Após superar depressão, atleta refugiado do levantamento de peso estreia em Tóquio-2020
Cyrille Tchatchet II é o único atleta refugiado representante do levantamento de peso nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Mas, antes de se tornar recordista britânico na modalidade e se classificar para sua primeira Olimpíada, Cyrille enfrentou diversos desafios, inclusive com sua saúde mental.
Os problemas começaram a surgir em 2014, quando, algumas semanas após terminar em quinto lugar no evento de levantamento de peso dos 85 kg nos Jogos da Comunidade Britânica, em Glasgow, o atleta se viu sem dinheiro, sem comida e vivendo nas ruas de Brighton, no Reino Unido. Neste momento, aos 19 anos, ele fugiu do centro de treinamento de sua equipe por temer ter que voltar ao seu país de origem, Camarões.
Vivendo sob uma ponte em uma cidade britânica desconhecida e sem contato com pessoas próximas, Cyrille chegou a pensar em cometer suicídio. “Por que estou fazendo isto? Por que estou perdendo tempo? Basta me matar”, ele disse que pensava. “Eu estava vivendo sob uma ponte em uma nova cidade em um novo país. Eu não conhecia ninguém”, disse o atleta em uma entrevista ao canal do COI (Comitê Olímpico Internacional).
A situação mudou quando ele encontrou o número de telefone de uma instituição de caridade que oferecia suporte a pessoas que estavam enfrentando problemas de saúde mental. O jovem pediu ajuda ao centro de suporte emocional em um centro de refugiados em Dover. Quando seu reconhecimento como refugiado foi aprovado pelo governo, ele foi transferido para Birmingham, onde pôde cuidar de sua saúde mental.
Com o esporte, o camaronês começou a reconstruir sua vida, sendo atleta do levantamento de peso –modalidade presente em sua vida desde os 14 anos de idade.
Cyrille voltou a treinar em um clube local de Birmingham e logo conseguiu participar de campeonatos regionais britânicos. Tornou-se o campeão britânico dos 94 kg e 96 kg e foi contemplado com uma bolsa de estudos para atletas refugiados, financiada pelo COI.
Agora, em uma nova fase e muito próximo de realizar o sonho olímpico, Tchatchet se concentra também em sua formação profissional como enfermeiro de saúde mental pela Universidade de Middlesex. Inspirado pela atuação dos médicos e enfermeiros durante seu tratamento, o atleta espera poder começar um mestrado na área para retribuir o apoio que recebeu e oferecer suporte a outras pessoas que também enfrentam questões de saúde mental.
“Um dos sonhos de qualquer esportista é ser considerado para as Olimpíadas. É um prazer estar entre os outros atletas que integram e representam a Equipe Olímpica de Refugiados em Tóquio 2020”, disse Cyrille ao COI.
Cyrille estreia nas Olimpíadas nesta sexta-feira (30), às 23h50 no horário de Brasília (as finais serão transmitidas ao vivo pelo canal SporTV; veja programação)
No Brasil, ligue para o CVV
O CVV (Centro de Valorização da Vida) foi fundado em São Paulo, em 1962. É uma associação civil sem fins lucrativos e reconhecida como de Utilidade Pública Federal desde 1973.
O centro presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.
COMO ENTRAR EM CONTATO COM O CVV
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