Com girassol como símbolo e painéis no metrô de SP, Abrata promove campanha no Setembro Amarelo
A Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) lança nesta quarta-feira (1º) a campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: O diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas”, que tem como objetivo conscientizar a população sobre esses distúrbios durante o Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio.
A iniciativa, que ocorre em parceria com a empresa global de saúde Viatris, destaca a importância de fazer parte de uma rede de apoio e amparar quem precisa, bem como estimular as pessoas a procurar e aceitar ajuda.
O girassol foi escolhido como o símbolo da ação pela cor amarela, por representar a felicidade e, de acordo com a campanha, precisar do apoio de todo o ecossistema para se manter firme, mesmo em dias nublados.
A planta está presente nos painéis do artista paulistano Apolo Torres que ficarão expostos nas estações Sé, Luz e Consolação do metrô de São Paulo. As três obras são iguais e têm 3 metros de largura e 2,40 metros de altura.
“A predominância do roxo e do amarelo conversa diretamente com as cores das peças da campanha. Optei pela combinação de tons mais quentes com mais escuros e saturados em um cenário ensolarado e, ao mesmo tempo, chuvoso para representar a mistura de sentimentos pelos quais esses pacientes costumam passar ao longo do processo dessas doenças”, conta Apolo.
O público também poderá fazer download gratuito da arte no hotsite da campanha (bemmequerbemmequero.com). A página traz informações sobre depressão, ansiedade e suicídio.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão. O Brasil lidera o ranking de casos na América Latina, com 11,5 milhões de brasileiros com a doença. O país também ocupa o topo do mais ansioso do mundo, com 19 milhões de pessoas sofrendo com esse transtorno.
De acordo com Alexandrina Meleiro, psiquiatra e membro do conselho científico da Abrata, quase todos os casos de suicídio têm relação com transtornos mentais –em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias químicas.
“Praticamente todos aqueles que tentam ou cometem esse ato têm alguma doença psiquiátrica. As estatísticas mostram que mais da metade deles estava em acompanhamento médico até uma semana antes do episódio. É importante ressaltar que quem pensa em suicídio quase sempre dá sinais, mas a maioria das pessoas não está preparada para identificá-los. Daí a importância do Setembro Amarelo, para ajudar a esclarecer e conscientizar a população sobre o tema”, diz a médica.
O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos no mundo. No entanto, não é exclusivo dos adolescentes. Alexandrina explica que idosos e populações vulneráveis, como os indígenas, LGBTQIA+, médicos, policiais e membros das Forças Armadas também são grupos que demonstram alta incidência no Brasil.
O primeiro passo para tratar os transtornos mentais é admitir que se está doente e que precisa de ajuda, afirma Marta Axthelm, presidente da Abrata. “É muito comum a negação do problema. A partir daí, é importante se abrir com pessoas da sua confiança e estabelecer um diálogo limpo e construtivo, uma vez que a rede de apoio é um complemento fundamental à abordagem clínica. Sabemos que quem conta com esse suporte costuma ter mais adesão ao tratamento”, observa.
Para fazer parte de uma rede de apoio eficaz e ajudar uma pessoa em sofrimento é preciso querer participar, ter empatia, disponibilidade de tempo, compreender que se trata de uma doença e escutar sem julgar. A rede de apoio vai além da família e inclui todos aqueles que fazem parte do círculo social mais próximo do paciente.
Desinformação, preconceito, banalização e tabus são os maiores inimigos da depressão. É comum confundir a doença com tristeza, que é algo que todas as pessoas vivenciam em algum momento da vida e é passageiro. A depressão costuma vir acompanhada de indisposição generalizada, desinteresse em estar com a família e amigos, desmotivação com estudo e trabalho, baixa autoestima, irritabilidade, agressividade, sentimento de inutilidade e sensação de ser um fardo para as pessoas em volta.
O mesmo vale para a ansiedade, que é natural ao comportamento humano. “O problema é quando a ansiedade atinge um nível muito alto e passa a atrapalhar a concentração, a atenção, os relacionamentos e as atividades do dia a dia”, esclarece Alexandrina.
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. O movimento foi criado no Brasil, em 2015, por iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Este mês foi escolhido porque é nele que ocorre o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, em 10 de setembro, criado em 2003 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), pela Associação Internacional para Prevenção de Suicídio e pela Federação Mundial para Saúde Mental.
O CVV foi fundado em São Paulo, em 1962. É uma associação civil sem fins lucrativos e reconhecida como de Utilidade Pública Federal desde 1973.
O centro presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.
A número telefônico 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul e, em setembro de 2017, iniciou sua expansão para todo o Brasil, sendo concluída em junho de 2018, atingindo todos os estados.
Os contatos com o CVV são feitos por telefone pelo número 188 (atendimento 24 horas e sem custo de ligação), pessoalmente (nos 110 postos de atendimento espalhados pelo país) ou pelo site cvv.org.br, por chat e email. Nesses canais, são realizados mais de 3 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 4.000 voluntários em todo o país.
Além dos atendimentos, o CVV também mantém o Hospital Francisca Julia, que atende pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos, no interior de São Paulo.
COMO ENTRAR EM CONTATO COM O CVV
Por telefone
Ligue para 188 a qualquer momento. O atendimento é 24 horas, gratuito e garante anonimato e sigilo absoluto
Por email
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Para iniciar a conversa, acesse cvv.org.br/chat e clique no link indicado. O atendimento acontece de segunda a quinta, das 9h à 1h, às sextas, das 15h às 23h, aos sábados, das 16h à 1h, e aos domingos, das 17h à 1h
Atendimento pessoal
O atendimento pessoal está temporariamente suspenso devido à pandemia da novo coronavírus. No entanto, quando for seguro, você poderá conversar pessoalmente com um voluntário do CVV nos postos de atendimento. Acesse cvv.org.br/postos-de-atendimento e procure o endereço mais próximo. Também é possível enviar uma carta, que será respondida por um voluntário