Artrite reumatoide gera sintomas de depressão e ansiedade em pacientes
Dificuldade de locomoção, perda de autonomia para as tarefas do dia a dia e vida social mais restrita. Essas são as principais mudanças que a artrite reumatoide provocou na vida dos pacientes ouvidos em uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos a pedido da Janssen, empresa farmacêutica da Johnson & Johnson.
A artrite reumatoide é uma doença autoimune, crônica e progressiva que afeta as articulações, podendo provocar desgaste ósseo, limitações físicas, dor e fadiga. A prevalência é de duas a três vezes maior nas mulheres.
Um dos mitos em relação à artrite é que ela seria uma enfermidade exclusiva dos idosos. Os primeiros sintomas costumam se manifestar entre os 30 e os 40 anos, em plena idade produtiva, ameaçando a realização das atividades diárias e a vida profissional e social do paciente.
O levantamento feito pelo Instituto Ipsos ouviu 144 pessoas com diferentes doenças autoimunes, em escutas online com 30 minutos de duração, entre o fim de 2020 e o início de 2021.
A maioria (54%) do total de entrevistados com artrite reumatoide relatou uma peregrinação por quatro ou mais médicos até que a doença fosse corretamente identificada. Mais de um a cada cinco pacientes (21%) não foi diagnosticado por um reumatologista.
“Em geral, existe um desconhecimento sobre os sintomas da artrite reumatoide. É importante saber reconhecer os sinais de possíveis alterações nas articulações e ter em mente que o reumatologista é o profissional mais indicado para investigar esse quadro, iniciando o tratamento o quanto antes”, afirma Dawton Torigoe, chefe de reumatologia da Santa Casa de São Paulo.
Os principais sintomas são dor, inchaço e aumento da temperatura nas articulações, rigidez matinal, nódulos de tecido sob a pele dos braços (nódulos reumatoides), fadiga, febre e perda de peso.
Por ser uma doença incapacitante, que causa dor e que costuma demorar para ser diagnosticada e tratada, a artrite pode causar sintomas de depressão e de ansiedade nos pacientes. Na pesquisa do Instituto Ipsos, 13% relataram ter depressão, desânimo e dano psicológico.
Diferentes fatores mencionados pelos pacientes, como o afastamento das atividades sociais, a interrupção das práticas esportivas e o abalo na vida profissional, podem impactar na saúde mental dessas pessoas.
Os dados corroboram com os achados científicos que reforçam a ligação entre a enfermidade e quadros depressivos. Estudos revelam que a prevalência de transtornos depressivos em portadores da doença varia entre 13% e 47%, de acordo com o tamanho e as características das populações analisadas.
Torigoe revela que dos 900 pacientes com artrite reumatoide que atende na Santa Casa, 5% fazem acompanhamento psiquiátrico.
Alguns trabalhos apontam que a depressão teria um efeito direto sobre as citocinas, substâncias que estimulam o processo inflamatório relacionado à artrite reumatoide. “Especialmente neste contexto pandêmico, já permeado por fatores estressores para grande parte das pessoas, estimular o cuidado multidisciplinar do paciente reumático, com grande atenção à saúde mental, é muito importante. Vale destacar que o transtorno mental também pode interferir na adesão ao tratamento, agravando o quadro”, explica Torigoe.
Além do reumatologista, os pacientes que têm depressão e ansiedade devem procurar tratamento psicológico ou psiquiátrico. O médico observa também que o exercício físico e a fisioterapia (quando há um comprometimento maior das articulações) melhoram não apenas os sintomas da artrite, mas também a saúde mental dessas pessoas.
“Estamos falando de uma doença crônica e progressiva. Sem tratamento, a artrite reumatoide pode limitar a realização de atividades básicas do dia a dia, como escovar os dentes ou pentear os cabelos”, exemplifica Torigoe.
Embora não exista cura para a doença, ela pode ser tratada com as chamadas DMARDs (drogas antirreumáticas modificadoras de doença), anti-inflamatórios e imunossupressores.
Pessoas que foram diagnosticadas com artrite reumatoide relataram
- Dificuldade de locomoção – 75%
- Perda de autonomia para as tarefas do dia a dia – 50%
- Parou de sair, ir a festas, ficou mais em casa – 38%
- Parou de praticar atividade física – 29%
- Impacto no trabalho (redução de horas, mudança de função) – 29%
- Parou de trabalhar, aposentou-se – 21%
- Teve depressão, desânimo, dano psicológico – 13%
- A vida mudou totalmente – 13%
- Abandonou os estudos ou foi prejudicado nos estudos – 13%
- Foi demitido – 8%
- Aprendeu a conviver com dor – 4%
- Mudança ou melhoria no hábito alimentar – 4%
- Outros – 29%