Datafolha mostra que 64% dos trabalhadores não recebem nenhum benefício para cuidar da saúde mental

Uma pesquisa Datafolha encomendada pela Zenklub, plataforma de saúde mental, mostrou que 64% dos trabalhadores brasileiros não receberam nenhum benefício de seus empregadores para cuidar da saúde mental.

O levantamento foi realizado presencialmente, entre os dias 2 e 7 de agosto, com 1.197 pessoas que trabalham e têm a partir de 18 anos, de todas as classes econômicas, conforme critérios da PNAD 2019 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Os entrevistados são moradores de 129 municípios, espalhados pelas cinco regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

O objetivo da pesquisa é entender o impacto da pandemia da Covid-19, que começou em março de 2020, na saúde mental dos trabalhadores no país.

Embora 64% dos entrevistados não recebam nenhum tipo de benefício para tratar a saúde mental, quando questionados se recursos como terapias online e treinamentos sobre habilidades emocionais podem ajudar a lidar com os impactos da pandemia, 86% disseram que sim.

O Datafolha identificou que 61% dos entrevistados afirmaram ter com sobrecarga de trabalho nos últimos 12 meses. Quando questionados sobre os sentimentos que vieram à tona no período, os trabalhadores afirmaram que tiveram ansiedade (66%), exaustão ou muito cansaço (61%), insônia ou dificuldade para dormir (54%) e depressão (26%).

A depressão esteve mais presente entre os entrevistados que têm filhos (28%), enquanto a ansiedade entre aqueles que não têm filhos (69%). Os dados também trouxeram que quanto mais jovem, maiores são os sintomas de exaustão e cansaço: 70% entre pessoas de 18 a 24 anos e 67% entre aqueles de 25 e 34 anos.

Entre as mulheres, todos os índices foram significativamente maiores se comparados aos dos homens. Por exemplo, quanto à depressão, 33% das mulheres disseram ter sentido sintomas da doença, enquanto 21% dos homens deram respostas afirmativas.

A amostra é representativa do público pesquisado, sendo 53% homens e 47% mulheres, todos economicamente ativos e com uma renda média familiar mensal de R$ 4,100, composto principalmente por assalariado registrado (35%), freelancers ou bico (22%) e autônomo regular (15%).

Quanto à classe econômica, os respondentes eram de todas as classes sociais, sendo A (4%), B (24%), C (48%) e D/E (24%).

Entre aqueles que têm um chefe no local de trabalho, a maioria (73%) respondeu ter abertura para falar de saúde mental com o superior. Mulheres se sentem menos confortáveis (32%) do que os homens (23%) para falar sobre o tema com seus chefes. O mesmo ocorre entre os mais jovens, de 18 a 24 anos (41%) e  pessoas que se sentiram sobrecarregadas durante a pandemia (31%).

“A quantidade de pessoas com acesso a benefícios corporativos de saúde emocional é baixa, ao mesmo tempo em que a consciência que os trabalhadores têm da importância do oferecimento desses benefícios é grande”, afirma Rui Brandão, cofundador e CEO do Zenklub.

Para Brandão, cada vez mais esse ponto passará a ser colocado na balança, tanto quando um profissional escolhe uma empresa para trabalhar, quanto quando decide permanecer ou não numa empresa.

“É urgente que líderes, gestores e profissionais de recursos humanos acolham essa necessidade e ajam sobre ela. Quando acolhemos as pessoas em toda a sua complexidade, todos ganham”, observa Brandão.

Para ajudar as empresas e os trabalhadores a lidarem com questões de saúde mental no ambiente de trabalho, o Zenklub criou o Guia Prático para Saúde Mental e Trabalho no Pós-Pandemia, que está disponível para download gratuito no site zenklub.com.br/setembro-amarelo.

O manual traz dicas práticas de especialistas, além de exemplos e reflexões que podem ajudar no cuidado com a saúde mental dos colaboradores em diferentes níveis hierárquicos, abordando desde os impactos de reuniões virtuais e da volta ao escritório, até como lidar com o luto, casos de depressão e burnout.

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