Saúde Mental https://saudemental.blogfolha.uol.com.br Informação para superar transtornos e dicas para o bem-estar da mente Tue, 14 Dec 2021 02:30:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pensamentos intrusivos afetam mais pessoas com TOC e podem levar a abuso de substâncias, explica psiquiatra https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/25/pensamentos-intrusivos-afetam-mais-pessoas-com-toc-e-podem-levam-a-abuso-de-substancias-explica-psiquiatra/#respond Thu, 25 Nov 2021 10:00:19 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/lu2-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1302 Os pensamentos intrusivos são involuntários e fazem a pessoa acreditar que vai perder o controle de alguma forma.

Eles não correspondem à realidade nem aos desejos de quem os vivencia. Geralmente dão a impressão que o indivíduo vai cometer um ato que considera abominável, como ferir outra pessoa ou a si mesmo. Ou, ainda, se ele fizer ou deixar de fazer alguma coisa, algo catastrófico pode acontecer.

“É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles”, ressalta a psiquiatra Flávia Batista Gustafson.

“Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns incluem pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo”, explica.

Apesar de poderem afetar qualquer pessoa, são mais comuns em quem tem transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático e especialmente TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

“Essas pessoas [com TOC] também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento”, conta Gustafson.

Com a pandemia da Covid-19 mais controlada e a volta do trabalho presencial e dos eventos sociais, é comum que pessoas que já tinham pensamentos intrusivos anteriormente fiquem mais vulneráveis a eles.

“Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente”, observa.

Sem um tratamento adequado, quem enfrenta esse fenômeno pode acabar recorrendo ao uso de álcool e outras drogas para tentar distrair a mente. “A pessoa se ‘medica’ com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas”, diz Gustafson.

“O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.”

Leia a seguir a entrevista com a psiquiatra.

O que são pensamentos intrusivos e como eles surgem?
Pensamentos intrusivos são pensamentos indesejados que aparecem do nada. Eles podem ser desencadeados por estresse do dia a dia, mas também podem ser sintomas de um transtorno mental. Geralmente eles são desagradáveis e até perturbadores, o que pode fazer com que as pessoas não procurem ajuda num primeiro momento por se sentirem envergonhados por esses pensamentos.

Os pensamentos intrusivos são involuntários e não têm relação com a realidade ou os desejos de uma pessoa. As pessoas não agem de acordo com esses pensamentos, muito pelo contrário, elas geralmente os consideram horríveis e inaceitáveis.

Esses pensamentos podem ser persistentes e causar angústia significativa em algumas pessoas. Frequentemente, quanto mais as pessoas tentam se livrar desses pensamentos, mais eles persistem e mais intensos se tornam.

Você poderia citar um exemplo de pensamento intrusivo que seja comum?
É muito importante entender que pensamentos intrusivos são involuntários. As pessoas que os vivenciam normalmente sentem repulsa por eles.

Existem muitos tipos de pensamentos intrusivos, mas os tópicos comuns de pensamentos intrusivos incluem: pensamentos inadequados de cunho sexual, pensamentos sobre relações interpessoais, com conteúdo de traição, por exemplo, pensamentos religiosos que são opostos e inadmissíveis pela crença da pessoa, e pensamentos relacionados a violência contra outras pessoas ou si mesmo.

Os pensamentos intrusivos são comuns em transtornos como ansiedade, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e TOC (transtorno obsessivo-compulsivo). Por que os pacientes diagnosticados com esses transtornos costumam ter esse tipo de pensamento?
Pessoas com diagnóstico de transtornos mentais (nesse caso, principalmente aquelas com TOC) têm maior probabilidade de julgar seus pensamentos intrusivos como maus, imorais ou perigosos.

Essas interpretações geralmente levam a uma forte reação emocional negativa, o que amplifica a força percebida dos pensamentos intrusivos, elevando assim o foco sobre eles.

Essas pessoas também têm maior probabilidade de passar mais tempo pensando sobre as implicações desses pensamentos e são mais propensas a superestimar a probabilidade dos resultados temidos se vierem a se concretizar, o que acaba por retroalimentar o problema. Forma-se um ciclo vicioso em que os pensamentos intrusivos estão sempre voltando, o que causa muito sofrimento.

Qual é a diferença entre pensamento intrusivo, alucinação e delírio?
As alucinações e delírios são sintomas bastante diferentes dos pensamentos intrusivos, e costumam estar presentes em transtornos psicóticos.

As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial (auditiva, visual, olfativa, gustativa e tátil), mas as auditivas são de longe as mais comuns. É uma percepção que parece completamente real para a pessoa, mas que não está acontecendo. As alucinações auditivas são geralmente experimentadas como vozes, familiares ou não familiares, que são percebidas como distintas dos próprios pensamentos da pessoa.

A definição de delírio é um pouco diferente, embora também envolva a experiência de algo que parece real, mas não é. É uma crença obviamente falsa, mas mesmo assim o indivíduo que a experimenta pensa que é absolutamente verdadeira. Essa pessoa vai acreditar firmemente no delírio, mesmo quando repetidamente mostradas evidências contrárias.

Tanto as alucinações quanto os delírios são distúrbios, na realidade. São experiências que parecem reais para quem está sofrendo com elas, mas não têm conexão com a realidade.

Agora, com a pandemia mais controlada, as pessoas estão retomando o trabalho presencial e os eventos sociais. É comum que algumas pessoas tenham pensamentos intrusivos por medo de contaminação por Covid-19? Ou mesmo por que ficaram muito tempo em isolamento e estão enfrentando uma espécie de agorafobia?
Certamente. As pessoas que já sofriam com pensamentos intrusivos antes da pandemia agora estão muito mais vulneráveis à medida que o mundo vai se abrindo novamente ao “novo normal”.

Os pensamentos intrusivos a respeito da contaminação pelo vírus da Covid-19 ou até outras doenças podem ser amplificados, e a pessoa pode experimentar grande sofrimento ao se ver obrigada a frequentar círculos profissionais e sociais novamente.

Muitas dessas pessoas encontraram um certo conforto emocional na situação de isolamento e do home office durante a fase mais crítica da pandemia e podem sentir muita dificuldade em enfrentar o mundo novamente.

É comum uma pessoa que tenha pensamentos intrusivos e que ainda não tenha tido um diagnóstico correto recorra ao uso de drogas e álcool? Quais são os perigos que essa prática pode acarretar?
Quando falamos em pensamento intrusivos que causam muito sofrimento, sempre lembramos do risco aumentado do abuso de substâncias, especialmente o álcool.

A pessoa se “medica” com o álcool, ou menos frequentemente com outras drogas ilícitas, em busca de um relaxamento e alívio momentâneo dos sintomas.

O problema é exatamente esse: um alívio momentâneo. A seguir vem a parte indesejada, que é a piora dos sintomas. A pessoa então passa a ingerir mais álcool para voltar a sentir-se aliviada, levando a um perigoso abuso e uma potencial dependência, o que consequentemente adiciona uma nova camada de problemas para se lidar.

Com um diagnóstico correto e tratamentos com psiquiatra e psicólogo é possível controlar esses pensamentos?
Pensamentos intrusivos nem sempre são o resultado de uma condição médica. Aliás, a maioria das pessoas os têm de vez em quando. No entanto, para muitas pessoas, pensamentos intrusivos podem, sim, ser um sintoma de um problema de saúde mental, como TOC ou o transtorno de estresse pós-traumático.

Esses pensamentos também podem ser um sintoma de problemas neurológicos, como uma lesão cerebral, demência ou mal de Parkinson, por exemplo. Por isso um diagnóstico bem feito é imperativo.

A melhor maneira de gerenciar pensamentos intrusivos é reduzir a sensibilidade da pessoa a esses pensamentos e seu conteúdo. O tratamento vai ser individualizado a cada pessoa, mas, em linhas gerais, o médico psiquiatra vai fazer o diagnóstico e prescrever a medicação mais indicada.

Paralelamente, é fundamental a abordagem com a psicoterapia, sendo a TCC (terapia cognitivo comportamental) a mais indicada. Por último, e não menos importante, a pessoa deve ser orientada a seguir um estilo de vida saudável, com alimentação nutritiva, atividade física e higiene do sono, o que vai somente agregar ao seu bem-estar geral.

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Com MC Soffia e Valentina Schulz, série no YouTube aborda saúde mental de crianças e adolescentes https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/com-mc-soffia-e-valentina-schulz-serie-no-youtube-aborda-saude-mental-de-criancas-e-adolescentes/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/com-mc-soffia-e-valentina-schulz-serie-no-youtube-aborda-saude-mental-de-criancas-e-adolescentes/#respond Fri, 05 Nov 2021 10:00:06 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/WhatsApp-Image-2021-11-04-at-22.49.36-300x215.jpeg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1285 “A crise de ansiedade é quando uma caixa de som dá microfonia. Dá aquele barulho chato, ensurdecedor. É isso. Quando a caixa estoura, é a crise.” O exemplo é de Júlia Katula, 17, estudante entrevistada na websérie “Vc tbem sente?”.

O programa faz parte do Saúde da Infância, canal no YouTube da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, mantenedora do Hospital Infantil Sabará.

São sete episódios, com cerca de dez minutos cada um, apresentados pela rapper MC Soffia, 17, e pela youtuber Valentina Schulz, 18. Elas conversam sobre saúde mental com outros adolescentes e abordam temas como ansiedade, depressãobullying e suicídio.

O primeiro capítulo estreou na quarta-feira (3) e teve a participação da psicanalista Tide Setúbal, que explica a diferença entre sentir medo, ansiedade e ataques de pânico.

Os próximos episódios vão ao ar semanalmente, sempre às quartas-feiras, ao meio-dia.

O Saúde da Infância existe desde 2019 e é uma iniciativa da fundação para tratar exclusivamente sobre temas relacionados a crianças, com a chancela da maior instituição da área no país.

A assinatura da websérie é da Plano Astral Filmes, produtora da cineasta Cecilia Engels, que se dedica a projetos com propósito educacional, cultural e com potencial de transformação social.

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Estudo da Unifesp aponta alto consumo de álcool entre idosos https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/15/estudo-da-unifesp-aponta-alto-consumo-de-alcool-entre-idosos/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/15/estudo-da-unifesp-aponta-alto-consumo-de-alcool-entre-idosos/#respond Fri, 15 Oct 2021 13:40:06 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/4a8a0fafb79ccefb084f2808d7c25f219f6cfdf004f8ba55c93c6179d039d032_5ae6c0011da91-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1245 Agência Fapesp – Estudo conduzido pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) indica que aproximadamente um em cada quatro brasileiros (23,7%) com 60 anos ou mais consome álcool. Além disso, 6,7% (aproximadamente 2 milhões de idosos) relatam ter ingerido no último mês várias doses em uma ocasião –padrão de consumo abusivo conhecido como “binge drinking”, ou seja, o uso excessivo de uma só vez. E 3,8% (mais de 1 milhão) costumam beber, em uma semana típica, quantidades que podem colocar em risco sua saúde.

Para estimar a prevalência dos padrões de consumo de álcool da população geral idosa, o grupo da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp) fez uma análise dos dados da linha de base do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), com uma amostra de 5.432 brasileiros acima de 60 anos. Também se buscou avaliar os padrões de consumo de álcool em idosos da atenção primária (primeiros atendimentos médicos). Para isso, foram utilizados dados da triagem inicial do ensaio clínico realizado em sete Unidades Básicas de Saúde (UBS) com 503 participantes.

Em ambos os estudos foram identificados fatores sociodemográficos, comportamentais e de saúde associados aos diferentes padrões de consumo. A ingestão de álcool foi mais comum na região Sudeste e na atenção primária, quando comparada à população idosa geral. Em ambos os grupos estudados (idosos em geral e atenção primária), os homens relataram maior consumo de álcool (tanto em quantidade quanto em relação ao consumo no padrão “binge”), bem como os mais jovens e aqueles com maior escolaridade.

Financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio do projeto temático “Intervenções inovadoras frente a problemas relacionados ao consumo do álcool no Brasil: busca de novas abordagens para uma antiga questão de saúde pública”, a pesquisa e seus desdobramentos foram recentemente publicados nos periódicos científicos Substance Use & Misuse e BMJ Open.

De acordo com Tassiane de Paula, primeira autora dos artigos, “é fundamental entender esse problema para propor estratégias para redução do consumo de álcool entre os idosos”.

Intervenção de baixo custo 
O grupo desenvolveu uma proposta de Intervenção Breve para Idosos (IBI) e elaborou um protocolo para testar a efetividade dessa intervenção na atenção primária, administrada por agentes comunitários de saúde, com apenas 6% de recusa entre os primeiros 80 participantes recrutados.

“As evidências sugerem que intervenções breves são eficazes na redução do consumo de álcool entre adultos mais velhos. No entanto, a eficácia dessas intervenções quando realizadas por agentes comunitários de saúde em um ambiente de atenção primária à saúde é desconhecida. Até onde sabemos, este será o primeiro ensaio clínico randomizado a examinar isso”, escreveram as pesquisadoras no artigo publicado.

Duzentos e quarenta e dois indivíduos considerados bebedores de risco serão recrutados e alocados aleatoriamente para receber o atendimento usual (lista de espera) ou atendimento usual mais uma intervenção breve realizada por agentes comunitários de saúde treinados em UBS que fazem parte do SUS (Sistema Único de Saúde).

O estudo Alcohol and ageing: rapid changes in populations present new challenges for an old problem pode ser lido em aqui.

E o artigo Brief interventions for older adults (BIO) delivered by non-specialist community health workers to reduce at-risk drinking in primary care: a study protocol for a randomised controlled trial está disponível em aqui.

Com informações da Assessoria de Comunicação da Unifesp.

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É possível ter um transtorno psicológico e viver bem, diz psicóloga Ana Gabriela Andriani https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/e-possivel-ter-um-transtorno-psicologico-e-viver-bem-diz-psicologa-ana-gabriela-andriani/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/e-possivel-ter-um-transtorno-psicologico-e-viver-bem-diz-psicologa-ana-gabriela-andriani/#respond Sun, 10 Oct 2021 10:00:18 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-09-at-12.42.10-300x215.jpeg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1208 O que é ter saúde mental? Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), a saúde mental é um estado de equilíbrio psíquico, físico e que envolve questões sociais. Não é definida apenas pela ausência de uma doença.

A psicóloga Ana Gabriela Andriani concorda com esse conceito. “É possível ter um transtorno ou um distúrbio de personalidade e ter uma vida equilibrada. Considerando que uma vida equilibrada não significa uma vida sem momentos de desestabilização, de tristeza e de desorganização”, observa.

Andriani ressalta que todos nós, tendo ou não um diagnóstico de transtorno mental, sofremos oscilações emocionais ao longo da vida. Para evitar as crises, quando for necessário, é preciso buscar tratamento medicamentoso com um psiquiatra e fazer psicoterapia.

Ela explica que a terapia é um caminho para o autoconhecimento. “É um trabalho em que a pessoa vai poder se conhecer melhor, entender o que está sentindo, o que se passa com ela e qual é o sentido disso que está acontecendo com ela, de onde veio isso. E aí ela vai conseguir elaborar e pensar também como reagir.”

Neste domingo (10) é celebrado do Dia Mundial da Saúde Mental. A data foi criada em 1992 por iniciativa da Federação Mundial para Saúde Mental com o objetivo de educar e conscientizar a população sobre a importância do tema e diminuir o estigma social.

Na entrevista a seguir, a psicóloga fala sobre a ideia que temos a respeito do que é uma mente sã e sobre os impactos culturais e históricos no psicológico da sociedade.

A depressão já foi chamada de “mal do século”. Atualmente, o burnout tem sido associado à geração millennial (pessoas nascidas entre 1980 e 1995). Como você vê essa relação entre transtornos e gerações? 
Sem dúvida existe uma correlação entre o momento social e histórico e os transtornos psíquicos que são produzidos ali. Porque os transtornos psíquicos são constituídos a partir das condições de vida das pessoas, da cultura da sociedade e do que acontece ali em termos sociais. Então, por exemplo, na época do Sigmund Freud (1856-1939), que era uma época de grande repressão sexual, o transtorno mais comum, ao qual ele de dedicou a estudar, era a histeria. Em períodos pós-guerra, principalmente depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), surgiam neuroses de guerra, que são caracterizadas por depressão e por grandes traumas. Hoje, num momento que a gente tem uma cultura que valoriza muito a aceleração e a alta performance, a gente vê crises de ansiedade, burnout e crises de pânico como sendo os transtornos mais vigentes.

Agora, para a gente conseguir elaborar, simbolizar o está vivendo, a gente precisa se conhecer. Saúde psíquica também tem a ver com autoconhecimento. Porque o autoconhecimento amplia a nossa capacidade de pensar sobre nós mesmos e sobre o mundo, sobre as nossas relações, sobre tudo que a gente está vivendo.

Receber um diagnóstico de transtorno psicológico pode ser um baque para algumas pessoas. É possível continuar tendo uma vida feliz e equilibrada mesmo convivendo com um transtorno e tendo que tomar medicações para o resto da vida? 
Sim, é possível ter um transtorno ou um distúrbio de personalidade e ter uma vida equilibrada. Considerando que uma vida equilibrada não significa uma vida sem momentos de desestabilização, de tristeza e de desorganização.

É importante considerar que a gente vai oscilar emocionalmente ao longo da vida. Em quem tem um transtorno ou um distúrbio de personalidade também vai sofrer oscilações. Mas é possível evitar uma crise expandida ou mesmo viver crises com o uso de medicamentos receitados por um psiquiatra. Mas não só isso. Também por meio da realização de uma psicoterapia, que é um trabalho em que a pessoa vai poder se conhecer melhor, entender o que está sentindo, o que se passa com ela e qual é o sentido disso que está acontecendo com ela, de onde veio isso. E aí ela vai conseguir elaborar e pensar também como reagir.

É importante dizer que o remédio sozinho não vai dar conta de tornar uma pessoa mais saudável. Ele é muito importante porque traz uma estabilidade, mas é o trabalho de psicoterapia que vai propiciar à pessoa se conhecer melhor, expandir sua capacidade de pensar sobre ela mesma, sobre o que está vivendo, e é isso que vai poder transformá-la.

Com a pandemia da Covid-19, o assunto saúde mental está sendo muito debatido. Você acha que a visibilidade que o tema tem recebido tem ajudado a diminuir o estigma em relação aos transtornos psicológicos? Ou ainda temos muito caminho pela frente? 
Acredito que sim, que os assuntos relacionados à saúde mental e aos transtornos psicológicos têm sido mais divulgados. Por exemplo, neste ano e no ano passado, por conta da pandemia, falou-se bastante sobre crises de casais, sobre relações familiares, sobre burnout, crises de pânico. Vários psicólogos se disponibilizaram a fazer atendimentos gratuitos.

Acho que o tema tem sido mais debatido e as pessoas têm tido mais informações sobre isso, o que é muito bom, porque as pessoas passam a ter uma ideia de que elas não precisam só cuidar do corpo, elas precisam cuidar também da saúde mental.

Aliás, faz parte do conceito saúde esse entrelaçamento entre corpo e psique. Acredito que tanto as empresas como área do esporte, todas essas instâncias têm se voltado mais para o cuidado com a saúde mental.

Casos como o da atleta Simone Biles, que deixou de disputar algumas provas nas Olimpíadas para priorizar a saúde mental, jogam uma luz sobre a necessidade de as pessoas respeitarem seus momentos. Você acha que estamos no fim da era do “trabalhe enquanto eles dormem”? 
O que vêm mudando é que tanto as instituições como as pessoas vêm percebendo a grande necessidade de cuidar da saúde mental. Estão percebendo que essas questões relacionadas à saúde mental não podem ser deixadas de lado, porque senão a pessoa que está lá na empresa não trabalha, o atleta não tem bom desempenho, ninguém consegue ficar com uma sensação de bem-estar e viver suas vidas de forma mais saudável.

Acho que a gente vive tempos em que é exigido alta performance, alto desempenho, até uma perfeição do corpo, do trabalho, do cuidado com os filhos e uma aceleração. Tudo isso é naturalmente produtor de ansiedade. Acho que isso não vai mudar, pelo menos por enquanto. A gente vive numa sociedade com essas características.

O que eu tenho impressão que vem mudando é a necessidade de cuidado com a saúde mental atrelado ao trabalho, atrelado à alta performance e ao bom desempenho. Então, por exemplo, no esporte, vem se percebendo a necessidade de se cuidar, de saber como esse atleta está emocionalmente nas suas relações familiares, de como ele está em termos de ansiedade, e das necessidades emocionais dele para que ele consiga estar bem para desempenhar um bom trabalho. Não é que agora vai ser cuidar da saúde mental e deixar a questão do desempenho de lado. A questão, e acho que essa é a grande mudança, é que vamos cuidar das duas coisas ao mesmo tempo, o psicológico atrelado ao físico e ao trabalho, ao desempenho profissional de maneira geral.

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Saiba onde encontrar atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito no SUS https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/02/saiba-onde-encontrar-atendimento-psicologico-e-psiquiatrico-gratuito-oferecido-pelo-sus/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/10/02/saiba-onde-encontrar-atendimento-psicologico-e-psiquiatrico-gratuito-oferecido-pelo-sus/#respond Sat, 02 Oct 2021 10:00:06 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/ee22cdff5c5f5569ba19caf8ae5aab0a99c079ffee6923659b9dde1b2a590389_5ae6c7e3ad434.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1157 Todos os profissionais de saúde mental enfatizam a importância de procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico quando surgem sintomas de transtornos como depressão ou ansiedade.

No entanto, muitas pessoas não têm como pagar por esses tratamentos e também não têm um plano de saúde que cubra os custos.

No SUS (Sistema Único de Saúde), a população pode contar com os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), que fazem parte da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial).

Compreendida como uma rede integrada de diferentes setores, a RAPS busca criar, diversificar e articular serviços e ações para pessoas com sofrimento mental ou com demandas decorrentes do uso de drogas. Dentre suas diretrizes estão o respeito aos direitos humanos, a garantia de autonomia das pessoas, o acesso a serviços de qualidade e o combate ao estigma e ao preconceito.

O serviço conta com atuação multiprofissional e interdisciplinar (com profissionais da medicina, enfermagem, psicologia, assistência social, terapia ocupacional, educação física, fonoaudiologia), abarcando não só o campo da saúde, mas também a assistência social, a cultura e o emprego, de modo a favorecer a inclusão social e o exercício da cidadania dos usuários dos serviços e de seus familiares.

Apesar de não ser amplamente conhecida, a RAPS estabelece que a atenção à saúde das pessoas com sofrimento psíquico deve ser realizada em todos os serviços do SUS, sem discriminação.

A rede conta com a existência de estruturas de atendimento especializadas, como os CAPS, que promovem trabalhos com focos distintos. No entanto, alguns estigmas e a falta de conhecimento sobre esses organismos dificultam o acesso a tratativas precoces e ajuda qualificada.

Esses serviços estratégicos funcionam com portas abertas, ou seja, qualquer pessoa pode ser recebida e avaliada pela equipe de saúde presente, sem a necessidade de um encaminhamento ou agendamento prévio. As ações de cuidado são diversificadas, podendo ser realizadas em grupo, individualmente, com a família ou na comunidade.

Divididos em diversas modalidades, os CAPS também variam de acordo com o porte dos municípios. Nas grandes cidades e regiões acima de 200 mil habitantes, são previstos CAPS de funcionamento 24h, como os CAPS III voltados para pessoas com sofrimento mental em geral, e os CAPS ad III, destinados principalmente para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

Os CAPSij são direcionados para o público infanto-juvenil e podem ser implantados em municípios e regiões a partir de 70 mil habitantes. Para os municípios de médio porte (a partir de 70 mil habitantes), há os CAPS II e CAPS ad, e para os de pequeno porte (a partir de 15 mil habitantes), os CAPS I. Mais recentemente, a esta tipificação foi acrescentado o CAPS ad IV, para municípios com população acima de 500 mil habitantes ou nas capitais de estados.

Em 2002, havia 424 CAPS implantados no país, ao final de 2019, chegaram a cerca de 2.669. Uma amplitude de estrutura assistencial que não apenas existe, mas que pode e deve ser acionada por toda e qualquer pessoa que necessite de auxílio.

“Enquanto houver preconceitos e vieses subjetivos não combatidos e desmistificados, o atendimento psicossocial no Brasil será insuficiente e enviesado. Por isso, é importante termos políticas públicas cada vez mais focadas na prevenção de adoecimentos psíquicos e na promoção da saúde mental, tanto individual quanto estruturalmente, assim como o fortalecimento de outras instituições de acolhimento que possam reforçar o olhar intersetorial e abarcar a necessidade que o tema emprega sobre nós”, ressalta Maria Fernanda Resende Quartiero, diretora presidente do Instituto Cactus.

Maria Fernanda explica que a rede pública oferece opções de tratamento para os adoecimentos mentais em vários níveis de gravidade, sendo eles considerados leves, moderados ou graves.

Casos leves: incluem pessoas que estão com sintomas de transtornos como depressão, ansiedade ou síndrome do pânico, que já fizeram ou não algum tratamento psicológico ou psiquiátrico. É preciso procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde), que pode fazer o encaminhamento ao CAPS. Outros sintomas de baixo risco que também podem ser atendidos numa UBS são:
• insônia
• doenças físicas causadas por questões emocionais
• uso abusivo de álcool e outras drogas
• situação de luto

Casos moderados: o paciente pode ir a uma UBS, a um CAPS, a um AME (Ambulatório Especializado em Saúde Mental) ou mesmo um pronto-socorro psiquiátrico. Alguns sintomas de risco moderado são:
• quadros psicóticos agudos
• quadro depressivo moderado com ou sem ideação suicida
• casos de alcoolismo ou dependência química de outras drogas com sinais de abstinência leve
• histórico psiquiátrico anterior com tentativa de suicídio e/ou homicídio
• alucinações: ouvir ou ver algo que mais ninguém vê ou ouve
• delírios: ideias que não correspondem à realidade.

Casos graves: ao apresentar sintomas graves, é necessário buscar a urgência e emergência de uma UPA (Unidades de Pronto Atendimento), de pronto-socorro de qualquer hospital do SUS, de CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental) e hospitais psiquiátricos. Exemplos de quadros graves são:
• sintomas psicóticos com ideação suicida, quando o indivíduo não conta com uma rede de apoio que possibilite o tratamento fora do ambiente hospitalar
• percepção alterada da realidade como alucinações e delírios, sem sinais de agitação e/ou agressividade, perda do autocuidado de maneira que comprometa o dia a dia e situações de sofrimento emocional intenso em que o apoio sócio-familiar estejam ausentes
• ideação suicida, planejamento ou história anterior de tentativa de suicídio e tentativas consumadas em qualquer circunstância
• em episódio de mania (euforia), com ou sem sintomas psicóticos (percepção alterada da realidade como alucinações e delírios), associado a comportamento inadequado que oferece risco para si ou para outros
• intoxicação aguda por substâncias psicoativas (medicamentos, álcool e outras drogas);
• autoagressividade (automutilação) com risco de morte iminente
• casos com quadro de alcoolismo ou dependência química de outras drogas com sinais de agitação e/ou agressividade (para si ou para outros), com várias tentativas anteriores de tratamento fora do contexto hospitalar sem sucesso

ONDE ESTÃO?

Em maio de 2020, o instituto Vita Alere, que desenvolve projetos e pesquisas relacionados à saúde mental, lançou o Mapa da Saúde Mental, um site que mostra onde e como buscar serviços gratuitos de psicologia e psiquiatria.

A iniciativa, que teve apoio técnico do Google, traz um mapa virtual, com contatos para atendimento online, e um mapa presencial, com endereços de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), CAISM (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental ), hospitais psiquiátricos, ONGs e clínicas de faculdades.

O site também indica o atendimento de acordo com o tipo de paciente: para o público em geral, para profissionais da saúde e para grupos específicos, como pessoas que perderam parentes e amigos por Covid-19idososgestantes e adolescentes.

Para facilitar qual tipo de ajuda buscar, o site tem um guia que explica como funciona o tratamento com um psicólogo, o que faz um psiquiatra, em quais situações se deve procurar um hospital psiquiátrico, por exemplo.

Encontre os endereços em mapasaudemental.com.br.

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Pesquisa Datafolha encomendada por Abrata e Viatris mostra que 44% dos brasileiros tiveram problemas psicológicos na pandemia https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/pesquisa-datafolha-encomendada-por-abrata-e-viatris-mostra-que-44-dos-brasileiros-tiveram-problemas-psicologicos-na-pandemia/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/pesquisa-datafolha-encomendada-por-abrata-e-viatris-mostra-que-44-dos-brasileiros-tiveram-problemas-psicologicos-na-pandemia/#respond Mon, 13 Sep 2021 18:05:02 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/ansiedade.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1044 Uma pesquisa Datafolha encomendada pela Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e pela farmacêutica Viatris mostrou que 44% dos brasileiros afirmaram que ter tido problemas psicológicos durante a pandemia da Covid-19, decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em março de 2020.

O levantamento foi realizado de forma presencial, entre os dias 2 e 7 de agosto, em 129 municípios das cinco regiões do país. Foram entrevistadas 2.055 pessoas a partir dos 16 anos de idade, de todas as classes econômicas, conforme critérios da PNAD 2019 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Os mais afetados foram mulheres (53%), jovens entre 16 e 24 anos (56%), pessoas economicamente ativas (48%), pessoas com alta escolaridade (57%) e pessoas sem filhos (51%).

Além disso, 28% dos entrevistados relataram que tiveram diagnóstico de depressão ou de outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia, enquanto 46% afirmaram que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse período.

A pesquisa faz parte da campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: O diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas” para o Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio.

“O prolongamento do período da pandemia misturado à incerteza em relação ao futuro, uma rotina com restrições de circulação, o medo da morte, o luto e a falta de convívio entre familiares e amigos fizeram com que aumentassem os sentimentos de ansiedade, tédio, pânico e solidão durante este período, o que pode ter levado a esses dados preocupantes”, observa a neurologista e diretora-médica da Viatris, Elizabeth Bilevicius.

De acordo com a pesquisa, a conscientização dos brasileiros sobre o tema depressão ainda é deficiente. Pouco mais da metade dos entrevistados (53%) considerou muito importante oferecer suporte a quem esteja passando pela doença, e 10% disse não saber agir diante de um conhecido com depressão. Essa dificuldade de lidar com a situação é um pouco maior entre os homens e pessoas que não são economicamente ativas.

Além do aumento dos casos de depressão, os sentimentos de sobrecarga, medo e angústia durante a pandemia também se agravaram. Cerca de 55% das pessoas concordaram que se sentiram sobrecarregadas de tarefas e 57% afirmaram ter vivenciado medo e angústia nos últimos meses.

Sobre ter uma rede de apoio, com familiares, amigos e colegas de trabalho, 62% dos entrevistados que tiveram sintomas de ansiedade ou depressão disseram que tinham com quem contar, e 14% não tinha ninguém para dar suporte. Quase todos (96%) concordaram que a rede de apoio favorece a recuperação dos problemas psicológicos.

“O primeiro passo [para enfrentar os problemas de saúde mental] é admitir que está doente, que precisa de ajuda. É muito comum a negação do problema nesses casos. A partir daí, é importante se abrir com pessoas da sua confiança e estabelecer um diálogo limpo e construtivo, uma vez que a rede de apoio é um complemento fundamental à abordagem clínica. Sabemos que quem conta com esse suporte costuma ter mais adesão ao tratamento”, reforça Marta Axthelm, presidente da Abrata.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil lidera o ranking de casos de depressão na América Latina, com mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a doença, e é o país mais ansioso do mundo, com quase 19 milhões de pessoas que têm transtorno.

Alexandrina Meleiro, psiquiatra e membro do Conselho Científico da Abrata, afirma que quase todos os casos de suicídio têm relação com transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.

“Praticamente todos aqueles que tentam ou cometem esse ato têm alguma doença psiquiátrica. As estatísticas mostram que mais da metade deles estava em acompanhamento médico até uma semana antes do episódio. É importante ressaltar que quem pensa em suicídio quase sempre dá sinais, mas a maioria das pessoas não está preparada para identificá-los. Daí a importância do Setembro Amarelo, para ajudar a esclarecer e conscientizar a população sobre o tema”, diz Alexandrina.

O atentado à própria vida é a segunda causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos no mundo. No entanto, não é exclusivo dos adolescentes. A psiquiatra explica ainda que idosos e populações vulneráveis, como os indígenas, LGBTQIA+, médicos, policiais e membros das forças armadas também são os grupos que demonstram alta incidência no Brasil.

A pesquisa Datafolha mostra que o tabu sobre o tema vem, aos poucos, se desfazendo: 52% das pessoas discordam que falar sobre suicídio deve ser evitado. Sobre a população LGBTQIA+, o levantamento revelou que 65% dos entrevistados concordam que esse grupo é mais vulnerável ao suicídio. Essa percepção é maior entre os mais jovens de 16 a 24 anos, pessoas que trabalham e aqueles sem filhos.

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No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, metrô de SP tem cantinho do desabafo e ações de conscientização https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/10/no-dia-mundial-de-prevencao-ao-suicidio-metro-de-sp-tem-cantinho-do-desabafo-e-acoes-de-conscientizacao/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/10/no-dia-mundial-de-prevencao-ao-suicidio-metro-de-sp-tem-cantinho-do-desabafo-e-acoes-de-conscientizacao/#respond Fri, 10 Sep 2021 10:00:33 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-02-at-16.24.09-300x215.jpeg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1027 No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, nesta sexta-feira (10), o metrô de São Paulo promove diversas ações para conscientizar a população sobre transtornos mentais e a importância de procurar ajuda.

Nas estações das linhas 4-amarela e 5-lilás serão oferecidas cartilhas, produzidas pelo movimento Falar Inspira Vida, com conteúdo sobre sintomas e tratamentos para depressão. O material ficará disponível nos nichos de leitura e também podem ser acessados pelo site falarinspiravida.com.br.

Na estação Paulista, na linha 4-amarela, os passageiros poderão brincar com um game que faz parte da campanha “Jornada do Acolhimento – Inspirando o cuidado com a depressão”.

O jogo, desenvolvido por especialistas em saúde mental e associações de pacientes, pretende estimular a busca por ajuda médica e a empatia por meio de uma linguagem lúdica que explica o que é depressão, como é feito o diagnóstico, quais são os tratamentos e como apoiar uma pessoa que sofre com a doença.

O Projeto Help, que presta serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio, oferecerá um espaço de escuta conhecido como cantinho do desabafo nas estações Luz, nesta sexta e no dia 28, Capão Redondo, no dia 14, Largo Treze, no dia 17, e Campo Limpo, no dia 24, sempre das 14h às 16h. Os voluntários que fazem parte da ação passam por um treinamento com especialistas da área da saúde mental.

Na São Paulo-Morumbi, o Projeto Help apresenta uma exposição de painéis sobre a valorização da vida.

A Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos), que lançou em 1º deste mês a campanha Bem Me Quer, Bem Me Quero, também distribui cartilhas nos nichos de leitura das linhas 4-amarela e 5-lilás com informações sobre depressão, transtorno bipolar e ansiedade. O público também poderá fazer download gratuito do material no hotsite (bemmequerbemmequero.com).

O girassol foi escolhido como o símbolo da ação da Abrata pela cor amarela, por representar a felicidade e, de acordo com a campanha, precisar do apoio de todo o ecossistema para se manter firme, mesmo em dias nublados.

A planta está presente nos painéis do artista paulistano Apolo Torres que ficarão expostos nas estações Sé, Luz e Consolação do metrô. As três obras são iguais e têm 3 metros de largura e 2,40 metros de altura.

Painel do artista paulistano Apolo Torres que ficará expostos nas estações Sé, Luz e Consolação do metrô de São Paulo (Divulgação)
Painel do artista paulistano Apolo Torres que ficará exposto nas estações Sé, Luz e Consolação do metrô de São Paulo (Divulgação)

Todas as ações fazem parte do Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. O movimento foi criado no Brasil, em 2015, por iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Este mês foi escolhido porque é nele que ocorre o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, em 10 de setembro, criado em 2003 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), pela Associação Internacional para Prevenção de Suicídio e pela Federação Mundial para Saúde Mental.

Movimento Falar Inspira Vida
até 30 de setembro, das 10h às 16h
• Game na estação Paulista, linha 4-amarela
• Distribuição de cartilhas nos nichos de leitura de todas as estações das linhas 4-amarela e 5-lilás serão
• Painéis informativos

Cantinho do desabafo
Dias 10 e 28, na estação Luz, das 14h às 16h
Dia 14, na estação Capão Redondo, das 14h às 16h
Dia 17, na estação Largo Treze, das 14h às 16h
Dia 24, na estação Campo Limpo, das 14h às 16h

Bem Me Quer, Bem Me Quero
painéis de Apolo Torres nas estações Sé, Luz e Consolação, até 30/9
acesse o conteúdo da campanha com informações sobre saúde mental em bemmequerbemmequero.com

SE ESTIVER EM SOFRIMENTO, PROCURE O CVV

O CVV foi fundado em São Paulo, em 1962. É uma associação civil sem fins lucrativos e reconhecida como de Utilidade Pública Federal desde 1973.

O centro presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

Por telefone
Ligue para 188 a qualquer momento. O atendimento é 24 horas, gratuito e garante anonimato e sigilo absoluto

Por email
Acesse cvv.org.br/e-mail, preencha os campos com seu nome, email e mensagem, e um voluntário responderá assim que possível

Por chat
Para iniciar a conversa, acesse cvv.org.br/chat e clique no link indicado. O atendimento acontece de segunda a quinta, das 9h à 1h, às sextas, das 15h às 23h, aos sábados, das 16h à 1h, e aos domingos, das 17h à 1h

Atendimento pessoal
O atendimento pessoal está temporariamente suspenso devido à pandemia da novo coronavírus. No entanto, quando for seguro, você poderá conversar pessoalmente com um voluntário do CVV nos postos de atendimento. Acesse cvv.org.br/postos-de-atendimento e procure o endereço mais próximo. Também é possível enviar uma carta, que será respondida por um voluntário

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Com girassol como símbolo e painéis no metrô de SP, Abrata promove campanha no Setembro Amarelo https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/01/com-girassol-como-simbolo-e-paineis-no-metro-de-sp-abrata-promove-campanha-no-setembro-amarelo/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/09/01/com-girassol-como-simbolo-e-paineis-no-metro-de-sp-abrata-promove-campanha-no-setembro-amarelo/#respond Wed, 01 Sep 2021 10:00:15 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/Arte-Apolo-Torres-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=1003 A Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) lança nesta quarta-feira (1º) a campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: O diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas”, que tem como objetivo conscientizar a população sobre esses distúrbios durante o Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio.

A iniciativa, que ocorre em parceria com a empresa global de saúde Viatris, destaca a importância de fazer parte de uma rede de apoio e amparar quem precisa, bem como estimular as pessoas a procurar e aceitar ajuda.

O girassol foi escolhido como o símbolo da ação pela cor amarela, por representar a felicidade e, de acordo com a campanha, precisar do apoio de todo o ecossistema para se manter firme, mesmo em dias nublados.

A planta está presente nos painéis do artista paulistano Apolo Torres que ficarão expostos nas estações Sé, Luz e Consolação do metrô de São Paulo. As três obras são iguais e têm 3 metros de largura e 2,40 metros de altura.

“A predominância do roxo e do amarelo conversa diretamente com as cores das peças da campanha. Optei pela combinação de tons mais quentes com mais escuros e saturados em um cenário ensolarado e, ao mesmo tempo, chuvoso para representar a mistura de sentimentos pelos quais esses pacientes costumam passar ao longo do processo dessas doenças”, conta Apolo.

O público também poderá fazer download gratuito da arte no hotsite da campanha (bemmequerbemmequero.com). A página traz informações sobre depressão, ansiedade e suicídio.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão. O Brasil lidera o ranking de casos na América Latina, com 11,5 milhões de brasileiros com a doença. O país também ocupa o topo do mais ansioso do mundo, com 19 milhões de pessoas sofrendo com esse transtorno.

De acordo com Alexandrina Meleiro, psiquiatra e membro do conselho científico da Abrata, quase todos os casos de suicídio têm relação com transtornos mentais –em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias químicas.

“Praticamente todos aqueles que tentam ou cometem esse ato têm alguma doença psiquiátrica. As estatísticas mostram que mais da metade deles estava em acompanhamento médico até uma semana antes do episódio. É importante ressaltar que quem pensa em suicídio quase sempre dá sinais, mas a maioria das pessoas não está preparada para identificá-los. Daí a importância do Setembro Amarelo, para ajudar a esclarecer e conscientizar a população sobre o tema”, diz a médica.

O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos no mundo. No entanto, não é exclusivo dos adolescentes. Alexandrina explica que idosos e populações vulneráveis, como os indígenas, LGBTQIA+, médicos, policiais e membros das Forças Armadas também são grupos que demonstram alta incidência no Brasil.

O primeiro passo para tratar os transtornos mentais é admitir que se está doente e que precisa de ajuda, afirma Marta Axthelm, presidente da Abrata. “É muito comum a negação do problema. A partir daí, é importante se abrir com pessoas da sua confiança e estabelecer um diálogo limpo e construtivo, uma vez que a rede de apoio é um complemento fundamental à abordagem clínica. Sabemos que quem conta com esse suporte costuma ter mais adesão ao tratamento”, observa.

Para fazer parte de uma rede de apoio eficaz e ajudar uma pessoa em sofrimento é preciso querer participar, ter empatia, disponibilidade de tempo, compreender que se trata de uma doença e escutar sem julgar. A rede de apoio vai além da família e inclui todos aqueles que fazem parte do círculo social mais próximo do paciente.

Desinformação, preconceito, banalização e tabus são os maiores inimigos da depressão. É comum confundir a doença com tristeza, que é algo que todas as pessoas vivenciam em algum momento da vida e é passageiro. A depressão costuma vir acompanhada de indisposição generalizada, desinteresse em estar com a família e amigos, desmotivação com estudo e trabalho, baixa autoestima, irritabilidade, agressividade, sentimento de inutilidade e sensação de ser um fardo para as pessoas em volta.

O mesmo vale para a ansiedade, que é natural ao comportamento humano. “O problema é quando a ansiedade atinge um nível muito alto e passa a atrapalhar a concentração, a atenção, os relacionamentos e as atividades do dia a dia”, esclarece Alexandrina.

O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. O movimento foi criado no Brasil, em 2015, por iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Este mês foi escolhido porque é nele que ocorre o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, em 10 de setembro, criado em 2003 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), pela Associação Internacional para Prevenção de Suicídio e pela Federação Mundial para Saúde Mental.

O CVV foi fundado em São Paulo, em 1962. É uma associação civil sem fins lucrativos e reconhecida como de Utilidade Pública Federal desde 1973.

O centro presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

A número telefônico 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul e, em setembro de 2017, iniciou sua expansão para todo o Brasil, sendo concluída em junho de 2018, atingindo todos os estados.

Os contatos com o CVV são feitos por telefone pelo número 188 (atendimento 24 horas e sem custo de ligação), pessoalmente (nos 110 postos de atendimento espalhados pelo país) ou pelo site cvv.org.br, por chat e email. Nesses canais, são realizados mais de 3 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 4.000 voluntários em todo o país.

Além dos atendimentos, o CVV também mantém o Hospital Francisca Julia, que atende pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

COMO ENTRAR EM CONTATO COM O CVV

Por telefone
Ligue para 188 a qualquer momento. O atendimento é 24 horas, gratuito e garante anonimato e sigilo absoluto

Por email
Acesse cvv.org.br/e-mail, preencha os campos com seu nome, email e mensagem, e um voluntário responderá assim que possível

Por chat
Para iniciar a conversa, acesse cvv.org.br/chat e clique no link indicado. O atendimento acontece de segunda a quinta, das 9h à 1h, às sextas, das 15h às 23h, aos sábados, das 16h à 1h, e aos domingos, das 17h à 1h

Atendimento pessoal
O atendimento pessoal está temporariamente suspenso devido à pandemia da novo coronavírus. No entanto, quando for seguro, você poderá conversar pessoalmente com um voluntário do CVV nos postos de atendimento. Acesse cvv.org.br/postos-de-atendimento e procure o endereço mais próximo. Também é possível enviar uma carta, que será respondida por um voluntário

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Universidade procura voluntários para estudo de tratamento gratuito do TDAH com mindfulness e neuromodulação https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/03/16/universidade-procura-voluntarios-para-estudo-de-tratamento-gratuito-do-tdah-com-mindfulness-e-neuromodulacao/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/03/16/universidade-procura-voluntarios-para-estudo-de-tratamento-gratuito-do-tdah-com-mindfulness-e-neuromodulacao/#respond Tue, 16 Mar 2021 10:00:25 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/mind2.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=741 A Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, busca pacientes voluntários adultos para um estudo voltado ao tratamento não medicamentoso do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

Os interessados devem ter de 18 e 35 anos, já terem sido diagnosticados com o transtorno, não terem implantes metálicos na cabeça e podem fazer ou não uso de medicação para TDAH. Para se inscrever para uma das 60 vagas gratuitas é preciso preencher um formulário online.

A pesquisa é conduzida pelo Ascan Lab (Applied Social, Cognitive and Affective Neuroscience Laboratory), laboratório de neurociência do curso de psicologia localizado dentro do Laboratório de Avaliação Psicológica da Universidade Cruzeiro do Sul, no campus Paulista.

“O projeto busca investigar um possível tratamento sem medicamentos para diminuir as dificuldades cognitivas, como o déficit de atenção e de funções executivas características deste distúrbio do neurodesenvolvimento, por meio da aplicação simultânea da ETCC (Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua) e da prática do mindfulness”, diz Camila Campanhã, professora e supervisora clínica do curso de psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul e pesquisadora do Ascan Lab.

A ETCC consiste em um tipo não invasivo de neuromodulação por baixa corrente elétrica, indolor e sem efeitos colaterais, que estimula ou inibe a atividade cerebral da área em que os eletrodos são posicionados, explica Campanhã.

“Trata-se de uma técnica absolutamente segura. Já existem aparelhos disponíveis em outros países para que os pacientes realizem o tratamento sozinhos em casa. Este método facilita atividade de áreas cerebrais quando o eletrodo anódico é posicionado no couro cabeludo, na área que se deseja melhorar o funcionamento, ou dificulta quando o eletro catódico é posicionado no couro cabeludo na área em que se deseja reduzir a hiperatividade existente”, afirma.

“Neste estudo, o objetivo é melhorar a atividade de uma área frontal do cérebro que encontra alterações de conectividade em pacientes com TDAH que levam ao déficit de atenção e de funções executivas por meio da ETCC”, esclarece a professora e orientadora da pesquisa.

Já a técnica de mindfulness é um tipo de meditação para a estimulação da atenção plena. Com origens no budismo e em tradições orientais, o mindfulness chegou ao Ocidente como uma prática laica utilizada como tratamento complementar para diversos quadros clínicos, como dores crônicas, estresse, depressãoansiedade. O mindfulness aplicado à saúde foi desenvolvido pelo médico Jon Kabat-Zinn na década de 1970, nos Estados Unidos.

Estudos de neurociência têm comprovado que o treino cognitivo de atenção da prática do mindfulness gera neuroplasticidade. Ou seja, assim como o treinamento de um músculo melhora o seu funcionamento, a meditação é uma forma de exercitar as vias neurais frontais, o que gera melhora da atenção, observa Campanhã.

“Este estudo permitirá verificar se esta combinação das técnicas, da ETCC e o do mindfulness, reduzirá as dificuldades cognitivas do TDAH de forma semelhante aos pacientes que fazem uso das medicações mais utilizadas na atualidade. Para isso, os efeitos serão comparados aos de pacientes que fazem uso de medicação”, conta.

O projeto será realizado de forma híbrida, com encontros virtuais e presenciais no Ascan Lab da Universidade Cruzeiro do Sul, no campus Paulista. A parte presencial consistirá em dez encontros de 30 minutos cada, apenas com os pacientes que não tomam medicação, respeitando as medidas e protocolos de saúde durante a pandemia da Covid-19, em sala de aula ampla e ventilada que permite o distanciamento social necessário. Os participantes que fazem uso de algum tipo de medicação para o TDAH poderão participar de forma totalmente remota, realizando testes cognitivos online.

Tratamento gratuito para adultos com o diagnóstico de TDAH 
Inscrições até 30 de maio de 2021; é preciso preencher o formulário no site (clique aqui)
Onde Universidade Cruzeiro do Sul, campus Paulista, av. Paulista, 1.415, 8º andar, sala 802, Bela Vista, região central de São Paulo
Contato email para contato do projeto: projetotdah2021@gmail.com; email do laboratório para outras informações: laboratory@gmail.com

 

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Série ‘Hotel Cecil’ mostra como os transtornos mentais podem ser traiçoeiros, diz psiquiatra https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/serie-hotel-cecil-mostra-como-os-transtornos-mentais-podem-ser-traicoeiros-diz-psiquiatra/ https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/serie-hotel-cecil-mostra-como-os-transtornos-mentais-podem-ser-traicoeiros-diz-psiquiatra/#respond Thu, 25 Feb 2021 10:00:22 +0000 https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/cecil3-300x215.jpg https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/?p=652 Este texto fala sobre o desfecho da série “Cena do Crime – Mistério e Morte no Hotel Cecil”. Então, se o leitor não quiser saber como a história termina, é melhor parar por aqui.

‘Hotel Cecil’, que estreou na Netflix neste mês e tem apenas quatro episódios, conta a história de Elisa Lam, uma canadense de 21 anos que, em 2013, viajou sozinha para a Califórnia e desapareceu.

Em busca de pistas que poderiam ajudar a encontrar Elisa, a polícia de Los Angeles decidiu publicar em seu site um vídeo gravado por uma das câmeras de segurança do hotel em que ela estava hospedada.

Com a divulgação das imagens, o caso ganhou ampla repercussão na imprensa, passou a ser debatido nas redes sociais e gerou todos os tipos de especulações e teorias da conspiração imagináveis.

Tudo começa com a péssima reputação do Cecil, hotel onde Elisa estava hospedada quando desapareceu.

Inaugurado na década de 1920, o prédio fica em uma região conhecida como skid row, no centro de Los Angeles, que pode ser comparada à cracolândia de São Paulo.

Com hospedagem barata, o Cecil era frequentado por traficantes e usuários de drogas. Seus quartos já foram cenários de diversos assassinatos, suicídios e mortes por overdose.

Numa tentativa de mudar o público e atrair mais turistas, parte do hotel foi reformada, ganhou uma nova entrada e até outro nome: Stay on Main. Foi num desses andares revitalizados do Cecil que Elisa se hospedou. Apesar da fachada mais moderninha, seus hóspedes dividiam o mesmo prédio e os mesmos elevadores do Cecil.

Como se não bastasse a fama de mal-assombrado do hotel, Elisa apresenta um comportamento estranho nas filmagens divulgadas pela polícia.

Ela entra no elevador –que permanece o tempo todo aberto–, aperta vários botões, sai, olha para os lados, entra de novo e se esconde em um cantinho. Depois sai do elevador novamente, faz gestos com as mãos como se estivesse tocando em algo invisível ou falando com alguém e, por fim, deixa o local seguindo para lado esquerdo do corredor.

As cenas misteriosas levam os internautas ao delírio: Elisa estava fugindo de alguém? Havia um fantasma ali? Será que ela estava sob efeito de drogas?

Dias depois de o vídeo ser divulgado, o corpo de Elisa foi encontrado em uma das caixas d’água do hotel. Mais teorias surgem nas redes sociais. Afinal, aquela garota não poderia ter chegado até o terraço do edifício sozinha.

O tribunal da internet começa então a acusar Pablo Vergara, um cantor mexicano de death metal que usa o nome artístico Morbid, pelo suposto assassinato de Elisa.

Vergara, que dá seu depoimento no documentário, conta que recebeu diversas mensagens de ódio pelas redes sociais. Ele ficou tão depressivo que chegou a tentar o suicídio e passou um tempo internado em uma clínica psiquiátrica.

O músico nunca foi visto como suspeito pela polícia. Ele se hospedou no hotel Cecil, publicou alguns vídeos no seu canal do YouTube, mas isso havia sido um ano antes de Elisa fazer check-in.

Divulgado semanas depois, o laudo do médico legista revolta os investigadores cibernéticos. O resultado apontou que a morte foi acidental. Elisa não foi assassinada nem cometeu suicídio.

Desde o primeiro capítulo fica claro que a canadense era uma garota solitária, gostava de escrever uma espécie de diário no Tumblr, tinha depressão e fazia tratamento medicamentoso para controlar a doença. Mas apenas no último episódio é revelada a gravidade da sua condição mental.

O exame toxicológico mostra que a canadense não usou drogas ilegais nem álcool, mas as dosagens dos medicamentos que ela tomava estavam muito baixas. Ou seja, em algum momento durante a viagem, Elisa decidiu parar de tomar os remédios que ela chamava de “café da manhã dos campeões”, entre eles um moderador de humor e um antipsicótico.

“Costumo dizer que as doenças da mente são traiçoeiras. Primeiro porque demoramos para procurar ajuda achando que é ‘só uma fase’, que logo vai passar e que conseguimos lidar com isso sozinhos. E também porque durante o tratamento, assim que nos sentimos melhor, achamos que não é mais necessário o uso das medicações”, explica a psiquiatra Jéssica Martani.

Elisa sofria de transtorno bipolar do tipo 1, uma doença grave definida por episódios maníacos e de euforia que duram ao menos sete dias, com aumento de energia e de atividade. Alguns pacientes podem apresentar sintomas psicóticos, tais como alucinações ou delírios. Essa fase maníaca é alternada com períodos depressivos, de baixa energia, em que muitas vezes o paciente não consegue realizar atividades simples, como escovar os dentes, tomar banho ou mesmo levantar da cama. No transtorno bipolar do tipo 1, tanto na mania quanto na depressão, os sintomas são intensos.

Além do tipo 1, também existe o transtorno bipolar do tipo 2 –quando há uma alternância entre os episódios de depressão e os de hipomania, que é um estado mais leve de euforia–, o transtorno bipolar não especificado ou misto –quando os sintomas não têm duração ou intensidade suficientes para classificar a doença em um dos dois tipos anteriores– e o transtorno ciclotímico –que é o quadro mais leve, marcado por oscilações crônicas do humor, que podem ocorrer até no mesmo dia

“Alguns detalhes comentados na série nos fazem perceber que o estado emocional de Elisa estava bastante alterado. Em determinado dia, a equipe do hotel a transfere de quarto devido a brigas com outras meninas que estavam no mesmo dormitório”, observa Jéssica.

Enquanto Elisa esteve num quarto compartilhado, ela costumava trancar a porta e pedir senhas para as outras garotas entrarem. Também deixava bilhetes sobre as camas delas dizendo “vá embora”.

O documentário revela que a irmã de Elisa chegou a dizer aos policiais que na casa delas, no Canadá, ela já havia parado de tomar os remédios algumas vezes e apresentado delírios persecutórios, chegando a se esconder debaixo da cama.

Mesmo após o caso ser encerrado, muitos internautas não aceitaram a explicação da polícia. Algumas pessoas chegaram a dizer nas redes sociais que os policiais poderiam estar tentando proteger algum funcionário do hotel, responsável pela morte da jovem.

“A desinformação faz com que grande parte da população minimize o transtorno afetivo bipolar como sendo uma característica da pessoa que está ora feliz, ora triste. Isso faz com que elas não entendam o que é o transtorno, suas crise e a gravidade dessa patologia. Outra questão é o quanto é difícil acreditar e aceitar que nossa própria mente pode agir de forma a nos fazer mal”, afirma a médica.

A psiquiatra conta que, para algumas pessoas, é mais fácil acreditar em teorias da conspiração criadas na internet do que compreender que negligenciar os transtornos mentais pode trazer consequências graves não apenas para o paciente, mas para as pessoas que estão ao seu lado. Muitas vezes a pessoa precisa do apoio da família para tomar os remédios e seguir corretamente o tratamento recomendado pelo médico.

“Acredito que muitas pessoas se identificaram com a Elisa, pois ela de nada difere das jovens de sua idade. Ela estava iniciando sua carreira, estava começando novas experiências, viajando pela primeira vez, não fazia uso de drogas ilegais e, como qualquer um de nós, passava por momentos difíceis. Elisa poderia ser nossa irmã, nossa amiga, poderia ser eu, ser você”, relata Jéssica.

“É difícil aceitar que tudo poderia ser diferente se ela estivesse seguindo corretamente seu tratamento”, conclui.

No final, o documentário sugere o site wannatalkaboutit.com para quem enfrenta algum tipo de transtorno mental, como depressão ou ansiedade, e deseja procurar ajuda.

No Brasil, o canal mais conhecido é o CVV (Centro de Valorização da Vida), fundado em São Paulo, em 1962. O centro presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

COMO ENTRAR EM CONTATO COM O CVV

Por telefone
Ligue para 188 a qualquer momento. O atendimento é 24 horas, gratuito e garante anonimato e sigilo absoluto

Por email
Acesse cvv.org.br/e-mail, preencha os campos com seu nome, email e mensagem, e um voluntário responderá assim que possível

Por chat
Para iniciar a conversa, acesse cvv.org.br/chat e clique no link indicado. O atendimento acontece de segunda a quinta, das 9h à 1h, às sextas, das 15h às 23h, aos sábados, das 16h à 1h, e aos domingos, das 17h à 1h

Atendimento pessoal
O atendimento pessoal está temporariamente suspenso devido à pandemia da novo coronavírus. No entanto, quando for seguro, você pode conversar pessoalmente com um voluntário do CVV nos postos de atendimento. Acesse cvv.org.br/postos-de-atendimento e procure o endereço mais próximo. Também é possível enviar uma carta, que será respondida por um voluntário.

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