Consultas de terapia online crescem 151% no 1º semestre de 2021, mostra levantamento da Zenklub

Desde o início da pandemia da Covid-19, em março do ano passado, muitos profissionais tiveram que deixar seus locais de trabalho e se adaptar ao home office. Os que precisaram continuar no regime presencial enfrentaram constantemente o medo de se infectar pelo coronavírus.

Como uma maneira de dar suporte emocional e evitar casos de depressão, de ansiedade e mesmo de burnout, algumas empresas oferecem sessões de psicoterapia e plantões psicológicos aos empregados.

Na plataforma de saúde mental Zenklub, que atende funcionários de mais de 300 empresas, a procura por terapia online cresceu 151% no primeiro semestre de 2021 comparado ao mesmo período do ano passado, saltando para 50 mil sessões realizadas por mês.

O número de colaboradores também aumentou. No último mês de julho, 175 mil pessoas tinham acesso aos serviços da empresa, um salto de 400% em relação ao final do ano de 2020, quando eram 35 mil.

Atualmente, o Zenklub atende 1,5 milhão de brasileiros espalhados por 187 países e 1.205 cidades. A plataforma disponibiliza sessões online com mais de 5.000 psicólogos, psicanalistas, coaches e terapeutas.

No entanto, as pessoas que não estavam acostumadas também precisaram se adaptar à terapia virtual. Leia a seguir a entrevista com Daniele Nazari, psicóloga do Zenklub, sobre como aproveitar melhor as sessões.

Como o paciente pode se preparar para aproveitar melhor a sessão online? É importante encontrar um lugar silencioso e distante de outros familiares que estejam na mesma casa, por exemplo?
Na psicologia usamos um termo chamado “setting terapêutico”, que se refere ao espaço no qual a relação terapeuta e paciente acontece. Então, mesmo online, é importante proporcionar esse ambiente para que a pessoa esteja com o foco no momento presente. A atenção deve estar voltada ao que se está fazendo no momento. Isso fica mais fácil quando se está em um ambiente silencioso, confortável e, principalmente, privado de interferência, para que o paciente se sinta à vontade para conversar e expor o que sente sem se preocupar se outras pessoas estarão ouvindo a conversa.

O que não é recomendado o paciente fazer durante a terapia?
Não é recomendado conectar a sessão em ambientes que tenham muito barulho e distrações que tirem sua atenção da videochamada. Por exemplo, dentro do ônibus, no Uber, no shopping e locais onde há interação com outras pessoas. Isso pode interferir nas reflexões psicoterapêuticas.

Já tive a experiência de atender um cliente enquanto ele estava dirigindo para o trabalho. Tentamos fazer por ligação telefônica para a videochamada não atrapalhar sua atenção ao trânsito. Só que obviamente essa foi sua prioridade e o atendimento não se tornou tão efetivo. Mas também entendo que foi a possibilidade que ele conseguiu encaixar, então temos que ter a flexibilidade e respeitar o formato que está ao alcance. O importante é que a pessoa está buscando ajuda.

Existe algum tipo de manual de conduta também para os psicólogos que atendem online?
O CFP (Conselho Federal de Psicologia) desenvolveu uma cartilha sobre aspectos éticos no atendimento online, mas não especificamente de conduta. Entendo que o espaço terapêutico é construído por ambas as partes, cliente e profissional. Logo, cabe aos profissionais terem a maior responsabilidade de conduzir o cliente no formato mais adequado, resgatar a atenção dele, manter o foco no presente e a concentração na sessão.

Por isso, é necessário que o profissional esteja em um ambiente adequado de trabalho, sem ruídos e interferências, e mantenha uma postura ética para mostrar formalidade e seriedade no seu serviço, pois é o que está ao alcance dele para proporcionar um bom atendimento.

Nos meus atendimentos, gosto sempre de ressaltar na primeira sessão que o cliente pode se sentir como se estivesse em um consultório presencial, para ele ficar tranquilo quanto à parte ética e sigilosa do que vamos tratar no atendimento.

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