Aumenta consumo de remédios para depressão e ansiedade durante a pandemia, aponta estudo
Um levantamento feito pela Funcional Health Tech, empresa de inteligência de dados e serviços de gestão no setor de saúde, a partir da coleta de informações de aproximadamente 1 milhão de brasileiros, mostrou que, entre janeiro e julho deste ano, o consumo de medicamentos para ansiedade e depressão cresceu 14% em comparação ao mesmo período de 2020.
O grupo analisado é composto por colaboradores das empresas clientes da Funcional Health Tech.
De acordo com o estudo, mulheres jovens (19 a 23 anos) e que residem nas capitais do país foi o perfil que mais cresceu no consumo de ansiolíticos e antidepressivos.
Ainda com base nos dados da Funcional Health Tech, foi criado um ranking desses medicamentos. Os mais utilizados são antidepressivos, que representam 71,38%, seguidos de sedativos e ansiolíticos (usados no controle da ansiedade), com 41,72%, e os direcionados para tratamento de outras doenças relacionadas ao sistema nervoso, com 15,03%.
“Quando analisamos os dados gerais de consumo de medicamentos de todos os clientes da Funcional, percebemos uma importante diminuição durante a pandemia para a maior parte dos medicamentos, em contraste com o aumento no consumo de antidepressivos e ansiolíticos. O que reforça a relevância dos cuidados com saúde mental desde a chegada da Covid-19”, diz Alexandre Vieira, diretor-médico da Funcional Health Tech.
Em julho, um estudo do CFF (Conselho Federal de Farmácia), a partir de dados da consultoria IQVIA, revelou que nos cinco primeiros meses deste ano houve aumento de 13% da venda de antidepressivos e estabilizadores de humor.
Um pesquisa Datafolha encomendada pela Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e pela farmacêutica Viatris mostrou que 44% dos brasileiros afirmaram que ter tido problemas psicológicos durante a pandemia da Covid-19, decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em março de 2020.
Os mais afetados foram mulheres (53%), jovens entre 16 e 24 anos (56%), pessoas economicamente ativas (48%), pessoas com alta escolaridade (57%) e pessoas sem filhos (51%).
Além disso, 28% dos entrevistados relataram que tiveram diagnóstico de depressão ou de outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia, enquanto 46% afirmaram que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse período.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil lidera o ranking de casos de depressão na América Latina, com mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a doença, e é o país mais ansioso do mundo, com quase 19 milhões de pessoas que têm transtorno.