USP busca idosos com depressão para tratamento gratuito com estimulação magnética transcraniana

O Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) procura pacientes idosos para participar de uma pesquisa em que receberão tratamento gratuito com EMTr (estimulação magnética transcraniana) para depressão. As inscrições devem ser feitas exclusivamente pelo email pesquisa.neuropsiquiatria@gmail.com.

Os voluntários devem ter a partir de 60 anos, já terem sido diagnosticados com depressão, não terem demência e nunca terem realizado tratamento com EMTr anteriormente. Outros impedimentos para participar do estudo são sofrer de epilepsia e possuir implantes metálicos, como marca-passo cerebral.

É preciso ter disponibilidade para comparecer ao Hospital das Clínicas, no bairro Cerqueira César, na região central de São Paulo, onde a terapia será aplicada durante 20 dias úteis seguidos e, depois, semanalmente até o fim do terceiro mês.

Leandro Valiengo, psiquiatra do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação do Instituto de Psiquiatria⁣ do Hospital das Clínicas, explica que a EMTr é uma técnica não invasiva que utiliza campos magnéticos para estimular pequenas regiões do cérebro por indução eletromagnética.

“A nossa pesquisa é voltada para verificar o benefício dessa técnica em idosos, mas a eficácia da estimulação magnética transcraniana já foi comprovada para tratar depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, dor crônica neuropática e fibromialgia, por exemplo”, afirma o psiquiatra.

Após enviarem o email, os voluntários passarão por uma triagem online.

Na sessão, que dura de 15 a 20 minutos, o paciente usará uma touca com pontos marcados que receberão o estímulo eletromagnético por meio de uma bobina, tanto do lado direito como do lado esquerdo do cérebro. O método utilizado é o theta-burst, que é uma forma mais moderna de estimulação magnética.

O estímulo ultrapassa a estrutura craniana até chegar ao córtex cerebral e atingir os neurônios, melhorando os sintomas depressivos.

“A pessoa fica consciente, não precisa ser anestesiada, não sente dor, pode conversar normalmente e até ler durante a aplicação”, diz Valiengo.

Os idosos ficarão em um espaço isolado do hospital, já que estão no grupo de risco na pandemia do novo coronavírus.

Paciente durante tratamento com estimulação magnética transcraniana no Hospital das Clínicas (Marisa Cauduro -1.set.2011/ Folhapress)
Paciente durante tratamento com estimulação magnética transcraniana no Hospital das Clínicas (Marisa Cauduro -1.set.2011/ Folhapress)

Assim como acontece com o uso de antidepressivos, pacientes começam a sentir os efeitos do tratamento a partir da quarta semana.

“A estimulação magnética transcraniana pode ser uma boa alternativa de tratamento para as pessoas que não sentem melhora nos sintomas depressivos mesmo com o uso de medicamentos”, explica Valiengo.

Como esses pacientes já costumam tomar remédios para outras doenças, substituir a medicação pela EMTr também é uma forma de evitar a interação medicamentosa.

O primeiro aparelho de estimulação magnética transcraniana surgiu na década de 1970, no Reino Unido, para restabelecer o funcionamento cerebral. A técnica foi aprimorada pelo médico Anthony Baker, nos anos 1980.

No Brasil, a EMTr foi regulamentada em 2012 pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) como procedimento médico para o tratamento de doenças psiquiátricas.

A estimulação magnética transcraniana não deve ser confundida com eletroconvulsoterapia, conhecida popularmente como eletrochoque. A ECT, ou eletroconvulsoterapia, foi desenvolvida na década de 1930 para tratar transtornos psiquiátricos, porém é mais invasiva. A técnica é feita com anestesia geral e induz a uma crise convulsiva por meio de uma descarga elétrica.

“Enquanto na eletroconvulsoterapia pode haver perda de memória, na estimulação magnética transcraniana a memória pode ser melhorada, dependendo do ponto estimulado na sessão”, conta Valiengo.

O psiquiatra revela que o efeito colateral mais comum é a dor de cabeça.

No final das 12 semanas de tratamento com EMTr, os pacientes que sentirem melhora nos sintomas depressivos seguirão para uma nova pesquisa com a mesma técnica, que deve durar mais seis meses.

Já os pacientes que não se beneficiarem com a EMTr serão reencaminhados para o tratamento psiquiátrico a que se submetiam anteriormente, como a medicação.

Projeto Idoso
Iniciativa do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação do Instituto de Psiquiatria⁣ do Hospital das Clínicas
Inscrições Somente pelo email pesquisa.neuropsiquiatria@gmail.com
Onde Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP: rua. Dr. Ovídio Pires de Campos, 785, Cerqueira César, região central de São Paulo
Instagram @pesquisaneuropsiquiatria
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