Delírio de ciúme em ‘Dom Casmurro’ é tema de debate promovido pela PUC-Rio

Capitu traiu Bentinho? A pergunta mais famosa da literatura brasileira envolve os personagens de “Dom Casmurro”, romance de Machado de Assis (1839-1908).

Mas se a traição existiu ou não pouco importa para a palestra sobre psicopatologia e literatura promovida pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), nesta terça-feira (1º), das 17h às 18h, transmitida pela plataforma Zoom.

O foco do debate será o delírio de ciúme de Bentinho, que será analisado por Elie Cheniaux, professor titular de psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCM-UERJ) e do Programa de Pós-graduação em Psiquiatria e Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PROPSAM-IPUB-UFRJ).

Bentinho preenche os critérios para o diagnóstico de um transtorno delirante, a antiga paranoia, diz Cheniaux.

“Seu delírio tem as características típicas desse quadro: não bizarro, de conteúdo possível, bem sistematizado, interpretativo, autorreferente e monotemático. Além disso, como também se costuma observar no transtorno delirante, alucinações e sintomas negativos da esquizofrenia estão ausentes.”

Cheniaux explica que a convicção que Bentinho tem de que Capitu o traiu é delirante porque independe da realidade.

“A partir de indícios meramente circunstanciais, Bentinho, desproporcionalmente, formou uma ‘convicção extraordinária’, não influenciável pela argumentação lógica ou pela exposição aos fatos”, afirma.

Mesmo que tenha havido a traição, ideia continuaria a ser delirante, ressalta Cheniaux. “Neste caso, seria um delírio de conteúdo verdadeiro, que, apenas por casualidade, coincidiria com a realidade. O que determina se uma crença deve ser classificada ou não como delirante não é a conclusão a que o indivíduo chegou, mas como ele chegou a ela, ou seja, se o seu raciocínio seguiu os princípios da lógica formal e se foi mantida a capacidade para a autorrefutação e a autocrítica.”

O professor irá se aprofundar no tema do transtorno delírio a partir do personagem de “Dom Casmurro” durante a videoconferência nesta terça.

Cheniaux é autor do “Manual de Psicopatologia” (editora Guanabara Koogan, 215 págs.), entre outros livros.

Para participar do evento é preciso fazer inscrição antecipadamente.

Psicopatologia e literatura: o delírio de ciúme de Bentinho, em ‘Dom Casmurro’, de Machado de Assis
Quando quinta (1°), às 17h
Onde virtual, transmitido pela plataforma Zoom
Inscrição gratuita, deve ser feita antecipadamente neste link