Covid e estresse causam queda de cabelo; especialistas explicam

Um estudo publicado pelo Journal of the American Academy of Dermatology, feito por um grupo internacional de pesquisadores e divulgado em agosto deste ano, aponta que houve um aumento de 400% nos casos de queda de cabelo desde o início da pandemia da Covid-19.

Os processos inflamatórios e infecciosos provocados pelo coronavírus alteram o ciclo capilar e aumentam a queda, condição conhecida como eflúvio telógeno, explica o médico e cirurgião capilar Thiago Bianco.

“O ciclo capilar é composto por quatro fases: anágena, quando há o crescimento das hastes pilosas, catágena, fase intermediária do ciclo, telógena, caracterizada pelo envelhecimento do fio, e a exógena, quando o cabelo cai.”

“Nos casos de Covid, há uma aceleração para a fase telógena, antecipando a troca dos fios, o que leva a uma diminuição do volume”, diz Bianco.

Rodrigo Cintra, cabeleireiro e um dos apresentadores do programa Esquadrão da Moda, do SBT, conta que 60% das suas clientes que tiveram Covid-19 reclamaram da condição. “Queda de cabelo mexe totalmente com a autoestima das mulheres. Elas chegam ao salão bem tristes”, relata.

A psicóloga Anaclaudia Zani Ramos ressalta que, além do processo físico da doença, as pessoas contaminadas enfrentam estresse e ansiedade com medo do agravamento do quadro, o que também pode acelerar a perda dos fios.

“Doenças emocionais também têm consequências sistêmicas, como taquicardia, sudorese e manchas na pele, além da queda de cabelo. Há um desequilíbrio hormonal no organismo”, observa.

Nesses casos pode ocorre a alopecia areata, que é a queda de cabelo causada por doenças autoimunes ou desencadeada por fatores emocionais, diz Ramos.

Bianco afirma que quando a perda dos fios acontece em decorrência de doenças infecciosas, como a Covid-19, ou por transtornos psicológicos, ela é reversível.

“O tratamento pode ser feito por suplementação de micronutrientes envolvidos na síntese das hastes pilosas para estabilizar e acelerar o processo de recuperação e desenvolvimento da nova cobertura capilar”, explica.

O médico afirma que não há nenhuma orientação específica quanto a restrições no uso de tinturas ou outras químicas. “Para inibir o desenvolvimento da condição é preciso identificar e tratar a causa base da queda dos fios.”

Cintra tem a mesma posição. “A queda não é um processo externo. Uma química pode quebrar o cabelo, mas não faz cair”, diz

“O que não pode deixar de fazer é lavar os cabelos como de costume. A falta de lavagem correta pode acarretar no aumento da oleosidade e piorar o quadro”, destaca.

No salão, o cabeleireiro realiza uma purificação no couro cabeludo. “Como a Covid-19 causa um processo inflamatório, é o que temos de ferramenta para manter essa região mais saudável.”

Ele afirma também que sempre aconselha seus clientes a procurar um médico. “É importante identificar por que o coronavírus causou a queda. Pode ser que outros fatores se somaram com à Covid. Por exemplo, a pessoa pode estar com a taxa hormonal alterada ou com baixa taxa de ferro e ferritina. Fazer um check-up com exames de sangue resulta em um diagnóstico mais certeiro.”

Ou seja, quando a pessoa notar que está perdendo muitos fios, é importante procurar um especialista, como um dermatologista ou tricologista, para receber um diagnóstico correto e fazer um tratamento adequado.

Se houver suspeita de que a causa pode ser por fatores emocionais, é preciso consultar um psicólogo ou psiquiatra.

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