra e membro do Conselho Científico da Abrata, afirma que quase todos os casos de suicídio têm relação com transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.

“Praticamente todos aqueles que tentam ou cometem esse ato têm alguma doença psiquiátrica. As estatísticas mostram que mais da metade deles estava em acompanhamento médico até uma semana antes do episódio. É importante ressaltar que quem pensa em suicídio quase sempre dá sinais, mas a maioria das pessoas não está preparada para identificá-los. Daí a importância do Setembro Amarelo, para ajudar a esclarecer e conscientizar a população sobre o tema”, diz Alexandrina.

O atentado à própria vida é a segunda causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos no mundo. No entanto, não é exclusivo dos adolescentes. A psiquiatra explica ainda que idosos e populações vulneráveis, como os indígenas, LGBTQIA+, médicos, policiais e membros das forças armadas também são os grupos que demonstram alta incidência no Brasil.

A pesquisa Datafolha mostra que o tabu sobre o tema vem, aos poucos, se desfazendo: 52% das pessoas discordam que falar sobre suicídio deve ser evitado. Sobre a população LGBTQIA+, o levantamento revelou que 65% dos entrevistados concordam que esse grupo é mais vulnerável ao suicídio. Essa percepção é maior entre os mais jovens de 16 a 24 anos, pessoas que trabalham e aqueles sem filhos.

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Pandemia desencadeia e intensifica fobias sociais e transtornos de ansiedade https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/pandemia-desencadeia-e-intensifica-fobias-sociais-e-transtornos-de-ansiedade/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/pandemia-desencadeia-e-intensifica-fobias-sociais-e-transtornos-de-ansiedade/#respond Thu, 08 Jul 2021 11:00:35 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/a5fcbeabda913ea815fb23607c19ce42c959de46c8c2ce2c8180ca68e64bad74_5af4da6cc7791-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=870 O isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19, que afeta toda a população mundial desde março de 2020, tem alterado a forma como as pessoas interagem umas com as outras.

Mesmo para aqueles que já tomaram as duas doses da vacina, os médicos recomendam que os encontros presenciais continuem sendo evitados e que o distanciamento de dois metros e o uso de máscaras sejam mantidos. Essas medidas são importantes para diminuir a transmissão do coronavírus e erradicar a doença.

A restrição nas interações sociais, que é motivo de tristeza para muitos, também pode ser um alívio para aqueles que preferem um estilo de vida mais recluso.

“O confinamento gera grande sofrimento para a maioria das pessoas, mas algumas se sentem confortáveis com o isolamento e temem como vai ser a interação com os demais após essa fase”, explica a psicóloga clínica Karin Kenzler.

Esse desconforto com a expectativa de voltar a uma rotina pré-pandemia pode ser sinal de algum distúrbio, como transtorno do pânico, síndrome da cabana, TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e agorafobia, ressalta Karin. Todos têm ligação com a ansiedade, com a vontade de se afastar de lugares cheios e com a preocupação de ter que lidar socialmente com muitas pessoas.

O pânico é um tipo de transtorno de ansiedade, caracterizado por crises inesperadas de medo, insegurança e desespero, aparentemente sem qualquer risco real. Essas crises provocam sintomas físicos, como falta de ar, taquicardia, suor excessivo, dor de barriga, náusea, tontura, sensação de morte iminente e boca seca, e também psicológicos, como medo de morrer, medo de enlouquecer, sensação de irrealidade e distanciamento social.

A síndrome da cabana não é considerada uma doença, pois se trata de um fenômeno natural do corpo que não está acostumado a mudanças bruscas na rotina ou no comportamento, observa a psicóloga. Ela se manifesta quando a pessoa precisa se adaptar a uma nova realidade de forma rápida e, em geral, sem que tenha total controle da situação, causando angústia, irritabilidade, inquietação, distúrbios do sono e de alimentação, dificuldade de concentração e desconfiança das pessoas.

Já o TOC (transtorno obsessivo compulsivo), distúrbio psiquiátrico de ansiedade identificado pela presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões, está relacionado com a necessidade de controle do ambiente, diz Karin. Nesse caso, a preocupação da pessoa é maior com o fim da quarentena e a retomada da vida menos controlável fora de casa.

A agorafobia é o medo de ter crises de ansiedade, com sintomas parecidos aos de um ataque de pânico, mas em locais públicos ou em lugares em que o atendimento médico seja dificultado, como em túneis e elevadores. “A pandemia pode propiciar o surgimento desse transtorno em pessoas que já apresentam um perfil ansioso, por ser um período de muitas mudanças causadoras de estresse e situações difíceis, como perda do emprego, incerteza sobre o futuro, medo do contágio pessoal ou de familiares e da morte”, afirma Karin.

De acordo com a psicóloga, algumas práticas ajudam a controlar a ansiedade e, consequentemente, diminuem as chances de fobias e transtornos se intensificarem. Porém, se os sintomas persistirem, é importante buscar ajuda de um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra.

Veja algumas dicas abaixo:

  • Criar uma rotina para organizar a mente ao longo do período de isolamento social. Definir horários de trabalho, intervalos, refeições e também ter momentos de lazer e descanso
  • Praticar exercícios físicos para combater o estresse, a ansiedade e a depressão. A atividade física também melhora a autoestima, a qualidade do sono e a concentração
  • Evitar o excesso de informações sobre a pandemia que podem causar ansiedade e angústia. Para se manter bem informado, basta acompanhar as principais notícias de veículos de imprensa confiáveis
  • Limitar e definir horários para entrar nas redes sociais, o que também evita o excesso de informação. O tempo online aumentou muito na quarentena e também pode ser causador de estresse e ansiedade
  • Ao se sentir muito estressado, com medo excessivo e ansioso, procurar se desconectar um pouco da realidade com atividades capazes de acalmar a mente por alguns instantes
  • Ler e assistir a filmes e séries ajuda a relaxar, já que acompanhar novas histórias nos transporta para outros lugares e vivências, sendo uma forma de “viajar” em tempos de quarentena
  • Atividades como pintar, dançar, cantar, tocar algum instrumento musical e escrever são formas de expressar o que se sente e pode ajudar a diminuir a angústia e o medo
  • Praticar exercícios de respiração, com técnicas simples, pode ajudar a lidar com a ansiedade

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Instituto de Psiquiatria da USP busca pessoas com TOC e seus irmãos para estudo e atendimento gratuito https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/04/12/instituto-de-psiquiatria-da-usp-busca-pessoas-com-toc-e-seus-irmaos-para-estudo-e-atendimento-gratuito/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/04/12/instituto-de-psiquiatria-da-usp-busca-pessoas-com-toc-e-seus-irmaos-para-estudo-e-atendimento-gratuito/#respond Mon, 12 Apr 2021 10:00:33 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/maos-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=794 O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq-HCFMUSP) procura pessoas com TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), de 18 a 50 anos, que não estejam em tratamento medicamentoso ou psicoterápico.

Os pacientes selecionados receberão acompanhamento psiquiátrico e passarão por avaliação clínica, teste neuropsicológico e exame de ressonância magnética do cérebro.

O estudo também procura irmãos e irmãs dos pacientes com TOC que não apresentem a mesma doença ou qualquer outro transtorno psiquiátrico. O objetivo é aprofundar os conhecimentos sobre como funciona o cérebro de pessoas com TOC em comparação ao cérebro de pessoas sem transtornos.

Será fornecida uma ajuda de custo para transporte e alimentação, bem como declaração de comparecimento e resultados dos exames realizados.

Para participar é preciso preencher o formulário no site global-ocd.org/sao-paulo-brazil.

A pesquisa é conduzida pelo Protoc (Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo Compulsivo), grupo que faz parte do IPq-HCFMUSP e foi fundado em 1994 sob a liderança do psiquiatra Eurípedes Miguel Filho, professor titular e chefe do Departamento de Psiquiatria da FMUSP. O Protoc é dirigido desde 2009 pela psiquiatra Roseli Gedanke Shavitt e tem como missão desenvolver assistência, pesquisa e educação para promover a compreensão do TOC e dos transtornos relacionados e, assim, oferecer melhores tratamentos para essas condições.

O TOC é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade identificado pela presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões. O transtorno é caracterizado por pensamentos, medos ou preocupações repetitivos, que invadem a consciência da pessoa de maneira incontrolável, com conteúdos variáveis, como, por exemplo, o medo de provocar algum dano a alguém, a preocupação com contaminação e dúvidas persistentes sobre atos corriqueiros, como conferir várias vezes se trancou ou não uma porta.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o TOC atinge cerca de 2% da população mundial. No Brasil, estima-se que 4 milhões de pessoas tenham o transtorno.

Protoc (Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo Compulsivo)
Onde Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, rua Doutor Ovídio Pires de Campos, 785, Cerqueira César, na região central de São Paulo
Quando às terças-feiras
Inscrições preencha o formulário em global-ocd.org/sao-paulo-brazil
Contato protoc.projeto@gmail.com

 

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