MeToo Brasil lança canal de suporte psicológico para vítimas de violência sexual usando Uber

O MeToo Brasil, movimento que acolhe vítimas de abuso sexual, lança um canal de suporte psicológico para pessoas de todos os gêneros, sejam usuários, motoristas ou entregadores, que tenham passado por esse tipo de violência em viagens ou entregas usando Uber. A iniciativa é patrocinada pelo próprio aplicativo.

As denúncias serão direcionadas ao canal do MeToo após a pessoa reportar o fato no aplicativo da Uber.

A assistência psicológica consiste em até quatro sessões de uma hora cada, que serão conduzidas por psicólogas especializadas e buscam escutar o relato de forma empática e sem julgamento. O objetivo é dar um primeiro acolhimento e auxiliar a vítima para que ela se sinta segura e apoiada ao enfrentar o trauma vivido. Os atendimentos serão sigilosos e a Uber não terá acesso a nenhuma informação após o encaminhamento para o MeToo.

O MeToo dá apoio psicológico, jurídico e assistencial junto às voluntárias da organização. Lançado no Brasil há um ano, o movimento já recebeu 151 relatos de violência sexual, entre os quais 68 mulheres que receberam apoio e foram encaminhadas à rede de proteção do Estado. Do total de denúncias recebidas, 55% eram casos de violência doméstica.

“No Brasil, a violência sexual se dá majoritariamente no ambiente doméstico, mas sabemos que existe muita violência no espaço público, como no transporte. A subnotificação é o maior problema: as vítimas têm muito medo, sentem culpa e a maioria não consegue falar sobre o que aconteceu”, explica Marina Ganzarolli, advogada e idealizadora do MeToo Brasil.

“Sabemos dos desafios que ainda existem no enfrentamento à violência contra a mulher e seguimos investindo em ferramentas e projetos de combate a essas condutas. Mas acreditamos muito na importância de denunciar casos de assédio, violência e qualquer comportamento que tenha feito a pessoa se sentir desconfortável. Depois de revisar nosso processo de atendimento e, com a ajuda da deFEMde [Rede Feminista de Juristas], treinar nossos agentes e elaborar respostas mais empáticas, estamos dando mais um passo para oferecer um acolhimento mais completo” afirma Celeste Lazzerini, gerente de operações para segurança na América Latina da Uber.

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