Psicólogo do EncontroACP explica a abordagem centrada na pessoa, criada por Carl Rogers
A abordagem centrada na pessoa (ACP), também chamada de terapia rogeriana, foi desenvolvida pelo psicólogo americano Carl Rogers (1902-1987) a partir da década de 1940. É uma prática de psicoterapia que ressalta a importância de uma relação horizontal entre paciente e psicólogo, sem que haja uma posição de hierarquia entre eles.
Aliás, Rogers não usa o termo “paciente”, e sim “cliente”. Para ele, as pessoas que buscam atendimento psicológico não são doentes, são indivíduos em dificuldade em busca de um serviço.
Dessa forma, Rogers se afasta de diretrizes da psicanálise e do behaviorismo que pressupõem que todo ser humano tem uma neurose básica e estabelece que a personalidade humana tende naturalmente à saúde e ao bem-estar, o que ele denomina de tendência atualizante.
Já que, para Rogers, o ser humano tem a capacidade inerente para desenvolver todas as suas potencialidades, o profissional deve criar uma relação de confiança com o seu cliente e agir como um facilitador para que a pessoa encontre sozinha sua própria cura.
O psicólogo Marcos Alberto da Silva Pinto, criador do site e centro de estudos EncontroACP (Abordagem Centrada na Pessoa), explica que uma das principais características desse método é não seguir uma técnica estabelecida.
“Nós, que seguimos a abordagem centrada na pessoa, entendemos que a técnica pode atrapalhar no processo terapêutico, pois gera uma relação de poder, vertical, do profissional acima da pessoa que está sendo atendida. Uma ajuda genuína é melhor quando é horizontal”, afirma.
Pela visão centrada na pessoa, o ser humano precisa apenas de condições especiais para rever a maneira como ele está se desenvolvendo. Para isso, o profissional busca criar essas condições para que a pessoa possa perceber em si própria o seu caminho e suas respostas.
O CVV (Centro de Valorização da Vida), por exemplo, baseia-se na prática da abordagem centrada na pessoa em seus atendimentos.
“Essa abordagem não é muito difundida nas universidades porque vai na contramão da psicanálise e da terapia comportamental. Ela faz com que o profissional abra mão da sua posição de poder dentro do consultório”, observa.
Na abordagem centrada na pessoa, o processo terapêutico acontece por meio de três condições facilitadoras: empatia (o profissional deverá ser capaz de tentar enxergar a pessoa e se aproximar da visão dela), congruência (é imprescindível que o facilitador busque ser autêntico quanto aos seus sentimentos e percepções em relação à pessoa que está buscando ajuda) e aceitação incondicional positiva (é a capacidade do facilitador em aceitar o outro sempre de maneira positiva, entendendo que o outro, à sua maneira, está sempre procurando se sentir bem e se encontrar).
“A gente oferece um espaço de escuta, que é mais ou menos assim: compreender o outro empaticamente, aproximar-se do outro, do olhar o outro, lembrando que não sou o outro”, resume Marcos. “Tenho que me despir dos meus valores para não enfiar o que eu penso goela abaixo da pessoa.”
Marcos criou a página EncontroACP em 2001 para tentar suprir a falta de informação sobre a abordagem centrada na pessoa.
Lá é possível encontrar cursos sobre a abordagem, grupos de estudo, rodas de conversa, plantões psicológicos e contatos de psicólogos que utilizam essa prática.
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